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Dez meses atrás.

Harry Styles.

Heraclito não se prolonga, como sempre.

Ela explica uma única vez, e somos nós que precisamos ter discernimento para tentar acompanhar seu raciocínio deturpado.

Fico um pouco receoso pela missão estar, em sua maioria, nas mãos de Niall, já que precisamos contar com ele para a parte mais importante para não sermos pegos cometendo o assalto. E convenhamos, confiar não é o meu forte.

Caminhamos até a van, cada um segurando uma sacola. Não tivemos tempo de ver o que havia dentro delas, mas espero que tenhamos tempo de fazer isso dentro da van.

ㅡ Quem vai dirigir? ㅡ Zayn pergunta ao se aproximar da van branca parada em frente a academia.

ㅡ Você, pelo visto, é que não vai ser ser ㅡ Liam rebate. ㅡ Está exalando álcool.

ㅡ Não duvide das minhas habilidades. Sou muito mais habilidoso bêbado.

ㅡ Eu não quero pagar pra ver.

Eles ficam num impasse até Liam pegar as chaves e encaminhar para o banco do motorista. Niall se senta ao seu lado, no banco do passageiro, enquanto eu, Louis e Zayn vamos na parte de trás.

Shrewsbury fica há vinte e cinco minutos de Worcester e não vai ser um caminho muito longo. Ainda mais em plena madrugada em que o trânsito é ainda menos intenso.

Me sento mais afastado de Louis e Zayn, e começo a mexer na bolsa. Há máscaras de pano, alguns apetrechos, luvas e armas com munição. O kit completo para um assalto. Apesar de acreditar que não vamos precisar de metade dessas coisas.

Enquanto estou distraído, olhando para as coisas deixo da bolsa, ouço Louis perguntar:

ㅡ Por que ela disse que temos apenas vinte minutos para pegar o máximo de coisas?

ㅡ Porque esse é o tempo que consigo desativar as câmeras da rua sem alarde ㅡ Niall responde. ㅡ E mesmo que eu mantenha a da joalheria desativada, as da rua são tão importantes quanto. Podem pegar a nossa movimentação e a nossa fuga e podemos ser seguidos. É o prazo que se tem para entrar, roubar e sair, sem sermos visto.

Ele concorda e então, seus olhos pousam em mim, mas quando ele faz isso, eu desvio os meus rapidamente.

Não consigo olhar para Louis. Me sinto estranho.

Não sei como me deixei levar a ponto de dizer os absurdos que disse esta noite. Ele ouviu da minha boca que eu gostaria que ele me fodesse. E o pior de tudo, eu me abri de uma maneira que jamais me abri com ninguém. Contei a ele coisas que não conto nem para a minha própria sombra, e não sei quais serão os impactos disso. Ele tem poder sobre mim agora, mesmo sem saber se ele vai ou não usá-los.

Não quero parecer vulnerável, não quero que ele pense que sou vulnerável, não quero que ele tenha pena de mim ou que mude o comportamento porque eu não soube segurar a minha língua.

Eu só espero que as coisas que eu disse essa noite tenham entrado pelo mesmo ouvido que saiu, sem que ele pense muito a respeito.

Encosto o ombro na janela e fico olhando através da janela pelas ruas escuras da estrada. Fico imaginando que agora, neste mesmo instante, era pra eu estar na casa de swing revistando homens que estariam entrando para aproveitar a noite. Nem nos meus pensamentos mais obscuros imaginaria que agora eu estaria indo assaltar uma joalheria.

Quando entramos na cidade e nos aproximamos do local, eu entendo o porquê da madrugada. É uma cidade dormitório e os bares da região fecham em torno da uma e meia da manhã. A rua parece deserta e tudo o que dá pra ouvir são barulhos de cigarras se esgoelando anunciando chuva.

CARDINAL [L.S]Where stories live. Discover now