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Onze meses antes.

Louis Tomlinson.

Solto uma respiração pesada e tento acalmar meus nervos. Agora é um daqueles momentos que preciso ter o máximo de autocontrole. Sempre consegui me manter calmo na maioria das turbulências, mas ter Harry ao meu lado, me desestabiliza um pouco. Nunca sei o que posso esperar dele. Além disso, não quero uma vida dependendo de mim.

Respiro baixo e calmamente tentando me controlar. Sei que Harry está nervoso, por isso, tento manter a calma por nós dois.

ㅡ Finja algum surto ㅡ instruo, quase em um sussurro. ㅡ Coloque a mão na barriga e finja estar com dor.

ㅡ O que? ㅡ Ele pergunta confuso e atordoado.

ㅡ Pelo amor de Deus, Harry! Pelo menos uma vez na vida me escute e faça o que eu mando. Finja que está com dor e se contorça da forma mais realista que você consiga.

Ele me olha por alguns instantes em hesitação, no entanto, logo em seguida, faz o que eu mando; colocando os dois braços em volta da barriga e se inclinando para frente enquanto eu paro o caminhão no acostamento.

O policial atravessa a rodovia e caminha em nossa direção. O olhar de Harry se encontra com um meu e eu dou um aceno de cabeça, confirmando em silêncio que farei de tudo para nos livrar dessa.

ㅡ Bom dia, senhores ㅡ o policial saúda. ㅡ Podem se encaminhar para balança para a vistoria da carga por gentileza?

Olho para ele, mantendo as mãos no volante e vejo sua identificação de patente seguido do seu nome.

ㅡ Bom dia, tenente George.

Minha voz sai firme, apesar de ser abafada por Harry, que se inclina no banco, gemendo alto. Me viro para ele e quase acredito que ele realmente esteja com dor.

O gigolôzinho levou a sério o teatro.

ㅡ Eu não vou aguentar ㅡ Harry resmunga, em um tom quase choroso. ㅡ Eu não vou aguentar.

ㅡ O que está acontecendo aqui?

Preciso pensar em algo e então, tento a minha melhor expressão de sofrimento e apreensão. Olho para as minhas mãos no volante e descarto a primeira opção, mas tento mesmo assim.

ㅡ Meu namorado, tenente… está passando mal ㅡ tento soar o mais verdadeiro possível. ㅡ Moramos aqui perto. Somos donos de uma fazenda e produzimos alimentos orgânicos. Ele acordou de madrugada, com uma dor insuportável na barriga. Suspeito que seja apendicite. O caminhão está carregado de frutas e verduras porque ia sair hoje cedo para a entrega, mas ele é nosso único meio de transporte. Saí no desespero e acabei não pegando os documentos.

ㅡ Nem os do veículo?

ㅡ Não. No desespero, eu não pensei em muita coisa.

Harry geme mais uma vez. Dessa vez mais alto, se contorcendo feito uma lacraia. Ok. Está quase beirando o exagero. Olho para ele e com um olhar peço a ele para baixar um pouco a encenação.

Falso do caralho.

Volto a olhar para o tenente e ele nos avalia com as sobrancelhas franzidas. Não sei se ele acredita e penso fielmente que não, já que ele insiste:

ㅡ Vocês não estão em posse de nenhum documento de identidade?

ㅡ Eu não peguei os documentos.

ㅡ Como não? Você não está levando ele ao médico? Como não tem documento? Como ele será admitido no hospital?

Ele aumenta o tom de voz e percebo que não vamos escapar dessa, então, dou a minha última cartada na esperança de que ele não reviste essa porra de caminhão lotado de armas.

CARDINAL [L.S]Where stories live. Discover now