CAPÍTULO VI

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Houve muitos palpites e discussões sobre qual seria o filme escolhido, dado que o pai dos anfitriões possui uma infinidade de títulos na sala de cinema da cabana. E ao que tudo indica, ele tem mais uma porção em sua casa. Além de sempre manter a assinatura da Netflix em dia. Não pude conhecer muito o pai da Nathan, mas o pouco que já ouvi dele e conversei na única vez que o vi, já é possível ter uma ideia do quanto o homem é uma figura notável. Depois de quase 30:00min de um recusando a proposta do outro, todos concordamos em assistir um suspense clássico, Silêncio dos inocentes. Enquanto Susan foi buscar a pipoca e as bebidas com o advogado, Blane e eu arrumamos a sala, pegando duas mantas, fechando as janelas para não entrar o vento gelado da noite. Por coincidência ou não, é a primeira noite que faz frio desde que cheguei, o que é ótimo. Assistir filmes debaixo do cobertor é melhor ainda, com o Nathan junto então. Mais um indício que seria uma ótima noite.

Tirei minhas sandálias, colocando-as posicionadas ao lado do sofá para não atrapalhar ninguém e me acomodei perto do braço do móvel. Estiquei o corpo até que as minhas costas se apoiassem no encosto estofado, mantendo as pernas esticadas. Praticamente deitei sobre o tecido macio. O meu irmão ficou parado na porta do cômodo, me observando com os braços cruzados.

- O que foi, Blane? Está tão sério.

Fingiu limpar a garganta e deu alguns passos para se aproximar.

- Sei que não ficou magoada, mas quero pedir desculpas pelo o que falei no jantar. - a sua feição transparece arrependimento.

- Eu te provoquei, então mereci o contra-ataque.

Balançou a cabeça discordando, antes de se sentar ao lado das minhas pernas. Toquei seu ombro, dando um aperto carinhoso no local, para mostrar que está tudo bem.

- Mesmo assim não foi legal da minha parte!

- Deixa pra lá, mano. Confesso que pretendia me vingar em algum momento, mas já que parece arrependido, estamos quites por ora.

- Acha que eu já não sabia disso? - ele riu - Conheço a sua mente diabólica, querida. Prometo não falar mais nada sobre você e o Nathan, a não ser que me peça para fazê-lo.

Ergueu uma das mãos para segurar a minha e beijou a palma dela. Sorrindo, agradeci:

- Obrigada, porém não creio que eu vá pedir algo assim.

- De qualquer forma, Susan e eu estamos à disposição!

Não era necessário dizer com todas sílabas, Blane Blackwood estava me dizendo que respeitaria o meu espaço, sem querer forçar um rótulo para o que sabe-se-lá o que estou tendo com o seu cunhado. Nossa conversa foi interrompida por vozes e risadas vindo do corredor e se tornaram ainda mais alta à medida que chegavam perto da porta da sala. A namorada dele entrou primeiro carregando dois baldes de pipoca idênticos aos que nos dão no cinema, logo Nathan adentrou com uma bandeja com copos e uma garrafa de refrigerante.

O meu irmão se levantou para ajudar Susan, que por sua vez permitiu que ele segurasse as pipocas com um sorriso. Em um misto de instinto e impulso, sai do sofá para caminhar até o homem que me tirara dos eixos desde que o vi pela primeira vez. Uma sombra de curiosidade atravessara seu rosto enquanto me assiste ficar perto dele, não tão perto quanto gostaria por conta da bandeja entre nós.

- Deixa que pego isso para você.

- Obrigada, Kay.

- Disponha, Nathan.

Ele sorriu com a minha resposta ao passar o objeto para as minhas mãos.

- Pode ir se acomodando que eu vou colocar o filme e apagar as luzes.

Primeira Má ImpressãoWhere stories live. Discover now