CAPÍTULO III

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Mais uma manhã gloriosa nasceu e por conta de ter deixado a janela aberta na noite anterior, acordei quando a luz do sol começou a bater diretamente no meu rosto. Estiquei o corpo enquanto gemia, espreguiçando e reunindo forças para levantar da cama, sair do quarto também. Encarei o teto através do dossel, recapitulando em minha mente tudo o que havia acontecido, o que eu havia feito e dito, guiada por meus próprios impulsos. Senti um frio na barriga só de pensar em encarar um certo par de olhos azuis, depois de um fim de noite confuso.

Uma batida na porta interrompeu o raciocínio tumultuado e antes que pudesse perguntar quem era, ouvi a voz do Blane me chamando.

Kay? Já acordou, mana?

Olhei para o meu corpo nu sob os lençóis, gritei em resposta:

- Acabei de acordar e se eu ainda não estivesse pelada, juro que abria a porta do quarto para lhe desejar um bom dia direito!

Tive a impressão de ouvir uma risadinha, mas como ninguém se manifestou, concluí que tinha sido o meu próprio irmão o autor dela.

Hum okay! Só passei para avisar que o café da manhã já está pronto, estamos esperando você, está bem?

- Ótimo! Encontro vocês em alguns minutos.

Então escutei o barulho de passos desaparecem ao longo do corredor em poucos segundos. Bufando irritada por ter tido o meu momento de contemplação interrompido, saí da cama sem cerimônia, indo direto para o banheiro para fazer a higiene matinal. Aproveitei para tomar uma ducha gelada, penteei o meu cabelo – que já começava a deixar de ter o corte long bob médio, vesti um short da nike preto e uma regatinha colorida da mesma marca. É claro que o biquíni estava por baixo, afinal, hoje tenho planos de tomar um banho de lago.

Dessa vez cedi a curiosidade de dar uma olhada nas mensagens do meu celular, visto que alguém do trabalho ou algumas amigas poderiam achar que tenha sido sequestrada com a falta de retorno da minha parte. Como previsto, havia uma dezena de mensagens do pessoal da editora perguntando sobre prazos e sobre um livro que me enviaram, além de dizer que haviam recebido alguns interessantes que gostariam que eu lesse assim que voltasse a trabalhar. E a outra parte se tratava da minha fiel amiga da editora, Sammy Adams, uma mulher muito bem resolvida em seu relacionamento de 9 anos com um empresário, que é tão bem resolvido e querido quanto ela. É a única amiga que se mantém ao meu lado, torcendo por mim, mesmo com a minha queda constante em ficar isolada do mundo.

Eles já tentaram me apresentar a possíveis candidatos a namorados, mas já faz tempo que chegaram à conclusão que talvez sua única amiga solteira seja um caso perdido. Foi impossível não gargalhar alto com as mensagens que ela enviou, nem parece que a maluca é responsável, mãe de um casal de gêmeos adoráveis.

"Você me prometeu que passaria um relatório todo o dia, onde foi e com quem foi (principalmente como é estar cara a cara com o advogado!). Vou bater em você quando voltar... O Dan disse que vai te manter imobilizada para bater a vontade! Conheceu algum saradão que vai tirar as teias de aranha da sua vagina? Me responda, mulher!"

Ela acha que é um desperdício não aproveitar a minha liberdade, continuei me divertindo ao ler:

"Ok! Se você não morreu de medo das minhas ameaças e do apoio que o meu pacífico marido está me dando, estou começando a achar que você matou o irmão da sua cunhada e fugiu para o exterior para não ser presa."

"Estou com saudade da sua cara pálida aqui no escritório! Sei que te incentivei, ou melhor, te infernizei por meses para você descansar, mas agora vejo que não estava preparada para ficar longe da minha filha que é 5 anos mais nova que eu."

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