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Louis Tomlinson.

A confusão mental drena toda a minha energia. Cada terminação nervosa do meu corpo parece estar em combustão. Estaria desmoronando neste momento se não fosse pela delicadeza dos dedos de Harry surrando suavemente sobre os meus enquanto a chuva cai lenta e preguiçosa sobre a janela do táxi.

Seu toque é tão leve e tão gentil, contrastando completamente com a sua reação hoje cedo. Harry parece me atear fogo e logo em seguida aparece com um balde de gelo para me salvar. Sei que ele não expressa sentimentos como uma pessoa comum e aberta faria, mas seu olhar apreensivo preso na janela, observado o tráfico através das gotículas de água me faz comprovar que ele também está atordoado.

Quem não estaria diante dessa situação?

Apesar de seus dedos ainda me acariciarem, seu corpo está rígido como pedra, e eu faria qualquer coisa para saber o que se passa nessa cabecinha agora.

Volto a olhar para a estrada quando paramos em frente a casa da mãe de Liam. Renata e Jen já aguardam do lado de fora e correm para o táxi em meio à chuva fraca. Faço um esforço para me manter invisível, para que os olhos do motorista não encontrem os meus na esperança que ele não me reconheça.

Zayn troca algumas palavras com ele quando saímos de Worcester, seguindo a estrada até estarmos entrando em Milford. O táxi da frente começa a diminuir a velocidade quando avisto uma placa de motel piscar em falha na beira da estrada.

Os automóveis param lado a lado no estacionamento e Zayn pega o dinheiro, pagando pela corrida. Saímos às pressas, nos abrigando na entrada do estabelecimento.

O frio na barriga não alivia, nem quando vejo Renata, com seu sorriso gentil, e Jen, com seus olhos castanhos arregalados e curiosos.

ㅡ Oi meninos ㅡ a voz de Renata sai um pouco trêmula e ansiosa, o que apenas me comprova que ela sabe bem a situação e está ciente do que está acontecendo.

Ela nos abraça, um por um. Seu abraço, apesar de breve, parece um conforto, assim como era reconfortante sentir os dedos de Harry sobre os meus no carro.

Quando ela se afasta, seus olhos param em Harry por um instante.

ㅡ Você está bem, querido? ㅡ ela pergunta com sutileza.  ㅡ Está abatido, mais magro…

Olho para ele a tempo de vê-lo engolir em seco, parecendo sem graça. Também tenho reparado na sua perda de peso, apesar de nunca ter comentado sobre o assunto diretamente com ele. Ele sorri brevemente, em um sorriso não tão verdadeiro. 

ㅡ Estou bem. Estou apenas um pouco estressado nos últimos dias e tenho comido mal. Mas estou bem, Renata. Obrigado pela preocupação.

Percebo por seu tom de voz e por seu sorriso contido que ele quer encerrar o assunto. Liam pigarreia, parecendo reparar a mesma coisa, tentando dissipar o desconforto de Harry.

ㅡ Podemos reservar dois quartos, até decidirmos o que iremos fazer ㅡ Liam sugere, mudando de assunto. ㅡ Fico com elas e vocês ficam juntos, pode ser?

Todos nós concordamos, sem nem saber se estamos realmente a salvo aqui. Não há garantias que Heraclito não está nos seguindo, nem que ela não saiba de nossos passos.

Não sabemos o que iremos fazer, mas precisamos de um lugar para permanecer até que decidamos a respeito. 

Enquanto Renata e Jen aguardam na parte de fora, nós caminhamos juntos até a recepção. Eu desvio o rosto do campo de visão quando o dono do motel nos encara, abrindo um sorriso.

ㅡ Boa dia! Em que posso ajudar?

Harry se aproxima do balcão e se apoia na madeira, lançando ao senhor, mais velho e grisalho, um sorriso. 

CARDINAL [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora