CARDINAL [L.S]

29

Dupla?

Seis meses antes.

Louis Tomlinson.

Estou deitado na cama do hotel, olhando para o teto de gesso enquanto tento me acalmar.

Estou nervoso, apreensivo, ansioso. Essa noite foi uma montanha russa de emoções.

Eu dei dois tiros em um cara, que a essa hora deve estar sendo socorrido. Apesar dos tiros, sei que ele vai ficar bem. Mirei para atingir seu pâncreas. Nada que uma cirurgia não resolva.

Sei que poderia ter somente o apagado, mas pirei quando o vi apontando a arma para Harry. Eu não perdoei. Pensamento bem agora, eu devia tê-lo matado.

Sei que é trauma falando, mas jamais deixaria qualquer pessoa apontar uma arma novamente para alguém que eu… gosto.

Harry não merecia que eu o defendesse tanto, mas é mais forte que eu. Não consigo evitar. Apesar de não conseguir olhar na cara dele, eu sinto que preciso protegê-lo de qualquer coisa. E farei isso, mesmo não suportando sua presença tão avassaladora.

Posso estar sendo burro, mas isso vai além das nossas desavenças. Eu sempre irei protegê-lo, mesmo que ele não mereça.

Me viro na cama e solto um suspiro. Eu deveria ter trazido os compridos comigo, apesar de saber que provavelmente estou me viciando.

Cada um desconta a sua frustração em algum vício, e eu pelo visto, desconto a minha tentando dormir para esquecer.

Fecho os olhos e tento pegar no sono quando ouço batidas leves na porta. Me viro em direção às batidas e estranho. É tão baixo que suspeito que seja alguém passando pelo corredor. Minhas suspeitas se tornam reais quando as batidas param e eu fecho os olhos novamente.

Tento respirar fundo para o sono vir, mas de repente, as batidas fracas voltam.

Me levanto bufando e vou até a porta. Quando abro, não vejo nada até abaixar o olhar e dar de cara com Harry sentado no chão, escorado no batente. Ele ainda está de smoking, e percebo que ele não foi para o quarto. Ele me encara e me lança um meio sorriso levemente sem graça. Meu coração acelera e engulo em seco.

ㅡ O que você está fazendo aqui?

ㅡ Eu posso dormir com você? ㅡ Sua voz é baixa e levemente embargada. ㅡ Eu perdi o meu cartão e eles não têm o reserva.

ㅡ Você está exalando álcool.

ㅡ Eu sei. Eu bebi.

Ele diz, e vejo sua garganta se contrair. Não sei se ele está soluçando ou se está segurando um choro. Ele permanece me encarando, mas não se move ao perguntar novamente:

ㅡ Posso ficar aqui com você?

ㅡ Não ㅡ respondo, sentindo meu coração estilhaçar no peito. ㅡ Peça abrigo para um dos outros caras. Eles devem ter espaço pra você lá.

Não espero resposta e fecho a porta. Passo a mão pela testa e vou até a cama, me sentando. Meu coração está em duelo com a minha cabeça. Mas sei que minha mente precisa vencer.

Harry não merece que eu o abrigue, não depois de tudo. Não depois da sua falta de consideração. Não depois das coisas que ele disse a Niall. Não depois de pegar o meu coração, esmagar, e jogar no chão, pisando em cima.