𝐀 𝐡𝐢𝐬𝐭𝐨́𝐫𝐢𝐚 𝐬𝐞 𝐫𝐞𝐩𝐞𝐭𝐞.

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Constantine

Dor de cabeça. Estou com dor de cabeça. O choro da Cristine, o bilhete, a foto, o corpo sentado na cadeira com um tiro na cabeça. Está errado, muito errado. Não tenho o que dizer, não tenho o que pensar. Estou cansado de perdas.
Talvez isso aconteça porque dou liberdade pro Caleb e Scott? Ou é outra forma de castigo, sempre que estou feliz algo assim acontece. Quando estou bem, acabo perdendo alguém importante, e a culpa sempre cai nas minhas costas por ter envolvido as pessoas nisso, mesmo sabendo o quão perigoso pode ser para elas, principalmente para quem eu amo. Quem eu mantenho por perto, precisei quase me ajoelhar para mantê-los vivos, mas agora nem a minha humilhação é suficiente.
Submissão, é o preço que eu pago por ser filho de quem sou, mas estou cansado. Porque não importa o quão cruel eu seja, aos olhos do meu pai sempre serei a criança inútil e indesejada que ele pode modelar como quiser. Reclusão, chicotadas, surras, morte, treinamento, frieza, porque nada basta?
Vi Morgan dizer desculpas mais uma vez antes de sair, não pensei que Scott iria fazer algo sobre isso, e agora a Cristine acha que ela e o pai bêbado são assassinos, ele até pode ser, mas ela não é. Ela não mata nem barata, quem dirá uma pessoa. Não foi culpa da Morgan, eu que não deveria ter saído de casa justo no aniversário dela, justo nesse dia, fui desatento e inocente em pensar que nada estragaria o dia perfeito que planejei para ela. A culpa é minha.

- A culpa não é dela.. - Senti minha bochecha arder depois do tapa que levei.

Não culpo ela, não mesmo. O relacionamento deles era de 4 anos, pretendiam viver a vida complicada deles como casados.

- Não precisa mais falar comigo se ela estiver perto! - Ela me empurrou e foi andando para fora. - Você não merecia o Mason, Tine. - Não merecia mesmo.

Por que tudo está lento de novo? A cor está indo embora mais uma vez.
A minha vida é ruim por minha culpa, eu só preciso me livrar do Caleb, eu só preciso... Mas não posso. Acho que joguei pedra na cruz.
Cristine saiu da casa em prantos, não posso dizer que entendo ela, já que não sei o tamanho da sua dor, mas sei que perdeu alguém importante como ele era para mim, mesmo que eu não mereça a amizade de pessoas tão boas assim.
Me sentei no sofá da sala, devem ter passado minutos, ou horas. Não saberia dizer, não reparei nisso em momento algum. Morgan não saiu mais do quarto, ficou lá "para sempre".
Íris chegou um tempo depois, eu precisei contar a ela o que aconteceu graças a insistência, ela não tentou me consolar, sabe que não funciona em caso algum, só ficou ao meu lado, porque é tão difícil manter as pessoas ao meu lado?
Minha esposa saiu do quarto só quando teve certeza de que não tinha mais ninguém além de mim e Íris em casa, foi até a cozinha para beber água, já que está com uma cara de quem chorou durante esse tempo todo. A governanta a aconchegou em seus braços por um bom tempo. Ela não recusou, só ficou parada e recebendo o carinho.

- Eu vou ir dormir. - Não respondi, só acenei. - Desculpe pelo Scott. - Ela acenou com a cabeça.

- Se o seu pai aparecer aqui de novo, eu vou matá-lo.

- E eu vou agradecer.

- Ótimo. - Ela subiu, mas antes disso, vi que estava sem a aliança que tanto prezava para usarmos.

Subi para o quarto quando tinha decorado todos os móveis da sala de estar, de tanto tempo que passei sentado. Sentei na beirada da cama, suspirando. Morgan me olhou de canto e se deitou na cama, posso ver perfeitamente a aliança em cima da cômoda.

- Está sem aliança. - Agora estou girando a minha no dedo.

- Vou pôr quando sairmos, não se preocupe.

- E porque não põe agora? - Retrocesso.

- Perdeu a garota que você gostava e seu melhor amigo quando eu me aproximei, então é melhor não continuarmos com isso.

Marriage of ConvenienceWhere stories live. Discover now