2 - SURY - PARTE 2

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LIVRO INCOMPLETO. DISPONÍVEIS APENAS 4 CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.

Quando Oscar Romero me pediu em casamento, eu já tinha tudo pronto. Estava há três anos esperando este momento, então sabia exatamente como me casaria. O salão de festas em frente a uma lagoa maravilhosa com um jardim de tirar o fôlego seria o palco da cerimônia íntima e da recepção. O buffet e a orquestra, a decoração e os arranjos de Sammy. Girassóis, meu casamento estaria cheio deles, teria cor, vida e eles simbolizam felicidade e energia positiva. Junto a eles haveria flores: lírios brancos, essas simbolizam o amor eterno. E meu vestido... eu passei dois anos desenhando a peça, desde que meu namoro com Oscar ficou sério e pensei que poderíamos nos casar um dia.

Mas tudo isso ficou no passado, o vestido, que eu já havia começado a confeccionar após ser pedida em casamento, foi feito e colocado na vitrine para não desperdiçar as horas de trabalho e o material. O local perfeito em que me casaria, que dividi com minha então melhor amiga, é onde estão se casando hoje. Ainda bem que não dividi o buffet, a orquestra e as flores, ou estaria no meu casamento, com tudo planejado cuidadosamente por mim, mas seria apenas uma convidada. Preciso segurar o choro quando vejo a foto gigante deles na frente da recepção e seus nomes em uma letra elegante dourada.

— Coisa brega essas fotos gigantes — comento e o taxista concorda.

Assim que desço, sou o centro das atenções, como achei que seria. Afinal, o que mais Isabela queria ao me convidar para ser madrinha, do que me tornar a protagonista do pior dia da minha vida? Ela não se importa que eu seja a atração principal em seu casamento, desde que o seja por estar sendo pisada por ela.

— Sury, você veio mesmo!

— Sury, você aqui?

— Eu não achei que você viria!

Sorrio, não um meio sorriso sem graça, mas um sorriso inteiro, desses que aprendi a fingir tão bem para minhas clientes.

— Por que eu não viria? Sou a madrinha.

Raissa, a outra madrinha de Isabela, que também era minha amiga, olha atrás de mim e franze o cenho. Ao menos parece sem graça ao perguntar:

— Onde está seu noivo? Por favor, diga que está apenas atrasado. Isabela não conseguiu um par para você, porque você disse que está noiva de alguém rico e bonito.

— E você acreditou nela? Se até o Oscar a trocou por outra, onde Sury conseguiria um noivo melhor em tão pouco tempo? — Isadora, a irmã de Isabela desdenha.

Desvio os olhos e respiro fundo antes de repetir o sorriso.

— E você, Isadora? Não estou vendo seu acompanhante. Ah, desculpe, não deve ter um. Meu noivo é um empresário ocupado, tem um império para administrar e eu não o perturbaria com algo tão pequeno — defendo minha mentira. — E não me importo em entrar sozinha, Raissa, sou capaz de caminhar por um corredor sem precisar de um homem me guiando pelo braço, então não precisa fingir preocupação.

— Você sequer foi aos ensaios! — Isadora acusa. — Estava sempre com esse tal noivo imaginário muito ocupado.

Verdade. Por que mesmo coloquei a culpa disso no meu noivo? Todos vão saber, ao constatarem que não existe um noivo, que não fui aos ensaios para não ter que vê-los juntos e felizes. Eu serei no fim, a vilã amargurada que Isabela tanto quer que eu seja para esse grupo de pessoas que fazia parte da minha vida. Eu devia ter inventado uma doença.

— Limites, Sury! — ralho baixinho comigo mesma. — Imagino que não precise ensaiar para andar por um caminho reto e depois virar levemente a direita. Não sou nenhuma tapada. Mas claro, se a Isabela quiser me desconvidar, não me oponho. É o que ela deseja?

DEGUSTAÇÃO - UMA PROPOSTA PARA O BILIONÁRIOWhere stories live. Discover now