Capítulo 4

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Harry || Presente

-Romeu! Romeu! Por que você é Romeu? Por você abandonaria o meu nome, se for preciso... Meu inimigo é apenas Montecchio, que em nada substitui você. Largue esse nome, e, em troca dele, que não é parte de você, ficará comigo por inteira.

Me aproximo de Chanel a olhando nos olhos e segurando suas duas mãos.

-Aceito sua proposta! De agora em diante não serei mais Romeu!

Sinto meu estômago revirando quando deposito um beijo leve no dorso de sua mão, sendo interrompido pelos aplausos de Rupert que caminhava em nossa direção.

-Magnífico, Harry! Você e Chanel exalam o drama Shakespeariano.

Sorrio minimamente com seu comentário enquanto Chanel faz uma reverência em agradecimento, aproveitando a deixa para me afastar daquilo tudo.

Estamos ensaiando fazem duas semanas e a crise de pânico quando descobri que Chanel seria a Julieta foi instantânea. Já não bastava ter que aguentar conviver com ela nos horários de aula, tenho também que contracenar um par "romântico". Sinceramente, não entendo pessoas que realmente consideram essa peça algo além de doentio.

Cumprimento alguns colegas enquanto caminho em direção à espécie de camarim, juntando meus papéis com o roteiro completo que deixei espalhado enquanto ensaiava horas atrás.

-Certeza, amor?

Meu corpo estremece quando eu ouço a voz adentrar pela porta do camarim.

-Absoluta!

A voz de Chanel chega aos meus ouvidos me fazendo entrar em alerta. O corpo de Louis entra no meu campo de visão mas ele está de costas, Chanel está em sua frente beijando desesperadamente sua boca.

-Vocês sabem que estou aqui, não sabem?

Engulo em seco quando os dois se afastam para me observar da cabeça aos pés.

-H-Harry, eu não imaginei! Me desculpe por isso.

A voz cansada de Chanel estava me causando tontura, forte tontura.

-Da próxima vez, confirme se estarão sozinhos!

Pego meu roteiro e caminho em direção à porta que eles entraram, mas paro ao ouvir uma risada. A risada que eu nunca gostei.

-Oh Romeu! Porque invejaste?

Sua voz era forçada, mas não tanto quanto a força na qual eu seguro a maçaneta da porta. Me viro para os dois quando a coragem de encara-lo aparece e sorrio amarelo quando percebo os dois me encarando.

-Que bom que sua área é música, pois com essa voz no teatro, o máximo de papel que você conseguiria era de filme pornô barato.

Sorrio ao perceber seu sorriso desmanchando me causando uma estranheza no estômago ao perceber seus olhos escurecerem e seu maxilar travando fortemente. Me viro de costas e saio do camarim antes que eu me arrependesse.

Eu não esperava me afetar tanto ao vê-lo beijar alguém depois de 7 anos. Apenas na minha cabeça as coisas não mudaram, eu imaginei que voltaria e ele estaria me esperando de braços abertos, me beijaria com toda a sua força e faríamos amor a madrugada inteira como nos velhos tempos. A realidade é fria e dolorosa, eu posso sentir a dor em cada poro do meu corpo, devastador.

Chego no refeitório e me sento em uma das mesas vazias, não estou com fome. Meu corpo se recusaria a aceitar qualquer tipo de coisa sólida no momento, por isso me sento apenas com minha garrafa d'água enquanto escrevo os rascunhos para o blog na última folha do meu caderno.

Dear diary - lsWhere stories live. Discover now