Encre

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tinta (s.f.): substância constituída de um corante e de um aglutinante (ou de um coloide) e usado para pintura; substância em estado líquido ou pastoso, usada para tingir, escrever ou imprimir; produto corante contido em certos frutos, muitas vezes na casca, bem como em certos animais; matiz resultante da mistura de duas ou mais cores; conjunto de cores; cor, tom, colorido.

"A medida de um homem é feita de momentos, disseminados como respingos de tinta sobre o tecido da vida." - Kristin Hannah

Camila serviu chá em cada uma das quatro xícaras antes de colocá-las na bandeja de porcelana e caminhar até a sala com um sorriso um tanto quanto polido. As três mulheres a fitaram de forma entediada e desacreditada, Normani foi a primeira a bufar, sem aguentar mais toda aquela coisa.

-Se você me fez vir aqui seis horas da manhã só pra tomar chá com você, eu realmente não vou poupar esforços pra enfiar a porrada na sua cara. -A negra disse em sua casualidade impaciente, o semblante exausto deixando bem claro que ela não dormira por conta do horário de trabalho.

Dinah assentiu, concordando com a negra que acabara de conhecer. Ally soltou um bocejo, rolando os olhos e Camila sentou do lado da bartender soltando um suspiro, juntando as mãos sob o colo, dando a entender que a história era longa.

-É bom isso ser bem sério, porque se for algum tipo de brincadeira, Camila... -Dinah começou num rosnado e a garota respirou fundo, negando com a cabeça.

-É óbvio que é sério, eu não ia chamar as três aqui pra porra nenhuma. -A garota disse em obviedade e a Chef rolou os olhos de forma interrogativa na direção do chá.- O que? Eu achei que vocês podiam querer, sei lá, foi pra ser mais cordial. -Deu ombros e dessa vez foi a negra quem revirou os olhos.

-Prossiga. -Ally finalmente se manifestou.

A garota encolheu os ombros e respirou fundo mais uma vez, maneando os pensamentos em busca das palavras mais adequadas, até que os olhares ansiosos tornaram-se pesados demais sobre si e ela soltou num escorregão de palavras:

-Eu quero casar com a Lauren.

Normani cuspiu todo o seu chá no tapete e as patroas da brasileira se entreolharam com os olhos arregalados e sorrisos nervosos.

-Você o quê?! -Normani disse numa gargalhada descrente. Amon surgiu no corredor, todo eriçado e a bartender apontou para o bichano.- Até o gato ficou sem entender porra nenhuma, você faz o favor de repetir porque eu acho, estou com a leve impressão de que escutei as palavras erradas.

-Camila, você... Eu acho que você... -Ally começou com gestos amenos mas a garota a interrompeu negando a cabeça com veemência.

-Eu sei que parece precipitado mas...

-Parece não, meu amor, é precipitado. -Normani disse em seu riso nervoso, negando com a cabeça.- Ela não aceitou nem o seu pedido de namoro e você está pensando em pedi-la em casamento? -Dinah deu um tapa repreensivo no braço da amiga de Camila, mas ela não se interrompeu.- Camila, não.

Camila fechou a expressão e voltou o olhar repleto de expectativa para as melhores amigas de sua missy. Ally soltou uma lufada de ar e fez uma careta nervosa antes de começar a falar.

-Eu apoio totalmente o relacionamento de vocês, você sabe disso, mas... -Se interrompeu num suspiro ao ver a garota unir as sobrancelhas de forma apelativa.- Ok, eu não vou dar um veredito antes de entender a situação...

-Não tem nada de muito extraordinário pra entender, Camila quer pedi-la em casamento. -Dinah disse como se fosse óbvio e Ally arregalou os olhos assentindo em sua direção dando a entender que aquilo era justamente o que ela queria entender.

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