꧁ 41-The Past Hurts ꧂

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Pov's Adhara

Não sei quanto tempo se passou e eu nem sequer me importava com isso.

O jeito que Feyre me contou a história de cada membro de minha família... Me prendera desde o início.

E percebi que todos tínhamos nos tornando sobreviventes. Sobreviventes dos próprios lobos e medos.

Acabei optando por vestir uma calça preta mais soltinha e uma blusa de mangas compridas da cor violeta, que deixava uma faixa de minha pele clara exposta.

Eu já me sentia muito melhor, mais meu estômago ainda roncava. Me perguntei quanto tempo levaria para que eu ficasse completamente saciada novamente.

Mor já havia descido e Feyre arrumava o restante das roupas em um grande armário. Eu me olhava no espelho, mas parecia ver um fantasma.

Minha pele, que um dia já fora bronzeada, estava pálida, doentia. Olheiras profundas e roxas me faziam parecer ainda mais doente. Além das maçãs do rosto extremamente protuberantes, igualmente as clavículas que despontavam por debaixo de minha blusa. Os cabelos estavam opacos, muitas pontas haviam se quebrado na hora do banho. Mor tratou de cortar meus cabelos até a altura da cintura.

Nunca me senti tão horrível assim.

Vi Feyre observando minha expressão pelo reflexo do espelho.

- Em alguns dias estará... Terá voltado ao normal.

- Obrigada, Feyre. Por cuidar deles depois daqueles anos todos...

Feyre apenas se aproximou e me abraçou. Era um abraço reconfortante, seguro. Um abraço de... De uma mãe.

Lembrei da minha... Que eu não havia conseguido salvar a tantos anos atrás. Apertei ainda mais meus braços em volta de minha cunhada.

- Vamos?- ela disse se afastando e segurando meus braços.- Tem várias pessoinhas lá em baixo que querem te conhecer!

Enlaçamos nossos braços e Feyre me guiou até uma sala de estar, cheia de pessoas espalhadas e com uma mesa de centro cheia de comida.

Me sentei em uma poltrona branca e macia, enquanto observa todos os olhares curiosos sobre mim.

Feyre se acomodou ao lado de meu irmão, que passou uma mão em torno de sua cintura. Azriel estava sentado em um sofá, com uma fêmea ruiva ao seu lado, e ela estendia as pernas sobre seu colo, enquanto as mãos estavam postas sob sua barriga extremamente inchada. Cassian estava em pé, atrás de uma poltrona com uma fêmea extremamente parecida com minha cunhada, ela também tinha a barriga levemente inchada, ele tinha as mãos sobre os ombros dela.

- Senhorita.- Nyx, estendeu a mão se aproximando.- É um prazer conhecê-la, tia Adhara.- sorri para ele.- Devo dizer que tem olhos muito bonitos!- ele piscou pra mim com aqueles mesmos olhos que eu e Rhysand. Todos na sala reviraram os olhos e balançaram a cabeça.

- Creio que teremos muito para colocar em dia. Feyre já me falou alguma coisa ou outra sobre todos vocês e o que aconteceu nos últimos quatrocentos anos em que não estive presente.- me estiquei até a mesa e peguei um prato cheio de biscoitos.- Porém, adoraria ouvir de vocês, como se aliaram a esses quatro desparafusados.- apontei para Rhys, Mor, Cassian e Azriel.

Já era noite quando Nair terminava de contar como descobriu que poderia ser em quem causava aquelas ondas de poder. Eu estava embasbacada com aquela garota. Ela fora a última, pois decidiram contar as histórias em ordem do mais velho para o mais novo.

- E você, Dharinha?- Rhysand disse, sentado ao meu lado, no tapete. Eles haviam afastado a mesa para que todos nós se pudéssemos nos acomodar durante a tarde.- Gostaria de nos contar sua história?

Congelei. Não sabia se queria relembrar dos detalhes daqueles acontecimentos que me levaram a ficar trancafiada todos esses anos.

"-Tudo bem, não precisa contar se não quiser, se não estiver pronta." A voz de meu irmão soou em minha cabeça.

- Eu...- dei um suspiro, melhor seria se eu contasse tudo de uma vez, sem delongas.- Eu recebi um bilhete de Rhys naquela manhã, ele dizia para esperarmos ele no lugar combinado e então iríamos até a Casa do Vento. Avisei ela, e organizamos o chalé antes de sair. Voamos até o lugar combinado, brincando um pouco no meio das nuvens. Nós chegamos, e esperamos. Ainda não estava na hora e você sempre foi pontual, Rhys. Eu e mamãe conversamos de frente uma para a outra quando ela simplesmente me segurou pelos ombros e jogou para o lado, virei a cabeça a tempo de ver uma besta dourada pulando em cima dela... Não era Tamlin, ele estava parado, apenas olhando... Os irmãos dele me agarram pelas asas, doeu muito, e então me ergueram apenas para que eu pudesse vê-la no chão, se arrastando, tentando levantar...

Lágrimas agora caiam dos meus olhos, de meus irmãos e de todos ali na sala. Engoli seco antes de continuar.

- Eu me debatia, tentei me soltar, mas a cada golpe que eu tentava desferir contra eles, faziam com que arranhassem e cortassem ainda mais as minhas asas. E Tamlin continuava parado. Mamãe estava ferida o suficiente para que perdesse todas as forças. Eu vi o sangue escorrer por seu rosto quando a atacaram, e também vi quando a deceparam. Tamlin o fez, forçado pelo pai, que o estendeu a espada, ele recusou e foi espancado por isso. Provavelmente teriam o matado também se ele não tivesse pegado a espada e cortado de uma vez só. As últimas palavras dela ainda me assustam... Mamãe podia ter pedido para que parassem, implorado para viver, mais olhou pra mim, morreu olhando pra mim...- não tive coragem de dizer as palavras em voz alta, então as lancei para a mente de cada um presente naquela sala, "Eu amo vocês. Minhas cinco estrelinhas. Diga isso a eles Adhara, eu sei que vai sobreviver."- E morreu. Cortaram suas asas enquanto eu ainda gritava. E então cortaram as minhas... Nunca soube o que fizeram com elas. Me bateram. Me cortaram. Mas não me mataram, apesar da morte ter me parecido atrativa até poucas horas atrás.

- Mais e as...- Mor engoliu um seco antes de terminar a pergunta.- Mais e as cabeças que recebemos, a "sua" era...

- Um feérico que passou no lugar errado, na hora errada. O pegaram, transfiguraram para que parecesse comigo e depois mataram. O colocaram no meu lugar. Me desacordaram logo em seguida e acordei novamente onde estava trancafiada a pouco. Água e comida escassas, além dos ferimentos graves pela perda das asas, quase me levaram a morte em alguns dias lá. Mais sobrevivi. Durante todos esses anos a Mãe quis que eu vivesse. Ela sabia que eu precisava ver vocês uma última vez, e cá estou, viva, alimentada e entre meus familiares. Não poderia pedir algo melhor, apesar de achar estranho a facilidade que a Corte Primaveril teve em me entregar para vocês...

- Eu ainda mato aquele desgraçado.- Cassian grunhiu.

- Na minha presença apenas, ainda o tenho jurado de morte.- Nestha empinou o nariz para o marido.

Minha família. Essa era minha família.

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VOLTEI VADIAS!!!

Recuperamos o computador família!! E retornaremos a programação normal!

Espero que tenham gostado do capítulo!

A Corte de Estrelas Congeladas (ACOTAR+TOG)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora