28 - Desafio

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Kira

—Valeu pelo desafio, mas eu passo. —Julian disse para minha surpresa.

A cara de insatisfação da Maressa deixava claro que ela não desistiria fácil.

—Tá com medo de perder pra mim, Ju?! Eu sempre soube que eu sou a melhor, mas não precisa ter medo de jogar comigo.

Julian já estava largando o taco, quando os meninos que estavam em volta entraram na pilha da Maressa.

—Que isso Julian, vai amarelar pra sua aprendiz? —um deles disse rindo.

—Ta com medinho de perder pra ela? —o outro deu um empurrãozinho pra ele voltar pra mesa.

E depois de insistirem muito, Julian acabou topando jogar com a Maressa.
Meus olhos quase pularam pra fora quando eu o vi voltar.

Naquele instante muita gente veio ver o jogo, incluindo Juanito e Rosa.

—Esses dois são aquele casal que ficavam disputando sinuca antigamente? —uma voz desconhecida atrás de mim perguntou pra alguém.

—Eles mesmo.

—Isso vai ser intenso!

Imediatamente imaginei o Julian e a Maressa quando ainda namoravam, felizes, jogando sinuca... Apaixonados.

E o pior de tudo, quando o jogo começou eu vi que ela é realmente boa.

—Que cara é essa, Kira? —Rosa me provocou e eu mostrei o dedo do meio pra ela. —Pensa bem. —ela completou.

Eu estava com ciúmes e com muita raiva, mas eu não tinha esse direito.

—Eles costumavam jogar muito juntos, Juanito? —perguntei.

Juanito me olhou como se perguntasse se eu tinha certeza se queria a resposta.

—Sí... —Juanito respondeu.

É.. eu já sabia essa resposta.
E o que mais me deixava com raiva é que parece que os dois voltaram no tempo, estavam tão entregues ao jogo.

—Mi manito es muy tonto mesmo...—Juanito sussurrou.

A cada bola encaçapada da Maressa, os meninos comemoravam, e ela estava se achando... Entre uma comemorada e outra ela sempre olhava pra mim com um sorriso debochado.

Eu não aguentei me torturar assistindo aquele jogo, então saí de fininho.

Fui caminhando o mais longe possível daquela mesa sem olhar para os lados.

Quando ouvi um "psiu".
Eu já estava pronta pra xingar o engraçadinho, mas parei de andar quando vi quem estava me chamando.

Mestre Tácio, sentado em uma das cadeiras altas do bar.

—Você por aqui, mestre Kira...Que surpresa.

—É, eu não sei nem porque eu vim, já estou arrependida.

—Que isso, senta aí, me faz companhia. Quem sabe eu não faça sua noite valer a pena.

Engoli seco.
Ele estava tão bonito, parecia um pouco bêbado, mas ainda assim, lindo.

—Está sozinha?  —ele perguntou assim que me sentei em uma cadeira ao seu lado.

—Eu vim com o Julian.

—Ah, tinha que ser. —ele deu uma risada sarcástica. —Que tipo de homem deixa uma mulher como você sozinha nesse bar?

Ele se virou pro garçom e fez um sinal para que ele viesse.

ImprováveisWhere stories live. Discover now