CAPÍTULO XI

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O combinado era esperar que me encontrasse no meu apartamento no sábado, sem necessidade de ficar aguardando no saguão de desembarque do aeroporto, pois segundo ele, tem certeza que odeio esse tipo de formalidade. A verdade é que não odeio, antes de partir para Washington, ainda considerava o gesto de recepcioná-lo íntimo e atitudes íntimas demais me causam medo em certas ocasiões. Bem, isso foi antes da sua partida. Neste instante, estou terminando de colocar a roupa escolhida para recepcioná-lo logo após que descer do avião e a graça disso é que vai ser uma total surpresa, Nathan não faz a mínima ideia de que vou ser o primeiro rosto conhecido ao pisar no estado da Califórnia.

Abri os três primeiros botões da camisa jeans despojada, combinando com o short de cintura alta e o par de sapatos mais confortável que consegui encontrar no meu closet. Um par de oxford femininos de tons pastéis. Por ser final de semana, longe da obrigação de estar mais formal, apostei em um look casual. Verifiquei as horas pela vigésima vez e com um sorriso animado peguei a minha bolsa em cima da cama para ir em direção a sala, já que havia um longo caminho a percorrer até o aeroporto. Meu kit para a viagem curta inclui uma playlist com músicas favoritas, água e um pacote de cookies, caso dê fome no caminho.

A viagem durara cerca de 30 minutos, o trânsito ao meu favor e os motoristas a minha frente também, tentando diminuir a ansiedade ao me ver perto pouco a pouco do destino, cantei alto as minhas músicas prediletas, nem me importando em desafinar a maior parte do tempo. Quando cheguei no aeroporto, fui a procura de um funcionário para me informar onde os passageiros que vinham da capital desembarcavam e logo me informaram certo para onde deveria ir. Mesmo acostumada com a multidão incessante que percorre o ambiente todos os dias, finais de semana conseguem ser muito pior. Lugares com gente demais me deixam claustrofóbica, por isso que aeroporto é um dos locais onde vou apenas quando preciso viajar para um lugar longe, seja para um compromisso ou férias.

Algumas pessoas já esperavam por seus entes queridos perto da porta de vidro, vi mães, pais, avós, esposas, esposos e namorados. Seus olhos não desviam dela, por onde seus conhecidos passariam a qualquer instante. Então imitei-as, me concentrando no mesmo local que todas elas. Parada em meio a pessoas desconhecidas, esperando o homem que fizera falta em minha rotina, a parte auto sabotadora quis me convencer de que era estupidez estar esperando por ele, mas antes de conseguir me persuadir disso, a porta de sensor se abriu e começaram a sair os primeiros passageiros. Meu coração pareceu querer sair pela boca.

Um sorriso estampou meus lábios quando avistei Nathan trajando suas roupas de trabalho – terno, gravata e calça social – puxando sua mala com rodinhas com uma mão e mexendo no celular com a outra. Ouvi o som do meu tocar avisando que havia recebido mensagens, posso apostar que é ele o autor delas. Peguei meu telefone para lê-la rapidamente.

"Hey baby, acabei de descer no aeroporto."

Digitei uma resposta ligeira, pois ele poderia se afastar e seguir em direção a entrada, em busca de um táxi que o levasse até o centro da cidade. Estragaria a surpresa.

"Eu sei... Essa cor de gravata combina com você, sabia?"

Com os olhos azuis grudados na tela do Iphone, vi o semblante sério se iluminar em um largo sorriso, em seguida o rosto se ergueu para me procurar. Em questão de segundos seu olhar encontrou com o meu e é difícil de entender o que senti, o meu corpo por vontade própria iniciou a caminhada ao seu encontro. O meu estômago gelou à medida que fico mais próxima, Nathan permaneceu parado no mesmo lugar, me analisando dos pés à cabeça, como se eu fosse a coisa mais bonita que encara em dias. Ele é a coisa mais bonita que os meus olhos veem em dias. Quando me coloquei na sua frente, pus as mãos para trás e com uma expressão fingindo inocência, o saudei:

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