3 - IGOR - PARTE 2

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LIVRO INCOMPLETO. DISPONÍVEIS APENAS 4 CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.

Entramos finalmente no elevador e ela tenta soltar minha mão, mas não permito.

— Você está bravo? — pergunta baixinho.

— Você acabou de ser fotografada usando apenas uma camisa que nem sequer está fechada corretamente, como se sente sobre isso, Sury?

— Eu acho que você está bravo, mas a culpa é sua. — A encaro e ela se defende. — Eu não tenho mais nada para vestir, preferia que eu estivesse usando as esportivas de poliéster?

— Bem, você com certeza é a figura preferida dos repórteres agora.

— Isso é ruim? Deve ser, você está bravo — constata.

— Não por isso — admito quando o elevador para no décimo sétimo andar.

Astolfo também desce do elevador ao lado e entramos na minha suíte. Mal Astolfo fecha a porta, levo Sury até a sala e a seguro de frente para mim, olhando em seus olhos âmbar.

— Sury, por favor, vou te perguntar algo e preciso que me diga a verdade. Você não estará encrencada seja qual for a sua resposta, mas eu mudarei meus passos dependendo dela, tudo bem?

Ela está assustada, seus olhos permanecem nos meus e ela assente.

— Você sabia sobre a ligação entre mim e Silas quando me procurou para fazer essa proposta? Sabia que ele seria padrinho do Oscar Romero quando veio até mim?

— Eu não fazia a menor ideia. Não sabia quem ele era nem quando o vi entrar no casamento. Só soube quando você disse que ele era irmão do seu pai.

— Mas sabia que Oscar era advogado de Silas Werneck, não sabia? Foi por isso que você me procurou? Achou que eu aceitaria por ter algo contra ele?

Ela nega com a cabeça e parece ainda mais confusa.

— Por que você teria algo contra Oscar por ele ser advogado do seu tio? Quer dizer, agora eu sei que há algo entre vocês, mas não sabia antes desta manhã. Quando Oscar terminou comigo ele estava sondando um cliente importante, algum empresário muito rico. Ele nunca me disse quem era essa pessoa, porque não havia combinado nada. De repente ele terminou comigo, eu saí de sua vida e não me preocupei em saber sobre ela depois mais do que o indispensável, que no caso, foi o seu relacionamento com minha então melhor amiga. Quando o vi no casamento, pelo porte, o terno caro e a idade, imaginei que fosse o tal empresário que Oscar estava sondando, mas não fazia ideia de quem se tratava.

— Então por que eu? Por que você veio justamente até mim?

— Foi coincidência.

— Não acredito em coincidências.

— Então no que acredita?

Ela se afasta, tirando minhas mãos dos seus ombros, seu tom é sério, sua voz não vacila, seus olhos não se desviam.

— Eu inventei que havia encontrado alguém assim que fui chutada. Um homem rico, poderoso e lindo. Eu falei sobre esse homem para as pessoas do nosso convívio, repetidas vezes, e o usei como desculpa para não ir aos ensaios do casamento. Mas o casamento se aproximou e esse homem não existia. Eu vim até você porque era o homem mais bonito, rico e importante disponível na internet.

Ouço uma risada abafada de Astolfo atrás de mim.

— Está dizendo que me achou no google? Foi isso o que a fez vir até mim?

Ela assente, sua expressão é tão inocente, que se não soubesse o quanto é descarada, não teria qualquer dúvida quanto a ela.

— Eu sei que é uma coincidência estranha, não sei como você chama isso se não acredita em coincidências, mas eu não fazia ideia de nada. Por que você e seu tio não se dão bem?

— Por que você foi até mim agora? Por que apareceu lá vestida assim e fez toda essa cena? Vocês combinaram isso? Você pediu para ela ir, Astolfo?

— Não, Sr. Igor, mas eu posso explicar. Eu disse a ela que você estava com seu tio, e ela achou que você ficou tenso quando ele se aproximou no casamento. Também pensou que ele poderia lhe fazer as mesmas perguntas que fez a ela ontem à noite e você não saberia as respostas, então ela pediu para ir até vocês. Eu orientei que ela deixasse a porta da sala aberta, mas apenas isso. A ideia de irritá-lo foi dela.

— Mas foi porque quando me aproximei ouvi o final da conversa e o ouvi pedindo ao seu tio que se retirasse — ela se defende assustada. — Só que não parecia você, sua voz parecia carregada de... ira. Pensei que você poderia feri-lo a qualquer momento, era o que parecia. Por isso agi daquela maneira, por isso sentei no seu colo, ficando entre vocês dois. Mas quando olhei seu tio percebi que ele também parecia carregado de ira, o que fiz foi tentar irritá-lo ainda mais para que ele fosse embora. Era o que você queria, que ele fosse embora.

— Então você só estava me defendendo? — Minha voz soa mais baixa do que eu gostaria, um pouco embargada talvez.

— Você precisa de defesa? Não, não estava defendendo. Eu só estava evitando que você perdesse a razão e, seja qual for o motivo pelo qual Oscar trabalha para Silas, ele pudesse entrar com algum processo contra você. Foi para não dar uma causa a Oscar, não para defender você. É diferente.

Seus olhos agora não se focam nos meus. Eles passeiam por todo ambiente e suas mãos estão unidas na frente do corpo, os dedos entrelaçados, como se esperasse uma bronca.

— A reação agressiva de Silas com ela será excelente para o senhor no processo, Sr. Igor. A imprensa tornará esta briga pública e ele sairá como o errado desde o início — Astolfo observa e está certo.

Sury acabou me dando uma grande vantagem.

— Você não pode deixar este quarto, não importa o que aconteça, está bem?

Ela assente e entro para o quarto, fechando a porta. Suas palavras, atitudes, a visita do meu tio, as lembranças, a raiva que ainda sinto dentro de mim, tudo isso está misturado aqui dentro agora e pareço estar fraco para controlar todas essas emoções que me tomam. Melhor ficar sozinho no meu canto quando me sinto assim.

DEGUSTAÇÃO - UMA PROPOSTA PARA O BILIONÁRIOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora