Cap 49 - Geada

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CAPÍTULO 49

Nunew estava ansioso para ver Zee. Pensara nele o dia todo e finalmente, chegara a hora de ir se encontrar com ele. Mas, embora tivesse muita pressa, antes de sair, pararia para falar com Havers. Havia esperado por seu regresso na noite anterior, passando o tempo ajudando as enfermeiras na clínica e, depois, lendo em seu quarto.
Finalmente, desistira e deixara para ele uma nota sobre a cama, pedindo que fosse vê-lo assim que chegasse. Entretanto, ele não o fez. E essa falta de comunicação já durava bastante tempo.
Tentou sair de seu quarto. Surpreendeu-se quando a porta não abriu. Franziu o semblante. A maçaneta não se movia. Tentou de novo, sacudindo-a e usando toda a sua força. Estava obstruída ou trancada. E as paredes do quarto estavam recobertas de aço, de modo que não podia se desmaterializar.

-Olá! - chamou em voz alta, socando a porta. - Olá! Havers! Tem alguém aí? Alguém pode me tirar daqui? Olá!

Afinal, desistiu, sentindo que um calafrio se condensava em seu peito. Assim que se calou, a voz de Havers infiltrou-se em seu quarto, como se, durante todo aquele tempo, houvesse esperado do outro lado.

- Lamento que tenha de ser desta maneira.

- Havers, o que está fazendo? - disse ele, contra os painéis da porta.

-Não tenho alternativa. Não posso mais permitir que vá com ele.

Ele se certificou de que suas palavras fossem ouvidas com clareza: -Escute-me. Alexander não é a razão pela qual sai. Ele acaba de casar com alguém que ama, e eu não Ihe guardo rancor algum, conheci um Alfa. Alguém de quem eu gosto. Alguém que me que.

Houve um longo silêncio.- Havers? -golpeou a porta com o punho. - Havers! Ouviu o que eu disse? Alexander se casou e eu o perdoei.  Não estava com ele.

Quando o irmão finalmente conseguiu falar, soou como se alguém o estivesse asfixiando.

- Por que não me disse isso?

-Não me deu oportunidade de fazê-lo! É o que venho tentando nas duas últimas noites! -golpeou a porta de novo. – Agora me deixe sair. Devo me encontrar com... com alguém na casa de Asmodeus.

Havers sussurrou alguma coisa.

-O quê?- perguntou ele. -O que disse?

-Não posso deixar que vá até lá.
A angústia na voz de Havers apagou sua ira, e o alarme fez com que um suor frio deslizasse por sua nuca.

- Por que não?

- Aquela casa já não é segura. Eu... Santo Deus.

Nunew bateu as palmas contra a porta.
- Havers, o que foi que você fez? Mas do outro lado da porta só havia silêncio.
- Havers! Diga-me o que fez!

Magnus sentiu que algo atingia seu rosto com força. Uma mão. Alguém o tinha esbofeteado.

Atordoado, abriu os olhos. Estava em um celeiro, amarrado a uma mesa com placas metálicas ao redor dos pulsos e dos tornozelos. E Billy Riddle estava ao seu lado.

- Acorda, vagabunda.

Magnus lutou, tentando se soltar. Ao olhá-lo, os olhos dele se fixaram em seus mamilos à mostra, enquanto apertava os lábios até formar uma linha reta.

- Sr. R?- outra voz masculina. -Quero que  recorde que já está fora do negócio dos estupros.

- Sim. Eu sei. -o olhar do Billy se fez mais sinistro - Fico com vontade de machucá-lo só de pensar nisso.

Magnus pôde ver então, o homem de cabelo claro que o tinha raptado,  Apoiava uma espingarda em cada ombro, com o cano para cima.

-Deixarei você mata-lo, o que acha? Mas, primeiro, pode brincar um pouco com ele.

Billy sorriu. -Obrigado, sensei. O loiro se virou para as portas duplas do celeiro. Estavam escancaradas, deixando ver a fraca luz do céu.

- Sr. R, precisamos estar concentrados - disse. - Quero essas armas carregadas e alinhadas com caixas de munição sobre essa mesa de trabalho. Deveríamos colocar umas facas, também. E vá procurar a lata de gasolina na garagem, assim como o maçarico que está junto ao Hummer.

Billy deu outra bofetada em Magnus e depois fez o que o outro Ihe ordenara.

A mente de Magnus despertava lentamente. Ainda se sentia entorpecido por causa das drogas e tudo aquilo lhe parecia um sonho, mas a cada inspiração, a névoa ia se dissipando. E ele se fortalecia.


A violência de Alexander era tão profunda, tão feroz, que cobriu de geada as paredes de seu quarto. As velas piscavam lentamente no denso ar, emitindo luz, mas não calor.

Sempre soube que era capaz de gerar uma ira monumental. Mas a que ia descarregar sobre aqueles que levaram Magnus seria registrada nos livros de história.

Alguém bateu na porta.- Alexander?
Com a mente, o vampiro abriu a porta para o  humano.

Desconcertado pela temperatura no quarto, o policial parou na porta.

- Eu.. fui à Academia de Artes Marciais de Caldwell, O nome do cara é Joseph Xavier. Ninguém o viu hoje. Telefonou avisando que não iria, para que alguém o substituísse em suas s aulas. Disseram-me onde morava, e dei uma passada lá, de carro. Um condomínio na parte oeste da cidade. Arrombei a casa. Estava limpa. Limpa demais. Nada na geladeira, nada na garagem. Não havia correspondências, nem revistas. Tampouco havia pasta de dente no banheiro, ou qualquer evidência de que precisou partir apressadamente. Ele é o proprietário. Mas certamente não vive lá.

-Alexander tinha dificuldades para se concentrar. A única coisa em que podia pensar era em sair daquele maldito buraco subterrâneo e localizar Magnus. Quando o fizesse, iria senti-lo. Seu sangue correndo pelas veias dele agia como um GPS. Poderia encontrá-lo em qualquer lugar do planeta.

Pegou o celular e fez uma chamada. Zee fez menção de sair, mas Alexander o deteve, indicando com um gesto que ficasse.

O policial se acomodou no sofá de couro, com os olhos alertas e corpo calmo. Preparado para tudo. Ao ouvir a voz de Suga do outro lado da linha, Alexander disse.

- Às dez da noite, levará os irmãos à Academia de Artes Marciais de Caldwell. Entrarão lá, vasculharáo o lugar de cima a baixo e depois, farão soar o alarme. Esperarão a chegada dos redutores e então, os matarão e queimarão o edificio até o chão. Compreendeu? Cinzas, Suga. Quero que tudo fique reduzido a cinzas.

Não houve hesitação.- Sim, meu senhor.

- Vigie Suppasit. Mantenha-o ao seu lado o tempo todo, mesmo que tenha de acorrentá-lo ao seu braço – Alexander se virou para olhar Zee. - O tira vigiará o edifício a partir de agora até o crepúsculo. Se vir algo interessante, ligará para você.

Zee concordou, pôs-se de pé e se dirigiu à porta. -Vou para lá – disse, por cima do ombro. Houve uma pausa no celular.

- Meu senhor, precisa de nós para que o ajudemos a encontrar.:

- Eu me encarregarei de nossa rainha.

                              ........ CONTÍNUA........

Anjo Sombrio (MALEC)Where stories live. Discover now