Grandir

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crescer (verb.): desenvolver progressivamente após o nascimento ou até antes dele; aumentar geralmente de modo progressivo; desenvolver-se (em determinado estado ou condição); ganhar maior qualidade, valor moral, intelectual ou estético; progredir, prosperar; tornar-se amadurecido, independente; avançar ou investir contra (alguém).

"Se alguma coisa te opõe e te fere, deixa crescer. É que estás a ganhar raízes e mudar. Abençoado ferimento que te faz parir de ti próprio." - Antoine de Saint-Exupéry

O amor é um sentimento deveras intenso para que possa ser descrito em meras palavras que não passam de símbolos acumulados numa junção de significados. O amor é em si uma junção de todos os significados que existem, assim como as cores todas juntas formam o branco, o amor é a junção de todos os sentimentos em apenas um. Como se poderia descrever em palavras finitas todos os infinitos existentes dentro de nós? No dia em que o infinito for descrito com palavras finitas, ele perderá todo o seu sentido. Pois assim é o amor, ele simplesmente é, sua forma de ser é indefinida, pois ele é único em cada um de nós.

O amor manifesta-se de forma diferente em cada um de nós, porém, uma vez contaminados por tal vírus inexterminável, apresentamos todos os mesmos sintomas. Os sorrisos bobos, as borboletas no estômago, as mãos suando, a risada nervosa, as bochechas quentes e os olhos brilhando. Não existe nenhum apaixonado que não tenha passado por isso, independente da forma de amor que sentia e como sentia. O amor é uma doença sem cura, e uma vez contaminado, ele vai existir em você pelo resto da vida, por mais que negue isso até a morte.

O medo da despedida é um dos sintomas mais fortes do amor, e é algo tão intenso que qualquer possibilidade da ausência da pessoa que se ama nunca é sequer cogitado. Amar é extinguir o singular e se deixar viver no plural, onde sem a sua outra parte, você não quer estar de jeito nenhum. E quando Camila se viu obrigada a despedir-se de Lauren, ela teve medo de voltar ao seu solitário singular.

De mãos dadas com a missy, Camila seguia de cabeça baixa pelo aeroporto, nem se dando ao trabalho de ouvir o que seus amigos conversavam atrás de si. As duas estavam em sua bolha de silêncio e mesmo sem dizer nada, compreendiam-se muito bem naquele momento.

Se não fosse estritamente necessário, a garota não cogitaria nem a mínima possibilidade de sair de perto de sua noiva, mas lá estava ela, sem nenhuma saída senão voltar para o seu país e fazer o que havia de ser feito. Independente de todo e qualquer ressentimento, Sinuhe era sua mãe e mesmo querendo não se deixar abalar pelo o que havia acontecido por ela, a voz de seu pai ecoava em sua mente, dizendo que sangue era sangue mesmo se o coração deixasse de ser. Ela tinha uma obrigação para com a sua mãe e isso era maior do que a necessidade que tinha de estar com Lauren agora.

Já estavam na entrada da área de embarque e tinham apenas dez minutos, portanto, não houveram muitas delongas até que Lauren se jogasse nos braços da brasileira, abraçando seu pescoço com os dois braços, deixando que ela se apossasse de sua cintura e escondesse o rosto em seu pescoço.

-Vê se volta logo. -Lauren murmurou baixinho, apertando a garota com todas as forças que tinha.

-Eu não vou demorar. -Camila separou o abraço com muita relutância, segurando o rosto da missy para olhar dentro de seus olhos verdes, seus verdes de inverno.- Não vai dar nem tempo de sentir minha falta, vou voltar pra você antes que termine de ler o meu diário.

-Você não vai ficar dando mole pras piranhas de biquini, né? -Lauren perguntou toda manhosa numa tentativa de sorriso e Camila riu, negando com a cabeça.- Nem vai ficar olhando pra elas da janela, porque eu sei que você mora de frente pra praia.

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