EPÍLOGO

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Meus pés funcionam no automático desde o início da tarde, esqueço do celular, de avisar para Nathan, Sammy ou qualquer outra pessoa sobre a minha localização, que estou segura. Nem mesmo sei se me sinto segura, gostaria de ter aceitado a sugestão de ter chamado o meu marido, porém, ainda tenho o costume de lidar com certas situações sozinha. E essa é uma das mais importantes. Não lembro de como decidi que era uma boa ideia ir à procura de um último presente de Natal, sendo que faltam poucos dias para uma das datas favoritas do advogado, que reúne muita comida das nossas mães e presentes.

Sinto uma vontade quase incontrolável de vomitar enquanto caminho no shopping perto do nosso apartamento, rodeada de pessoas que não conheço, no entanto, me controlo, afinal, meu único objetivo é voltar para casa, tentar lidar com as consequências do meu sumiço. A caixa com um laço vermelho pesa as minhas mãos, mesmo que seu conteúdo seja muito leve. Acomodada novamente no meu mini cooper, respiro fundo e quando chego à conclusão de que vai ser difícil acalmar o coração acelerado, a euforia, é possível raciocinar mais normalmente, me concentrando na estrada movimentada.

Ligo a seta para sinalizar que vou entrar em nosso pequeno e aconchegante condomínio, um pouco aliviada por não ver uma viatura de polícia, contudo, ao passar pelo porteiro, logo fui informada que o Nathan está a minha procura, aparentemente muito preocupado. Preciso ser firme em pedir que não o avise sobre o meu aparecimento. Usando o seu carinho por mim a favor, consigo fingir de que está tudo bem e tranquilizá-lo. Pelo menos ele finge acreditar. O trajeto até o nosso apartamento torna-se longo para a minha mente agitada, automaticamente minha mão desocupada busca a minha barriga. Sinto-a repuxar de nervosismo.

Franzo o rosto ao sair do elevador e ver a porta da minha casa entreaberta, em seguida vem a culpa, pois, isso é mais um sinal de que estou em apuros. Paro diante a porta, conto até três e entro, ouvindo um abrir e fechar com força, enquanto a voz preocupada de Nathan fala.

- Como não vou me preocupar, Susan? Ela está estranha a semana toda e do nada some? Enviei umas mil mensagens e ela se quer visualizou. - Ele está de costas, com o celular grudado no ouvido, mexendo nos balcões da cozinha sem pegar ou procurar nada. - Vou esperar mais meia hora, se não receber nenhuma notícia, vou procurar a polícia.

Longe da rotina do escritório durante as comemorações no final de ano, McCain veste uma calça jeans escura, suéter de lã azul marinho e tênis, o que indica que está preparado para me caçar na cidade. Me distraio em admirar sua forma física, esquecendo de me preparar para dar as melhores desculpas quando notar a minha presença.

- Diz para o Blane que é uma péssima ideia falar para os pais deles sobre isso, preciso me concentrar em encon... - Subitamente para de falar ao girar o corpo para a direção na porta, onde continuo parada e em seu rosto posso encontrar vários sentimentos. A última coisa que ele quer é conversar calmamente. - Ela chegou, está aqui na minha frente agora.

Ciente de seus olhos acompanharem cada movimento meu, fecho a porta para evitar que algum vizinho seja testemunha do sermão que vou receber e tiro meus sapatos, para andar de meia até cento da sala.

- Pode ter certeza que vou descobrir isso agora e sim, vou passar o recado de todo mundo para ela. Falo com você depois.

Encerrou a ligação antes de colocar o celular na bancada e noto que está em um conflito de como deve reagir.

- Oi.

Meu tom de voz sai trêmulo e envergonhado, desejando um abraço seu, que me dê mais uma vez a sua segurança de que tudo sempre acaba bem. No entanto, freio essa vontade, ainda não é hora.

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