CAPÍTULO XXV

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Kay Blackwood


Os nossos amigos e familiares receberam a notícia com muita alegria, choro – as nossas mães não conseguiram se controlar – e comemoração, um motivo para nos reunirmos. Na verdade, houveram duas comemorações, pois Blane, muito animado pela caçula ter "desencalhado", deu a ideia de nos reunir no meu apartamento em um dia e no flat do Nathan em outro. Para ele, já que não se trata de uma despedida de solteira, uma vez que não casaremos oficialmente, então nada mais justo que uma despedida de apartamentos. Sim, só pode ter sido ideia de meu irmão. A princípio, vender os imóveis e ficar apenas com o que vamos adquirir juntos, não está em nossos planos. Por mais que eu o ame, o conheça e passamos mais tempos juntos do que separados, morar pode surtir um efeito diferente. Não sei se é o antigo medo sondando ou precaução, apenas sei que senti alívio com a compreensão do Nathan sobre o meu posicionamento. Ele chegou a afirmar que faria o mesmo, no entanto, assim que começamos a nossa caça por um lar, logo pôs a casa à venda. O que posso dizer? Nathan McCain é seguro em tudo, tem certeza de que não vai precisar voltar para o antigo lar.

Assim como aconteceu quando decidi morar sozinha, me preparei para o cansaço e o estresse de encontrar um lugar que nos agrade, onde conseguimos nos imaginar morando juntos. Depois de colocar o escritório em ordem, além de lidar com os novos clientes, graças a visibilidade do caso de David Ramirez deu a ele, organizamos um tempo para iniciar as visitas. Confesso que a realidade superou a expectativa de uma maneira boa, muito boa. Em parte por conta do próprio advogado, que torna tudo leve, divertido e como descobrimos gostos parecidos, basta um olhar para decidirmos em silêncio quando odiamos o que vemos. A outra, é que em nenhum momento meu corpo entrou em colapso porque a mente não está mandando mensagem de alerta. O meu coração e tudo ao redor indica que é certo. Mesmo sentindo a falta de algo, morar com o Nathan é o que quero. Parece que o pedido dele manifestou uma vontade escondida, a espreita. Foi necessário visitar duas casas para chegarmos a conclusão de que um apartamento é a melhor opção, para duas pessoas que trabalham no centro da cidade e gostam de praticidade, sem quintal para cuidar e cercas brancas para concertar. Contudo, essa decisão não transformou o processo rápido, mais fácil. Ora pequeno demais, ora grande mais, não houve nenhum que tenhamos colocado na lista do talvez. A sensação é que o corretor quer nos empurrar os imóveis que precisa vender com urgência, não dando ouvido as nossas necessidades, então procuramos outro profissional, dessa vez, a mulher que vendeu o flat para o Nathan. Fiquei animada com a localização do primeiro local que vamos visitar, pois, fica no meio do caminho para o meu trabalho e para o do McCain. Pelas informações, fotos e medidas, possui os requisitos que procuramos, só resta saber se é tão bacana quanto todo o material que nos passou.

É por isso que hoje, em nossa hora de almoço, Nathan vem me buscar para encontrarmos com Farrah Johnson. Após receber uma mensagem de que está a caminho, peguei minha bolsa e celular antes de descer para encontrá-lo na entrada. Quando passo pela portaria, um sorriso toma os meus lábios ao topar com o Jaguar estacionado e o dono encostado contra a lataria, de braços cruzados, que pendem ao lado do corpo logo que os olhos cruzam com os meus. Enquanto quebro a distância entre nós, admiro a camisa, a gravata, como se não o tivesse ajudado a colocar ambas mais cedo. O salto alto me facilita a tarefa de cobrir sua boca com a minha, sentindo sua mão apertar a minha cintura moldada pela saia lápis.

- Estou confiante de que hoje é o dia e você? - Perguntou contra os meus lábios, antes de nos afastar.

- Estou torcendo por isso.

- Vamos então? A corretora avisou que está nos esperando.

Balancei a cabeça confirmando, sendo conduzida com uma mão na cintura para a porta do passageiro. Como já fez tantas vezes, abriu a porta, me ajudou a entrar e a fechou antes de contornar o carro para se acomodar no banco do motorista. Ele envia um sorriso charmoso antes de colocar o carro em movimento, na direção do – quem sabe, nosso futuro lar.

Primeira Má ImpressãoWhere stories live. Discover now