CAPÍTULO IX

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O primeiro dia de volta ao trabalho começou cedo, tomei café da manhã enquanto li as notícias principais no jornal e depois me dediquei a ficar apresentável, colocando uma roupa um pouco mais séria que de costume. Decidi usar uma saia lápis preta, uma camisa rosa bebê com um laço preto em torno da gola e finalizei a produção com um par de scarpin bege. Me maquiei levemente, nada exagerado. Encarando o reflexo no espelho, sorri com o resultado e então o rosto do advogado veio à mente. Aposto que teria uma piada pronta sobre o meu visual junto com alguma jogada para me seduzir. Depois que recebi a sua mensagem ontem, não o torturei com os meus receios e com uma animação que não cabia em mim, aceitei o seu convite. Onde e qual o horário planejamos combinar durante a semana, mas isso não impediu que ele continuasse enviando mensagens desde então.

Peguei meu celular e posicionando a câmera em direção ao espelho, tirei uma foto do meu corpo inteiro. Com um sorriso travesso, enviei a retrato para o Nathan e escrevi:

"Eu poderia ser confundida com uma advogada, não acha?"

Guardei o telefone na bolsa que levo todo o material de trabalho e também peguei a outra onde costumo deixar a carteira com os documentos, carteira de motorista e a chave do carro, caso contrário, nunca lembro onde eu a coloco. Arrumei o cabelo antes de sair do quarto, passei pelo corredor, sala de estar, até alcançar a porta da frente.

Para a minha felicidade, não encontrei nenhum morador no meu caminho para a garagem, onde o meu compacto e confortável Mini Cooper esperava por atenção. Meu irmão diz que ele consegue ser tão esquisito quanto eu, o automóvel é a minha cara. Quase beijei o volante de felicidade ao ouvir o ronco do motor e me sentindo em casa, comecei a dirigir em direção para o portão.

O meu apartamento fica a menos de 15 minutos do prédio da editora em que trabalho desde que me formei na faculdade. A Editora Fitzgerald estava há mais de 20 anos no mercado, ainda localizada no mesmo prédio de tijolos expostos que inaugurou, lembrando muito as construções antigas da Irlanda e Escócia. Apesar da estética e o nome tradicional, dentro dela se encontra os profissionais mais capacitados e modernos que se pode encontrar em toda São Francisco – CA. Eu divido a sala com outras duas colegas, todas trabalhamos com revisão e eram passados para nós os livros que precisam ser julgados dignos de publicação ou não. Tento não pensar na pessoa por trás deles, no quanto esperam por uma resposta positiva e fazer um julgamento parcial. Quanto a minha amiga Sammy, possui uma sala só dela, graças ao seu cargo alguns níveis acima do meu. Ela é uma ótima chefe.

Senti os olhos dos meus colegas quando adentrei no andar do nosso departamento, indo contra a minha personalidade introspectiva, cumprimentei as pessoas que passavam por mim, que se assombravam com o meu sorriso largo. Não que eu seja antipática, ou algo do gênero, apenas não sou a miss simpatia do prédio. Ao invés de me dirigir para minha mesa, andei na direção da sala de Sammy Adams, que não poderia entrar sem ser anunciada por sua secretária.

- Bom dia, Judith? Tudo bem? - saudei a mulher gentil que cuida da agenda da minha melhor amiga – A chefe já chegou?

Seus olhos verdes brilharam com alegria.

- Olá, Srta. Blackwood! Como foram as suas férias?

Abri a boca para lhe responder, sem dar detalhes, mas a mesma me interrompeu.

- Nem precisa me responder, seu rosto iluminado e relaxado já diz tudo. - fez gestos para que eu siga em frente – A Sra. Adams pediu para que quando você chegasse, lhe avisasse para ir direto para a sala dela, nem preciso anunciar sua chegada dessa vez!

- E se eu não quisesse?

- Ela disse que era para pedir para os seguranças te levarem até ela se caso recusasse a acatar seu pedido.

Primeira Má ImpressãoWhere stories live. Discover now