𝐎 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨. (𝐹𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)

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Morgan

    Cinco de Maio de 2004, foi o dia em que Scott Stanley Lewis ganhou uma menina e perdeu uma mulher, não sabia o que fazer agora, como iria trabalhar ou cuidar da casa, como iria sustentar os hobbys em apostas com os amigos, filmes com a esposa agora falecida, na sala de parto.

     Amava a mulher dele, prometeu para ela que cuidaria da filha deles, mas não cumpriu essa promessa.

    Ele "cuidou" de mim até os 4 anos, fazia minha sopa de letrinhas, penteava meu cabelo e me mandava para creche. No meu aniversário de 5 anos, algumas coisas mudaram.

   Cheguei da creche sozinha, ele não foi me buscar e nem retornou as ligações que a professora fez, quem me trouxe foi a mãe de uma das minhas amigas.

     Assim que entrei em casa, vi tudo apagado, não tinha ninguém em casa além de mim, deixei minha mochila no sofá enquanto procurava pelo meu pai.

- Papai? O senhor não foi me pegar hoje... - Falei enquanto entrava no quarto dele.

     Procurei a casa toda, parei quando escutei a porta de entrada se abrir, corri até ela, sorrindo.

- Papai! O senhor demorou. - Olhei para ele de cima abaixo, está uma bagunça, com uma sacola de bebidas na mão e uma garrafa na outra. - Onde estava? Por que não foi me pegar?

- Não me encha o saco, vai pro seu quarto.

- Hoje é meu aniversário, a mamãe vai vir? Você disse que ela viria! - Meu sorriso aumentou de orelha a orelha quando escutei baterem na porta. - A mamãe chegou! A mamãe chegou! - Corri para abrir.

     Quando abri, dei de cara com uma mulher alta, morena e de olhos escuros, as roupas dela são curtas e justas, ela é bonita. A mamãe é bonita.

- Mamãe! - Abracei ela, me aconchegando no que deveria ser um abraço.

- O que? Sua mãe? Está me confundindo, garota.

- Não é a mamãe? - Me soltei dela, Scott me olha com repreensão.

- Ignore ela, sim? - Esticou a mão para ela.

- Mas papai, hoje é meu aniversário... - Ela riu e o seguiu. - Cadê a mamãe? Eu também quero um bolo!

- Faça a porcaria do seu bolo sozinha. - Me empurrou e seguiu caminho para o quarto.

     Passei o resto da noite sentada na frente da porta, esperando que a mamãe entrasse por ela, eu também tive que aturar os gritos e xingamentos que escutei do quarto, não sei o que estão fazendo, mas dá medo.

◇◇◇◇

     Eu não tenho irmãos, primos ou tios, não tenho contato nenhum com ninguém da minha família, nunca vi ninguém além do meu pai. As únicas pessoas que ele traz em casa são os amigos dele, Laurent, George e Tony. Eu não gosto deles, sempre mandam eu me sentar no colo deles, ficam me abraçando e fazendo elogios estranhos, é chato e ruim, também fazem carinho, mas eu nunca peço! Isso continuou até os meus seis anos e meio, só que aí piorou.

- Ei mocinha, sente aqui. - Laurent disse, dando batidinhas na perna dele.

- Eu não quero, tio. - Me afastei, parei quando senti alguém apertar o meu ombro.

- Vá sentar com ele, agora. - Scott mandou. - Vai se arrepender se não for. - Me avisou.

   Ele sempre faz tudo o que as pessoas querem, tudo o que querem e pedem, mas nunca me ouve. Ouve todos, menos a própria filha. Por que? Nem eu mesma sei.

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