Capítulo 26

5.8K 522 104
                                    


Canalha

A cada vez que eu respirava fundo, tentando manter a calma, eu ficava mais puto. E mais puto. E mais puto. Porra, muito puto!

Tinha saído de casa, na força do ódio, já sabendo que eu ia me estressar pra caralho, mas me trajei todo arrumado no pique, pronto pra comer o pão que o diabo amassou, porque a mulher da minha vida tava no porte de um filho da puta.

Eu não tava nem entendendo a Bárbara, quando eu cheguei, procurei por todo canto, mas nem toquei no nome dela, não queria que ninguém percebesse. Quem me deu o papo foi a Beatrice, que disse que a Bárbara nem quis ficar no camarote com eles, e saiu sem dar satisfação nenhuma.

O camarote dos parceiros estava cheio, ouvi umas duas minas falando pro Ganso que não tinham ido pra lá antes, porque estavam no camarote do Padilha, mas ele mandou todo mundo sair quando a filha do Ret e da Alana chegou.

A Bianca não era.

Então só podia ser a minha Babi.

Hiperventilei quando ouvi essa parada. O ar nem era o suficiente pra me manter vivo, pô, sem neurose. E o bagulho ficou pior ainda quando eu encontrei o camarote do arrombado do Padilha, e vi a Bárbara se esfregando nele, toda doidona.

Não precisei de mais de quinze minutos olhando pra saber que ela tava MUITO doida. Nem era a Bárbara, era a bebida, ou a droga, falando. Mas isso não me fez ficar menos puto com ela, se foi parar ali, foi com as duas pernas e foi porque quis, então que segurasse o b.o.

Beatrice: Pô, Canalha, fica assim não. Vai curtir tua noite... a Babi tá curtindo.

Canalha: Ta curtindo? Aquilo ali é curtir desde quando? - perguntei, apontando com a cabeça. Ela nem tava conseguindo ficar em pé.

Beatrice: Ela tá louca, né - fez careta, olhando pra melhor amiga - Sei lá... eu não sei o que deu nela.

Canalha: Foda-se. A Bárbara que lide com as merdas que ela arruma pra ela - deixei um beijo na cabeça da Beatrice, e dei mais uma olhada pro Padilha, que sorria feito o filho da puta que era, agarrando a Babi e beijando o seu rosto - Ela não é a fodona? Então sabe onde tá se metendo.

Preparei um copão pra mim, e fui pro estofado do camarote, sentar um pouco e ficar longe daquela grade que tava me dando dor de cabeça.

Consegui relaxar um pouco, quando a Amanda sentou com a bunda nas costas do estofado, ficando com as penas bem do lado do meu corpo, e começou a murmurar várias paradas no meu ouvido. A Ingrid e Iolanda, já vieram jogando a bunda pro pai, ao som da música, e eu acendi um balão, jogando a fumaça pro ar e descendo o copão.

Rolou beijo em grupo, triplo, duplo, beijo delas, beijo em mim, rolou o pai sarrando nas três, rolou as três quase sem roupa e uns trinta minutos depois eu resolvi que tava relaxado o bastante pra arrastar elas pra um quartinho.

Nem deu outra, na descida dos camarote o meu olhar me traiu completamente e eu vi a Bárbara descendo as escadas, agarrada com o pescoço do Padilha, que puxava ela pela cintura, mas também sorria.

Deixei as três de lado, e perdi toda a paciência que eu tinha, indo pra cima dele.

Empurrei o desgraçado, mas a Bárbara tava tão sem força, e tão chapada, que quando o Padilha cambaleou pra trás com o susto, ela caiu com a bunda no chão.

Padilha: Tu tá maluco, porra? - ele tentou vir pra cima de mim, mas eu já tava puxando a Bárbara pra ficar de pé, e segurando ela de frente pra mim - Que que tu tá fazendo, Canalha? Se liga, mano. Ela tá comigo.

Canalha: O que que tu fez? - perguntei pra ele, mas olhando pra ela, que me encarava com a pior cara de brava, mas mesmo assim parecia estar alucinando - Porra, Bárbara, que caralho tu tá fazendo?

Padilha: Para de se meter na vida da Babi, Canalha. Todos os foras que tu já levou dela, não serviu pra nada? - perguntou, me fazendo olhar pra ele - Vai ficar bancando o papaizinho até quando?

Canalha: Tu drogou ela, não drogou?

Bárbara: Canalha - a voz bêbada, fraca e completamente embreagada atraiu a minha atenção - Vai se... eu te odeio. Você é um Canalha. Ca-na-lha!

Canalha: Cala a boca, Bárbara. Amanhã nós conversa - tentei puxar ela pra andar, mas ela me soltou, pra se afastar e ir pro lado do Padilha, que segurou ela de novo - O que tu tá fazendo, garota?

Bárbara: Não gosto de você - ela apontou com a cabeça para o trio de meninas atrás de mim - Elas gostam.

Eu concordei com a cabeça, soltando uma risadinha.

Canalha: Só me responde uma coisa, tu tá fazendo isso por que tu quer? - vi ela quase fechando os olhos, mas concordou com a cabeça - Fala, Bárbara. Só vou te deixar em paz depois que eu ouvir.

Padilha: Ela já falou. Tu é deficiente, meu parceiro?

Bárbara: Eu não quero... - ela apertou os olhos fechados, e eu senti o meu coração bater mais rápido achando que finalmente ela ia falar a verdade e eu ia conseguir me mandar dali com ela - Não quero gostar de você. Não gosto de você. Não quero ficar com você.

Eu assenti, e nem pensei duas vezes antes de dar as costas e voar pra fora do morro, pra me drogar pra caralho em qualquer canto onde eu pudesse curtir a minha onda na paz e sozinho.

O papo era esse. O Canalha cachorrinho acabou.

Tava pouco me fodendo se ela tava bêbada, chapada ou drogada. O b.o era dela, então que sustentasse!

Saturno Where stories live. Discover now