Fondre

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derreter(verb.): converter ao estado líquido ou pastoso; tornar terno ou emotivo; exceder-se na expressão dos sentimentos, desfazer-se em zelos, mimos amabilidades; enamorar-se, encartar-se; dar fim a.

"Ele era o segundo boneco de neve a derreter diante de seus olhos, só que esse era diferente. Era um paradoxo. Quanto mais frio ficava, mais derretia." - Markus Suzak

Antes mesmo de abrir os olhos, Camila tateou a cama em busca do gato dos infernos que tinha como passatempo assustá-la em todas as manhãs. Ao constatar sua ausência, sentou na cama e se espreguiçou longamente com um sorriso bobo no rosto. Foi então que notou Amon sentado no batente da janela, com os olhos baixos e uma mancha branca na cara, a garota soltou um riso.

-Hoje não, Satanás. -O bichano balançou o rabo e desceu, saindo das vistas de Camila, mas logo pulou na cama, miando e se esfregando em seu colo.- Sai de mim, sai, sai, sai, sai! -O gato continuou imóvel no meio de suas pernas e ela soltou um rosnado derrotado.- Que porra é essa na sua cara? Se afogou no leite? -Ele a olhou de um modo que ela poderia até julgar amigável e lambeu sua mão.- Ew, tá melado! Sai da minha cama, sai! -Empurrou o bicho até que ele caísse e pôde jurar que ele olhou feio pra ela.- Nem vem que hoje nem você consegue estragar meu dia... Gato de Satanás!

Assim que o gato saiu do quarto, Camila se jogou na cama novamente com aquele mesmo sorrisinho bobo.

A noite com a missy foi mais longa do que ela imaginaria e ela estava de volta no abismo sem retorno. Lauren foi doce, amigável e gentil, estava risonha, carinhosa e mais falante do que nunca, a garota não sabia o que tinha causado esse comportamento mas agradecia a todos os santos e divindades pela noite perfeita.

Eram duas horas da manhã e elas ainda estavam assistindo as Perseidas, deitadas na laje e Lauren encolhida em seus braços, cochilando vez ou outra e a abraçando como se fosse um porto seguro. O maxilar da garota doía de tanto sorrir. Às três da manhã, Lauren havia pegado num sono pesado e a garota decidiu que já estava na hora de ir pra casa, acordou sua missy e a auxiliou cuidadosamente escada à baixo. Fizeram o caminho de volta num silêncio tão profundo quanto na ida mas dessa vez, era totalmente bem vindo e confortável, já que a Lauren sonolenta não se importava de caminhar com as mãos entrelaçadas, muito menos de apoiar a cabeça no ombro de Camila de vez em quando. Elas andavam arrastadamente pelas ruas escuras e desertas e a garota decidiu que seria melhor acompanhá-la até em casa e assim o fez:

-Você me trouxe até aqui mas quem vai contigo até em casa? -Lauren perguntou num tom de voz sonolento, doce e preocupado, Camila acariciava seu rosto enquanto estavam paradas em sua porta.

-As estrelas. -Apontou pra cima e Lauren uniu as sobrancelhas em preocupação.- Não se preocupe, em quarenta minutos estarei em casa.

-Mas está muito tarde pra você andar sozinha por aí e é muito longe.

-Sou cria do Rio de Janeiro, sei me virar de noite.

Ficou na ponta do pé e beijou a testa da missy, mas foi pega de surpresa pelas mãos frias dela em seu rosto, segurando-o delicadamente e antes que pudesse até piscar, Lauren rossou seu nariz no dela varias vezes num longo beijo de esquimó.

-Toma cuidado. -A missy disse meio grogue e Camila riu ao ver que ela lutava contra o peso dos próprios olhos.

-Fique tranquila. -Ela beijou o canto da mão de Lauren que segurava seu rosto e a missy assentiu, rossando os narizes mais uma vez e sorriu de olhos fechados.- Boa noite, Lauren. -A missy desceu a mão de suas bochechas até seus ombros, dando-lhe leves tapinhas amigáveis que a fizeram rir. Lauren estava caindo de sono.

Spring AwakeningWhere stories live. Discover now