Cap 16 - Ontem a noite foi um erro

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CAPÍTULO 16

Enquanto corria pelo beco, Magnus sabia que estava arriscando a vida. Havia o sério risco de que estivesse sendo enganada por um assassino. Mas como ele sabia tudo o que ele estava sentindo?

Antes de dobrar a esquina, virou-se para olhar Zee. Tinha uma mão estendida como se quisesse alcançá-lo. Não pôde ver-lhe o rosto por causa da escuridão, mas seu desesperado desejo atravessou a distância que os separava. Ele hesitou, perdendo o ritmo de seus passos.

Alexander o agarrou pelo braço.

- Magnus, vamos.

Que Deus o ajudasse, pois começara a correr de novo. No instante em que saíram na Trade, acenou para um táxi que passava. Por sorte, ele parou. Entraram apressados, e Alexander deu um endereço que ficava a dois quarteirões de distância da avenida Wallace. Obviamente, uma manobra para despistar.

Deve fazer isso com frequência, pensou Magnus. Quando o táxi arrancou, sentiu o olhar de Alexander pousado nele.

- Aquele policial - perguntou ele - significa algo para você?

Ela tirou o celular da bolsa e chamou o número da delegacia.

- Fiz uma pergunta - disse Alexander, com rispidez.

- Vá para o inferno - ao escutar a voz do Ricky, respirou fundo.

- Jose está por aí?

Não levou mais de um minuto para o encontrarem, e quando finalizou a chamada já estava de saída para ir procurar Zee. Jose não fizera muitas perguntas, mas ele sabia que viriam depois. Como iria explicar por que havia fugido com o suspeito? Isso fazia dele uma cúmplice, não?

Magnus guardou o celular na bolsa. Suas mãos tremiam e se sentia um pouco zonzo. Também tinha dificuldade para recobrar o fôlego, embora o táxi tivesse ar condicionado. Abriu o vidro. Uma brisa quente e úmida agitou-lhe os cabelos. O que havia feito com seu corpo na noite anterior, e com sua vida naquele momento?

O que faltava fazer? Colocar fogo em seu apartamento? Odiava o fato de que Alexander colocara diante dele a única isca a qual não poderia deixar de seguir. Estava claro que era um criminoso. Isso o aterrorizava, e também que ele soubesse que lhe dera os primeiros orgasmos de sua vida, mas, mesmo assim, seu corpo se acendia de desejo só de pensar em como ele o beijara.

- Pode parar aqui – disse Alexander ao motorista, dez minutos mais tarde.

Magnus pagou com uma nota de vinte dólares, pensando que tinham sorte por ele ter algum dinheiro consigo. O de Alexander, aquele enorme maço de notas, encontrava-se no chão de seu pátio traseiro, então, ele não tinha como pagar o trajeto. Ainda não podia acreditar que estava indo para a casa daquele homem.

O táxi se afastou, e eles seguiram caminhando pela calçada perfeita de um bairro bem cuidado e luxuoso. A mudança de cenário era absurda. Da violência naquele beco aos extensos gramados e canteiros de flores. Podia apostar que as pessoas que viviam naquelas casas jamais haviam fugido da polícia.

Virou a cabeça para olhar Alexander, que caminhava uns poucos passos atrás dele. Examinava os arredores como se temesse algum ataque surpresa, embora Magnus não fizesse ideia de como era capaz de enxergar qualquer coisa com aqueles óculos escuros. Não entendia por que sempre estava com eles. Além de atrapalharem sua visão, facilitavam a sua identificação por serem muito característicos. Se alguém tivesse de descrevê-lo, seria capaz de fazê-lo de forma acurada em questão de segundos. Embora seu longo cabelo negro e a enorme estatura já dessem conta do serviço. Voltou a olhar para frente. As passadas ritmadas das botas dele atrás de si soavam como punhos fechados atingindo uma porta maciça.

Anjo Sombrio (MALEC)Where stories live. Discover now