Capítulo 21

1.1K 133 153
                                    


Louis||Presente

Querido diário.

Ontem foi o pior dia da minha vida, até agora, mas ele esteve comigo. Ontem foi a festa de aniversário do Louis e eu estava tão ansioso para comemorar esse dia tão especial, mas novamente precisei ir a mais uma consulta onde eu jurei que sairia de lá e iria correndo até sua casa para abraçar e beijar o meu garoto, mas o destino me preparou algo diferente. Câncer. Quem diria que meu pai estava certo, afinal? Eu sou mesmo uma bomba relógio igual a minha avó e destruí a nossa família.

Eu havia percebido algumas mudanças como estar começando a mancar, emagrecer e uns tremores repentinos nas mãos, mas me mantive em negação como forma de escape. Adiantou absolutamente nada e agora estou aqui, sem saber o que fazer, sem rumo e completamente perdido.

Depois do diagnóstico, eu cheguei em casa e me fechei em meu quarto, não conseguia me acalmar, não queria ver ninguém, estava em completo desespero. Mas ele chegou. Chegou sem me perguntar o que houve ou pedir explicações por não ter ido em seu aniversário, apenas me abraçou e ficou comigo até eu dormir. Ele é mesmo o amor da minha vida, diário. Mas o que eu farei agora? Ele ama meus cachos e eu não os terei daqui um tempo, isso me mata, realmente me mata.

Nós assistimos "10 coisas que odeio em você" e nos beijamos loucamente, eu nunca senti algo tão forte na minha vida, diário. Eu estava cochilando quando ouvi Louis se declarar pra mim, ele achou que eu estivesse apagado, mas eu adorei ouvir mesmo assim.

Eu não sei o que farei, não sei se consigo contar pra ele. Eu não aguentaria seu olhar de pena, porque eu sou um fraco.

Hoje é natal e acordei decorando meu quarto para Louis, ele amou. Agora eu preciso botar um sorriso no rosto e ir até sua casa para a ceia.

Obrigado por me ouvir mais uma vez, diário.

H.

Respiro fundo ao terminar de ler e meu corpo não aguenta tanta emoção, então decido ir para a próxima página. Pelo o que vi, desde o natal, Harry passou alguns dias sem escrever. Passo o olhar pela página e me deparo com uma frase que me fez parar. O dia da nossa primeira vez. Engulo em seco antes de começar a ler mas ouço o barulho do sinal, indicando o intervalo, junto minhas coisas com o diário ainda em mãos e caminho em direção contrária ao refeitório, preciso de silêncio, então entro na biblioteca sorrindo genuíno para a senhora bibliotecária. Me sento em uma das mesas afastadas, abrindo o diário na página exata.

Querido diário.

São cinco da manhã e eu acabei de sair de uma crise de ansiedade severa. Eu e Louis tivemos nossa primeira vez e foi a melhor noite da minha vida. Mas antes de dormir, tudo passou pela minha cabeça até me dar falta de ar. Me tranquei no banheiro dele e tentei ao máximo chorar o mais baixo que eu pudesse, eu não queria ir embora, queria me acalmar e voltar pra ele, mas não consegui. Ele me ouviu e me implorou para que eu abrisse a porta, eu não conseguia pensar em olhar pra ele, o que eu diria? "Ah Louis, estou chorando pois as chances de eu morrer são grandes e vamos sair os dois com os corações quebrados". Não há chance de final feliz aqui.

Então quando abri a porta, lá estava ele, levantando do chão num pulo e perguntando como eu estava. Não o respondi e só vim correndo para casa. Ele acha que me machucou, mas foi totalmente o contrário disso.

Demorei para te escrever, pois precisei me acalmar e limpar a bagunça que fiz... Agora, o espelho do meu banheiro está quebrado e meu pulso enrolado por uma faixa que minha mãe fez depois de chorar muito ao me encontrar. É isso o que sou, um caos a todos que se aproximam de mim. Se eu contar a verdade a ele, ele não me deixará ir embora, mas eu preciso ir, diário. Meu único médico especialista vai se mudar para Chicago e eu vou precisar ir embora, só tem um jeito de me afastar de Louis e é dando motivos para ele me odiar.

Dear diary - lsWhere stories live. Discover now