Cap 51 - Um Alfa pode Sonhar...

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CAPÍTULO 51

Na sala de espera da sala de cirurgia, Havers tirou as luvas de látex e jogou-as em um contêiner de lixo hospitalar.

Suas costas doia depois de passar horas inclinado sobre Alexander, costurando seu intestino e cuidando da ferida em seu pescoço.

- Ele irá viver? - perguntou Nunew, quando o viu sair da sala de cirurgia. Estava fraco por todo o sangue que havia lhe dado. Pálido, mas enérgico.

- Logo saberemos. Espero que sim.

- Eu também.  – fez menção de se afastar, negando-se a olhá-lo nos olhos.

- Nunew...

-Sei que sente muito, mas não é a mim que deve oferecer seu arrependimento. Poderia começar com Magnus. Se é que algum dia estará pronto para ouvi-lo.

Enquanto a porta se fechava com um leve chiado, Havers fechou os olhos.
Oh, santo Deus, a dor no peito. A dor por ações que nunca poderiam ser desfeitas.

Havers deslizou contra a parede lentamente até ficar sentado no chão, e tirou a touca cirúrgica da cabeça. Por sorte, o Rei Cego tinha a constituição de um verdadeiro guerreiro. Era forte de corpo e de força de vontade.

Embora não tivesse sobrevivido sem o sangue quase puro de Nunew. Ou, possivelmente, sem a presença de seu companheiro.

Magnus tinha permanecido ao seu lado durante toda a operação. E, apesar de o guerreiro ter estado o tempo todo inconsciente, sua cabeça permaneceu virada para ele. Magnus falara com ele durante horas, até quase ficar rouco.

E ainda se encontrava ali com ele, tão esgotado que quase não podia sentar-se ereto, mas tinha se negado a deixar que examinassem as suas feridas, e não quis comer. Não queria se separar de seu bellren.

Havers se levantou e, cambaleando, dirigiu-se até a pia do laboratório. Abriu a torneira de aço inoxidável e inclinou-se, olhando fixamente a água correndo. Sentiu vontade de vomitar, mas seu estômago estava vazio.

Os irmãos estavam lá fora. Esperando que ele levasse notícias. E sabiam o que ele havia feito.

Antes que Havers começasse a operar, Suga o tinha pegado pela garganta. Se Alexander morresse na mesa de operações, o guerreiro jurara que os irmãos o pendurariam pelos pés e o golpeariam com os punhos nus até sangrá-lo. Ali, em sua própria casa. Não havia dúvida de que Mew lhes contara tudo.

Deus, se pudesse retornar àquele beco, pensou Havers. Se nunca tivesse ido ali. E nunca deveria ter se aproximado de um membro da Irmandade com uma proposta tão ultrajante. Nem mesmo daquele que não tinha alma.

Depois de fazer a proposta a Mew, o irmão, o olhara fixamente com seus terríveis olhos negros, e Havers se deu conta imediatamentede que cometera um engano.

Mew podia estar cheio de ódio, mas não era um traidor, e se ofendeu com a proposta.

-Mataria de graça - grunhira Mew. -mas só se você fosse o alvo. Caia fora daqui, antes que eu saque minha faca.

Nervoso, Havers havia se afastado dali apressado, para perceber que estava sendo seguido pelo que supôs ser um redutor. Era a primeira vez que se encontrava perto de um morto vivo, e se surpreendeu que os membros da Sociedade tivessem a pele e o cabelo tão claros. Mesmo assim, aquele homem representava a maldade em estado puro e estava preparado para matar.

Encurralado em um canto do beco, enlouquecido pelo medo, Havers começara a falar, não só para conseguir seu objetivo, mas também para evitar ser assassinado, O redutor se mostrou cético a princípio, mas Havers sempre fora persuasivo, e a palavra rei, usada deliberadamente, havia atraído sua atenção. Informações foram passadas. Quando o redutor partiu, a sorte estava lançada.

Anjo Sombrio (MALEC)Where stories live. Discover now