13

3.6K 637 498
                                    

Um abraço e um beijo para as pessoas que pagaram um lanche para essa autora ainda sem condições financeiras razoáveis e que fizeram a minha tarde de segunda, que estava sendo um lixo, especial. Não foi só pelo lanche (mesmo pq juntando tudo não deu 10 reais hahahaha) mas foi pelo carinho. Vocês moram no meu coração; Maria Bethânia, Maria Laura, Júlia, Ana Paula, Gilmar.

Capítulo mais curtinho, porque não queria deixar vocês sem atualização, mas prometo compensar no próximo. Um beijo em cada um de vocês.

Onze meses atrás.

Harry Styles

Estou dançando no limbo do consciente e da inconsciência, mas sinto meu corpo transpirar.

Os cabelos da minha nuca estão molhados de suor, mas apesar disso, não sinto calor. Meu corpo parece confortavelmente acomodado. Não me lembro a última vez que tive uma noite de sono tão gostosa como essa.

Um cheiro bom me inunda quanto me movo delicadamente para comprovar que não estou sonhando.

Ou será que estou?

Sem abrir os olhos, encosto meus lábios na pele macia e cheirosa e me aconchego mais no corpo à minha frente. Minha perna preguiçosamente jogada sobre o torso...

Paro por instante, travando completamente.

Eu estou abraçado a alguém, ou estou sonhando que estou abraçado a alguém?

Abro os olhos com dificuldade ㅡ sentindo minhas pálpebras extremamente pesadas ㅡ na escuridão iluminada apenas pela luz do banheiro. Mas, no instante que faço isso, fico estarrecido por completo ao perceber que realmente há alguém à minha frente. Alguém cujo eu estou encoxando.

Meu coração acelera, mas eu não faço nenhum movimento brusco ao reparar na nuca, que praticamente beijei a instantes atrás. Zayn é mais moreno, Niall é mais loiro, Liam mais branco.

Louis.

Eu estou abraçando Louis.

Puta que pariu!

Como ele veio parar aqui? Por que nossas camas estão juntas? Por que eu estou tão próximo a ele?

Os flashes da noite anterior começam a inundar a minha mente, mas não me lembro da parte das camas juntas e nem de estar tão perto dele.

Estou meio grogue, mas respiro fundo, tentando não pirar.

Ele nem percebeu que estou colado nele, já que, por sua respiração pesada, suponho que ele ainda esteja dormindo.

Eu só preciso me afastar com calma, disfarçadamente.

Prendendo a respiração, inclino meu corpo levemente para trás, e começo, com sutileza, a tirar minha perna de cima do seu corpo. No entanto, quanto estou quase conseguindo me desvincular dele, Louis se move levemente e apoia a mão em minha coxa, a mantendo no lugar.

Filho da puta.

Como irei me mover agora?
Se eu me mexer, ele poderá acordar e perceber. Olho para o teto e solto um suspiro alto.

Para o meu completo desespero, ele aperta minha coxa, a massageando enquanto resmunga algumas coisas.

Quero morrer nesse instante.

Isso deve ser algum tipo de castigo da Heraclito por eu ter chegado ao limite ontem. Só pode.

Eu já acordei assim inúmeras vezes, com inúmeras pessoas. Alguns, inclusive, que eu mal recordava o nome. Algumas noites regadas a uísque, outras banhadas a carência. Minha cama sempre foi um convite para preencher um coração vagabundo que secretamente implorava para ser amado.

Mas isso é diferente.

A situação é diferente. Estamos sendo mantidos presos. Aliciados. No auge do estresse. No limite.

E bem em minha frente está Louis.
Sim. Louis.

Louis-aquele-que-não-suporto.

Aquele que me beijou há poucas horas. Aquele que conseguiu ter a empatia de me acalmar quando eu surtei. O que cuidou de mim (pelo pouco que me lembro) quando estava vulnerável. O que, querendo ou não, admitindo ou não, é um cara legal quando quer.

