𝐌𝐞 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐫 𝐚𝐥𝐠𝐨...(𝑓𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)

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 Constantine

    Celeste Lauren Graham, é o nome de solteira da minha mãe, era o nome que ela tinha antes de conhecer meu pai, quando ainda trabalhava de garçonete e seu hobby era patinação, antes de se apaixonar e viver uma aventura bem bonita até, muito antes da festa de casamento luxuosa e do vestido de noiva que ela adorou. Toda a história de amor antes de terem dois filhos e ela virar a Senhora Hill, esposa de um mafioso inescrupuloso e cruel. 

    Eu tinha 3 anos quando vi meu pai bater na minha mãe pela primeira vez. Foi nesse mesmo dia que eu apanhei pela primeira vez por ter entrado na frente para defendê-la. Caleb deixou a marca de seus dedos na bochecha do seu filho mais novo e da sua esposa, aquela que ele fazia questão de venerar na frente dos amigos, mas que diminuía e humilhava quando os conselheiros da máfia vinham a nossa casa.

- Está tudo bem, está tudo bem. - Mamãe dizia enquanto passava a mão sobre a minha bochecha ardida. - O seu pai teve um dia ruim.

- Ele não gosta de mim, mamãe.

- Não diga isso, Tine. Ele só estava impaciente, a culpa foi toda minha. Desculpa a mamãe, sim? - Ela proferiu as palavras com a voz embargada, me abraçou delicadamente, nenhum de nós dois levantou do chão em que estávamos, porque era assim que Caleb queria que ficássemos, no chão.

    Mais tarde, naquela mesma noite, meu irmão veio até meu quarto enquanto eu brincava.

- A culpa foi sua. - Cota disse entrando. - Ele quer te treinar e ela não quer deixar, disse que você é muito pequeno. Se a mamãe apanhou, a culpa foi toda sua. 

- Não! Ela disse que ele só estava irritado e–

- Sempre está irritado com você, porque não gosta de você.

    Meu irmão tinha 8 anos, ele sempre fez questão de me dizer como a vida dele era boa antes de ter o irmãozinho bastardo. Em como a mamãe não chorava ou como o papai era legal. E talvez seja verdade. Depois desse dia, minha mãe parou de me pôr para dormir todos os dias, eu ficava com vários livrinhos em cima da cama, esperando ela vir para escolher um para lermos juntos, fazíamos isso toda noite, mas comecei a dormir sozinho de tanto esperar. A Íris vinha me dizer boa noite as vezes - mas nesses dias ela ia para casa bem mais tarde. 

    E eu sei que o problema era comigo, já que via mamãe sair do quarto do meu irmão todos os dias. Quando ficava acordado e porque tinha noites que nem o cansaço por esperar me fazia dormir. Escutava as gargalhadas que os dois compartilhavam, ela estava fazendo cócegas nele, eu sei disso. Esperava na porta algumas vezes, esperançoso que a minha presença chamasse a atenção dela.

- Mamãe! - Nesse dia, ela me ignorou, fechou a porta do quarto do Cota e sairia andando se eu não chamasse. - Eu... Eu escolhi o livro do Pinóquio, mas eu não consigo ler as palavras grandes...Eu pensei que você poderia ler comigo! Só hoje. 

    Celeste suspirou e saiu andando.

- Eu juro que não peço nunca mais, só hoje! - Ignorou novamente. Já não conseguia ver direito, eu a segui fungando, a minha voz saiu toda enrolada. - Por favor! Mamãe... - Ainda tinha esperanças de ter a minha mãe de volta. 

- Já chega, Constantine! Estou com dor de cabeça! - Parei de segui-la, tomei um susto com o grito repentino e o livrinho na minha mão caiu. 

- Eu não sou mais o Tine da mamãe? - O pequeno eu já estava chorando, meus lábios tremiam e ao perguntar isso, joguei a minha última esperança.

- Não, não é. Já está crescido.

- Porque Cota ganha beijo de boa noite e eu não? Desculpe se eu fui mal eu–

Marriage of ConvenienceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora