Azul como Gelo - Destiel

Capítulo 20

Castiel foi um idiota. Dean não é louco e sabe que Cas também levou as coisas para o lado romântico. Ele não esperava que Novak o amasse de volta da mesma forma, mas Cas se fechou e nem sequer quis conversar sobre algum tipo de relacionamento além do BDSM. O Winchester entende que não seria nada bom para os negócios, mas o que ele sente é muito maior e mais profundo do que dinheiro ou poder; ele abandonaria tudo por Castiel, mas Castiel deixou claro que não faria o mesmo.

No primeiro dia foi doloroso. No segundo ainda doía de uma forma até mesmo física. Depois de uma semana ele ficou esperando uma mensagem ou ligação de arrependimento, o que não aconteceu. E após um mês, a dor diminuiu como se o seu corpo tivesse regenerado um osso quebrado. No início um término pode doer, mas com o tempo as coisas voltam ao normal e a vida continua a mesma. O Winchester sentia falta de Cas e de Jack, mas quem quis acabar com tudo foi Novak, não ele.

Dean descobriu por Sam que Cas havia se mudado, e o achou um covarde; para quem se dizia um dom experiente, Novak agiu com imaturidade. O Winchester sentiu raiva e decidiu que o melhor a se fazer era seguir em frente; ele tinha uma vida com ou sem Castiel nela.

Dean acordou naquela manhã de domingo e levantou alguns pesos na academia que construiu em seu apartamento. Logo em seguida ele tomou um banho na hidromassagem e aproveitou a sensação dos seus músculos relaxarem. O Winchester saiu do banheiro de roupão e pegou o seu celular, vendo uma mensagem da sua mãe dizendo para ele correr até ao hospital. Dean se trocou rapidamente com o coração apertado e desceu até a garagem para pegar a baby.

Ele trancou o Impala no estacionamento e foi até ao lobby do hospital, onde foi atendido rapidamente e recebeu o seu adesivo de visitante. Quando entrou no quarto do seu pai, viu a sua mãe, Sam e Jo com lágrimas em seus olhos. Era a primeira vez que ele via John Winchester parecendo fraco. Ele mal conseguia falar ou andar, e Dean sentiu pena dele mesmo depois de tudo; ninguém merecia morrer daquela forma. Nas últimas semanas o seu pai tinha entrado em cuidados paliativos e aparentava conformismo com o seu destino.

— Dean, preciso falar com você — a sua voz saiu fraca e ele deu um leve sorriso. — Deixe-nos a sós, por favor — John olhou para a ex esposa e seus filhos.

Todos saíram e Dean engoliu em seco, sentando-se ao lado da cama.

— Pai...

— Eu sei que o que eu fiz com você e principalmente com a sua mãe é imperdoável, Dean — ele tossiu. — Não é porque estou morrendo que me tornei um santo, mas essa condição me fez pensar em muitas coisas. Eu vivia pelas aparências, e agora meu status não serve para absolutamente nada, e depois que eu morrer, toda a sociedade esquecerá quem eu fui — John segurou a mão do filho e o encarou. — Tudo bem você gostar de homens, eu te amo mesmo assim, e queria ter mais tempo de te provar isso — ele respirou fundo pelo tubo de oxigênio. — Eu quero que você seja feliz, Dean, e não importa com quem seja.

— Tudo bem — as lágrimas desceram dos seus olhos. Dean queria aquele John desde que nasceu, e quando finalmente estava tendo acesso a um homem bom e humano por debaixo daquela casca dura, era tarde demais.

— Eu sabia desde o início o que você e Charlie estavam fazendo. As coisas não estavam indo bem na empresa e eu não sabia o que era, mas vocês conseguiram fazer os números aumentarem e eu senti orgulho — John deu um sorriso. — E nisso eu vi que você estava pronto para comandar o negócio da nossa família. Você continua sendo meu sucessor, e quero que cuide da sua mãe e dos seus irmãos.

— Eu vou cuidar deles até o fim, pai — ele soltou um soluço e apertou a mão do seu pai, vendo-o fechar os olhos lentamente, como se estivesse satisfeito.

Os médicos entraram correndo e tentaram o ressuscitar, mas todas as tentativas foram inúteis e declararam o óbito de John Winchester — Dean nunca se esqueceria daquele momento.