A minha birra com ele é por não conseguir lê-lo com clareza. Não saber do seu passado. Não saber de suas vulnerabilidades. De suas vontades. Das suas reais intenções. Ninguém é tão autoconfiante assim. Ninguém esbanja tanta força. Ninguém nesse mundo não possui uma rachadura. E eu sei que ele possui. Ele só não mostra. Ele esconde suas feridas muito bem.

Somos opostos.
Eu exponho, ele exprime.
Eu grito, ele cala.
Eu demonstro, ele absorve.

Na verdade, Louis não é tão ruim assim; o ruim, é estar encoxando nele dessa forma, com sua nuca cheirosa roçando em meus lábios, sua mão cheia de veias presa em minha coxa e seu corpo quente colado ao meu.

Sua pele cheira a limpa, e é estranhamente agradável.

Acho que irei me fazer de morto até amanhecer.

Caso ele acorde, finjo que foi só apenas um lapso. Fecho os olhos com força e respiro automaticamente, contando cada inspirada e cada expirada.

Pela escuridão do quarto, suspeito que ainda seja de madrugada, mas não posso mexer meu braço para olhar o meu relógio de pulso, porque essa merda está debaixo da cabeça de Louis.

Tento pegar no sono, mas não consigo, então penso em outras possibilidades. Posso fingir um ronco e me mover rapidamente. Ele nem vai perceber. Vai ser rápido e ágil. Posso fazer isso.

No entanto, enquanto estou ponderando, as luzes do quarto se acendem abruptamente. Me assusto e me mexo, fazendo com que Louis acorde. Tiro meu braço debaixo de sua cabeça e minha coxa de cima do seu corpo numa velocidade assustadora.

Ele se vira levemente para trás e me encara com seus olhos inchados e levemente vermelhos, parecendo atordoado demais para entender o que estava acontecendo.

Não temos tempo para falar a respeito e agradeço por isso, já que a porta se abre, e Heráclito, juntamente com cinco homens, entram no quarto.

ㅡ Bom dia, pombinhos. ㅡ Ela cantarola enquanto despertamos. ㅡ Como estamos nos dia de hoje?

Estranho o fato de Heraclito aparecer pessoalmente. Ela nunca faz isso. Ainda mais assim, de forma tão repentina.

Fico pensando em qual de nós será colocado a teste. Tecnicamente, restam apenas Zayn e Liam.

Olho para a janela e vejo que ainda está escuro. Me sento na cama e olho no meu relógio de pulso, que marca 2:45 da manhã.

Coço os olhos, pela claridade repentina, e percebo os outros acordando aos poucos. Heraclito repara na minha cama junto a de Louis, e ergue a sobrancelha, dando um meio sorriso antes de bater palmas.

ㅡ Vamos. Levantem. Não tenho todo o tempo do mundo. Vocês precisam sair daqui às 3:00 em ponto.

Ainda estou um pouco grogue tentando entender tudo quando mais homens entram e vão deixando um saco com roupas e sapatos em cima de nossas camas.

Todos nós sentamos nas camas e pegamos os sacos nas mãos.

ㅡ Vocês tem 15 minutos para se prepararem. Uma van os espera lá fora.

Pisco atônito e olho em volta para perceber que eu não sou o único. Todos foram acordados repentinamente e parecem sonolentos demais para processar qualquer coisa.

ㅡ Iremos sair? ㅡ Louis pergunta ao meu lado.

ㅡ Sim. ㅡ Heraclito responde. ㅡ Mas não pensem que estão livres porque não estão. Essa é apenas a primeira missão que executarão em grupo. Todos vocês. Vamos ver como trabalham juntos.

Meu coração quase sai pela boca e me viro para Louis, que olha para Heraclito completamente apreensivo, engolindo em seco.

CARDINAL [L.S]Where stories live. Discover now