CAPÍTULO II

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Talvez essa tenha sido a primeira vez em anos que não acordo ao som do despertador ou já em mente a lista do que preciso fazer no dia, muito menos deitada em uma cama que não é minha. Mesmo no fim de semana, sempre me certifiquei de acordar no mesmo horário e na minha própria cama, até mesmo quando estava com o Ryan. Sempre exigi meu próprio espaço na maior parte do tempo.

Espreguicei-me sob os lençóis, que cobrem a minha nudez. Fora uma noite tão quente que decidi dormir vestindo absolutamente nada, já que com a porta trancada, não teria perigo nenhum do meu irmão me ver pelada ou ele. Pensar no homem que dorme no quarto ao lado me fez bufar ao mesmo tempo em que me mexi para sair da cama. Fiquei um pouco tonta por levantar rápido, assim que a visão voltou ao normal, caminhei até o banheiro anexado ao cômodo para tomar banho e todas as outras coisas que costumo fazer pela manhã.

Mesmo não tendo intenção de nadar no lago, vesti o biquíni por baixo do vestido soltinho, calcei um par de sandálias e sai do quarto, sorrindo ao sentir o cheiro de café atingindo as minhas narinas enquanto desço a escada. Não ouvi nenhuma conversa, nenhuma risada vinda da cozinha, o que causou um grande estranhamento. Por um momento pensei que havia sido abandonada por eles, mas assim que cheguei na porta, entendi o motivo do silêncio.

Os dois homens que tanto se vangloriaram da sua experiência em beber - porém me lembro que cometeram o erro de misturar tudo – estão sofrendo de uma poderosa ressaca. Meu irmão e Nathan usam óculos escuros, assim como tentam se comunicar com sinais entre eles. Susan ri em silêncio, ao mesmo tempo em que termina de pôr a mesa do café sem barulho. Algo me diz que ambos imploraram por isso.

É claro que não pude perder a oportunidade de irritá-los um pouquinho.

- Bom dia, pessoas! Está um lindo dia, não concordam?

O tom de voz saiu propositalmente alto para os ouvidos pós bebedeira deles, que reclamaram em meio a resmungos e gemidos.

Porra, mana!

Blane levou as mãos até a cabeça como se estivesse prestes a explodir.

- Não, não concordo! Enquanto a minha audição continuar sensível, a cabeça quase explodindo e não conseguir ficar sem óculos porque está tudo claro demais, o dia está péssimo. - meus olhos caíram no advogado, que agora se mostra rabugento, lembrando muito de quando o conheci - Já vou deixar avisado que não vou ser uma boa companhia hoje.

Ergui as sobrancelhas e fingindo pura inocência, perguntei:

- Só hoje?

Tenho consciência de que não há motivo para provocá-lo, entretanto hábitos são difíceis de largar e Nathan nunca parece querer fugir de um desafio, na verdade desde ontem, notei que se diverte com nossos diálogos nada amigáveis. Sentei na cadeira ao lado do meu irmão, ficando em frente ao meu rival na arte de retrucar e aguardei ele levantar um dedo médio na minha direção. Demorou alguns segundos para me dar uma resposta e quando o advogado fez na frente da nossa plateia de duas pessoas, me deixou desconcertada.

- Kay, alguém já te falou que você fica linda se fazendo de megera?

Isso fez com que os outros dois pares de olhos na cozinha preste atenção nele e no que diz.

- Se fazendo de megera? Seu...

O meu irmão, ressurgindo da sua mudez pela ressaca, cortou a minha fala.

- Você está tentando flertar com a minha irmã, cara? Na minha frente?

Nathan ergueu as mãos em sinal de rendição, como se fosse alguém inocente, que estava apenas contra-atacando.

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