2.16: Mourning

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"O medo é uma fênix. Você pode assisti-lo queimar um milhão de vezes, ainda sim ele encontra um jeito de voltar"

 Você pode assisti-lo queimar um milhão de vezes, ainda sim ele encontra um jeito de voltar"

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Junho de 1995

Todos estavam vestidos em roupas negras. Diferente do funeral de Fleur, o de Terry fora muito mais privado e intimista. Seu pai chorava silenciosamente na primeira cadeira, abraçado a um urso de pelúcia com uma blusa com uma escrita de "melhor filho do mundo".

A maioria das pessoas já estava sentada, mas Harry não conseguia fazer seus pés se moverem. Olhando para a foto do seu amigo emoldurada logo a frente, ele não conseguia deixar de ver o sangue escorrendo pela sua boca, ou o desespero silencioso nos seus olhos. Podia sentir o sangue em suas mãos, quente e úmido, tão fresco que o cheiro de cobre era forte.

A culpa apertava as suas entranhas. O lugar era lindo, com flores azuis e cravos, cadeiras brancas, um caixão preto com detalhes em prateado, branco e azul, o sol poente iluminando-o com uma luz dourada que não incomodava os olhos. Era como Terry merecia, mas Harry não podia lutar contra a sensação de que a razão daquilo era ele.

Seus amigos estavam todos ali, em luto. Sua família estava ali. Tom estava ali. Seus aliados estavam ali. Todos que se importaram com Terry, que sabiam a verdade e que sofriam pela sua perda davam o seu último adeus.

Draco apareceu ao lado de Harry, e pegou sua mão. O moreno o olhou, e viu como sua esclera estava avermelhada, sua linha d'agua lutando para não transbordar com as lagrimas. Ele lhe deu um aceno confiante.

Harry caminhou em frente, indo em direção ao caixão. Sabia que só faltava ele para começarem, então quis se manter breve. Sabia que nunca poderia verbalizar as suas despedidas, que já as tinha feito dias atrás, pouco antes de Dumbledore o matar.

Terry parecia estar dormindo. Ele usava uma gola alta que cobria o corte no seu pescoço. Ao seu lado, sua varinha -- que eles tinham recebido por coruja no dia anterior -- repousava inerte, assim como o seu dono. Um cachecol da Corvinal estava enrolado em uma de suas mãos, e Harry quis chorar com o quão normal aquilo parecia. Lembrava de Terry dormindo no sofá da sua biblioteca depois de uma semana cansativa, mas mais definitivo.

Harry não teve coragem de encostar no corpo. Suas mãos agarraram a madeira do caixão, impedindo-se de cair com a fraqueza repentina que sentiu. Ele respirou fundo, então caminhou até a ultima fileira, onde se sentou em uma cadeira, escondido dos olhares dos outros presentes.

Remus ia conduzir a cerimônia. O moreno sabia que seria algo lindo, mas não podia se concentrar nas palavras de seu padre. Lutava contra o choro entalado na sua garganta, utilizando a mão que Draco mantinha em sua coxa como um colete salva-vidas, impedindo-o de afundar.

O tempo passou rápido, muito rápido, e logo alguns começavam a se levantar. O caixão agora estava fechado e um circulo ritual foi desenhado no chão por Tom. Quando o féretro foi posicionado no centro, o homem entoou palavras em latim que o transformaram em uma urna. A magia se acalmou, e então o pai de Terry pode pegar as cinzas do seu filho para libera-lo onde achasse melhor.

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