Capítulo 22

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Canalha

No dia seguinte, logo que eu acordei fui comprar o remédio pra Bárbara tomar, não tinha gozado completamente dentro, deu tempo de tirar, mas eu não queria arriscar ser pai na nossa atual condição.

Eu tinha ganhado um vácuo bonito na noite de ontem, quando perguntei se ela tinha chegado bem em casa, e se queria que eu buscasse ela pra gente dormir junto, nas escondidas.

A Babi nem me respondeu, e pô, fiquei puto e nem quis dormir sozinho também. Fechei os olhos e sorteei qualquer uma que tava pro crime, e mandei brotar na base.

O cara tenta ser maneiro e só se fode!

Sofrendo por uma e comendo outra. Era o meu lema de vida, porque uma parada não tem nada a ver com a outra.

Não consegui entregar o remédio pra danada o dia inteiro, o Grego aloprou nossa mente com o baile e foi só corre louco, até que o sol fosse embora, e começasse a escurecer.

Eu ainda estava na contenção, e já via vários pessoal subindo o morro, uns morador, outros visitantes, ainda era cedo demais pra quem ia curtir o baile.

Galego: Ae, Canalha... - ele me chamou.

Tirei os meus olhos da entrada do morro, pra olhar pro parceiro, que apontou pra trás dele, com a cabeça.

A Babi estava descendo a escadaria com a maior cara fechada.

Apertei a AR-10 na mão, engolindo seco.

Vai cachorro. Deita pra ela passar!

Quando ela chegou perto da gente, fez um toque com o Lucas e colocou a mão no bolso da calça, me encarando.

Bárbara: Posso falar contigo?

Canalha: Agora? - tentei fazer charme, mas ela concordou com a cabeça, mantendo a postura e eu perdi a minha - Bora ali.

Ouvi a risadinha do meu chapa, e os outros caras olhando sem entender nada. A Bárbara não falava comigo na frente das pessoas, só se fosse pra xingar.

Depois de uns metros mais pra frente, onde ninguém conseguia ver a gente, e já tinham parado de prestar atenção, eu entreguei o remédio pra ela que me olhou sem entender.

Bárbara: Será que precisa mesmo?

Canalha: Melhor não arriscar - ela concordou, e colocou a cartela com um comprimido no bolso - Queria o que comigo?

Bárbara: Esqueci de responder tua mensagem hoje. Ontem eu até vi, mas tava com muito sono e acabei dormindo sem conseguir responder - ela coçou a cabeça, respirando fundo - Foi mal.

Nem entendi. Ela tinha descido o morro todinho só pra me falar essa parada?

Canalha: Ta de boa, Babi.

Ela me olhou com deboche, controlando o sorriso.

Bárbara: Ta de boa um caralho, Renan. Conheço você!

Canalha: Fiquei puto mermo - admiti, quando vi ela desviando o olhar da minha cara e mordendo o lábio inferior - Mas a gente não tem nada, né não? Não posso te cobrar por caô nenhum.

Bárbara: Verdade. Se a gente tivesse alguma coisa eu teria te cobrado por ter dormido noite passada com a Valentina, irmã do Caolho, né não? - debochou.

Nem consegui controlar o meu sorriso. Foi tão espontâneo que quase rasgou o meu rosto.

Canalha: Tá com ciúme, amor?

Bárbara: O seu cu. Tô só reforçando que não pode haver cobrança, afinal, não temos nada.

Canalha: Hum. E tu tá reforçando essa parada por que mesmo? - perguntei sem entender, e não muito feliz com o rumo da conversa.

Ela me deu um sorriso safado e eu cruzei os braços.

Bárbara: Porque eu aceitei o convite do Padilha pra ir pro baile com ele - eu ia mandar ela ir se foder, mas ela foi mais rápida, e nem deixou eu falar porra nenhuma - E você não pode me cobrar nada, porque a gente não tem nada.

Canalha: Ai tu tá jogando sujo. Vai pegar o Padilha porque eu peguei a Valentina?

Ela negou.

Bárbara: Se eu pegar o Padilha, vai ser porque eu quero.

Bufei.

Canalha: Vou nem nesse baile, não quero perder a cabeça.

Tava bolado, papo reto. Garganta já tava queimando e eu realmente não iria pisar no baile pra não dar merda.

Tirei o meu olhar dela, encarando os manos na entrada do morro, mas o que eu vi não foi maneiro, e já veio logo me enchendo de ideia errada na mente.

Mandei a Alana ir pra casa e nem esperei, desci o restante da escadaria, indo pra perto do Galego, que peitava um velho barbudo e barrigudo que já devia ter uns sessenta anos na cara.

Canalha: Qual foi? Qual foi? Que que tá rolando?

Meti a minha pior cara pro velho nojento, apontando o fuzil bem na testa dele. Era só o Galego falar qual era a parada que eu atirava.

Eu adorava a confiança que a Babi me dava. Eu tinha mandado ela ir pra casa, mas é bem óbvio que ela não me ouviu. Senti as mãos dela tocando a minha cintura, mas continuando atrás de mim. Vi que ela tirou a glock que eu tinha ali, mas continuou com as mãos no meu corpo.

O velho encarou a minha gata, com a cara mais nojenta que eu já vi na vida, e eu empurrei tanto o cano da arma contra a cabeça dele, que o merda caiu com a bunda no chão, apertando os olhos de tanto medo.

Canalha: Tu quer morrer, filho da puta? Solta a voz, tu é quem? Qual teu nome?

- De-Denis. O meu nome é Denis!

Vi o Galego negando com a cabeça, mas nem consegui olhar direito pro meu parceiro, só continuei mirando no verme.

Canalha: E o que tu quer aqui, Denis?

Denis: Os meus filhos moram aqui. Quero ver eles.

Galego: Vai tomar no teu cu, velho. Os filhos que tu nunca deu moral a vida inteira? - ele gritou, metendo um chute na perna do homem.

Entendi menos ainda.

Canalha: O que que tá rolando, mano? Porra, calma caralho!

Bárbara: Quais são os nomes dos seus filhos? - ouvi a voz dela, saindo logo atrás de mim, mas nem olhei, pra não perder a minha postura.

Denis: Daniel e Alana. Me falaram que eles ainda estão morando aqui. Eu preciso de ajuda, preciso falar com eles. Me deixa falar com eles, por favor. Por favor. Por favor.

Criei coragem pra olhar pra Bárbara, e ela retribuiu na minha direção, mas deu de ombros. Estava tão confusa quanto eu.

Saturno Where stories live. Discover now