CAPÍTULO X

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O som irritante do alarme do meu telefone, o responsável por me trazer de volta da inconsciência, me causa uma profunda irritação, mas também é por causa dele que não chego atrasada no trabalho. Nos últimos dias fui obrigada a programar para uma hora e meia antes do horário de costume e o motivo dessa mudança está bem ao meu lado, deitado de bruços. Suas responsabilidades começam mais cedo que as minhas, Desde o nosso primeiro encontro e termos terminado a noite na minha cama, Nathan e eu sempre arrumamos um motivo para terminar da mesma maneira, seja no meu apartamento ou no dele. Pedimos comida chinesa, pizza ou cozinho algo rápido para nós, repetimos os encontros dentro e fora de nossos lares, mesmo cansado depois de um dia de trabalho atribulado, o advogado tem feito questão de ser presente. Em meu íntimo cheguei a me preocupar com a possibilidade de não saber lidar com a presença constante dele, porém tem sido fácil. Tenho me divertido um bocado com o irmão da minha cunhada e quando preciso de um pouco de espaço, cada um mergulha no silencioso vício do trabalho. Confesso que ele fica um charme usando os seus óculos de leitura de aro preto em meio a pilhas de processos, livros e seu notebook, além de sempre estar conversando com o colega de escritório sobre algo relacionado ao assunto da vez.

Estiquei o braço para alcançar a mesinha de cabeceira para desligar o despertador antes que pudesse acordar o Nathan e sorrindo me deitei de lado, enterrando os dedos em seus cabelos bagunçados, acariciando os fios macios. Curvei-me na sua direção para beijar o ombro nu, subi até seu pescoço e parei perto da sua orelha, já sentindo seu corpo se mexer, demonstrando que volta pouco a pouco do mundo dos sonhos.

- Acorda, dorminhoco. - sussurrei contra o seu ouvido.

Primeiro veio os resmungos e logo os gemidos de sofreguidão. Seus olhos azuis ainda não deram o ar da graça, mas sei que está acordado, aproveitando a carícia dos meus dedos e da minha boca.

- Pare de ser tão manhoso pela manhã, homem, precisa tomar um banho, café e depois ainda tem que ir para o aeroporto.

- Eu não quero ir, vá no meu lugar! - reclamou feito uma criança.

Ri contra seu ouvido e em seguida voltei ao meu lugar, com o corpo deitado de lado.

- Até ontem você estava animado em ir para o congresso.

Neste instante ele abrira os olhos, me dando o privilégio de ver a imensidão azul de perto e aparenta obstinado a transformar sua viagem de alguns dias para Washington, D.C., uma péssima ideia, mesmo que tenha se referido ao congresso como o melhor do ano.

- Eu cheguei a te contar que ficarei dias fora? - assenti com a cabeça - Como pode estar tão tranquila em ficar longe de tudo isso? Você deve estar maluca!

Frisou a parte do "isso" ao acenar com a cabeça para o próprio corpo, arrancando uma gargalhada alta minha. Nathan se virou para imitar a minha posição, puxando a atenção dos meus olhos para o peitoral nu. Droga, é impossível não fitar.

- Já marquei até psiquiatra para lidar com a falta que sentirei.

- Podemos fazer sexo virtual se você quiser.

Balancei a cabeça rindo, ao mesmo tempo em que me arrastei para ficar mais perto dele. Logo sua mão grande e quente foi de encontro a lateral dos meus quadris, acariciando o local com intimidade. Meus seios nus foram pressionados contra o seu peito, nossos rostos próximos um do outro.

- Pare de falar de sexo, pois toda a vez que começa com o assunto, você acaba atrasado!

Bufou irritado por ter a diversão cortada e sussurrou:

- Estou vendo que não vou te convencer a não me deixar ir, então ao menos pode me acompanhar em um banho?

- Preciso fazer o seu café...

Primeira Má ImpressãoWhere stories live. Discover now