Capítulo 1

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É apenas um dia típico de verão, Regulus acordou cedo para finalizar suas pesquisas de uma nova poção antes de partir para Hogwarts. A reunião de professores começaria depois do almoço, então acordando antes das sete da manhã lhe deu muito tempo para sua poção, e ainda revisar a lista de coisas que seria repassada para os alunos comprarem.

Regulus se sente um tanto nostálgico para esse ano, principalmente por ele estar completando dez anos como professor. Uma década ensinando e influenciando pessoas, há muito tempo.

Ele tentava não pensar que agora aos trinta e um anos gastou dezessete deles em Hogwarts, tanto como professor quanto como aluno. Tudo o que ele viu e o quanto mudou não só sua vida como o mundo ao seu redor.

Uma guerra que mudou e quase destruiu o mundo bruxo, algo que sempre estará marcado na história mundial bruxa, e Regulus fez parte dela, dos dois lados. Ele se arrepende de ter servido ao Lorde das Trevas, Tom Riddle, tanto quanto se ressente por ter sido culpa de seus pais a maior parte dos seus problemas na juventude.

Tentar ser o filho perfeito para eles o levou direto às mãos de um monstro hipócrita, e o deixou tão quebrado que quando a hora de se sacrificar para deter seu antigo 'mestre' chegou, ele aceitou a morte certa como algo inevitável e como o melhor caminho.

Regulus demorou anos para entender o quão ferrado da cabeça ele estava a ponto de não se importar mais com viver ou morrer. Ele esteve em um poço tão fundo e obscuro que foi chocante apenas perceber isso, mas anos depois, fazendo tratamento com uma medibruxa da mente graças a recomendações de Madame Pomfrey. Foi um longo caminho até perceber quanto o desprendimento com a própria vida quase o levou ao suicidio, entender o que o levou até a beira do precipício sempre pareceu óbvio desde que ele voltou da caverna, e não foi apenas por Monstro ter salvado sua vida.

Mesmo criança, Regulus era ciente dos altos padrões que seus pais impunham a ele e a Sirius, ainda que o próprio Sirius não tenha aparentemente se esforçado para segui-los. Mas foi o medo que levou Regulus a se tornar tão subserviente de seus pais e posteriormente do Lorde das Trevas, a ponte de, em algum momento, acreditar que as punições físicas e mágicas que essas figuras de autoridade em sua vida o causavam eram merecidas.

Regulus hoje pode dizer que entende o quão danosa a sua criação foi para ele. E que se Sirius não tivesse partido quando o fez, talvez seu irmão estivesse morto em vez de em Azkaban. Entre as escolhas é difícil saber qual é a melhor.

[...]

Treze anos depois de sua quase morte, Regulus é um adulto responsável — pelo mesmo ele espera que sim — empregado em Hogwarts como professor a uma década. Ele está acostumado com a rotina pré início de ano escolar a essa altura, e quase sente como se conhecesse a escola inteira como a palma de sua mão.

Após o horário do almoço Regulus usou o Flu de sua casa até o seu quarto em Hogwarts, nas masmorras com uma pasta com seus pergaminhos para a reunião de professores.

Ele deixou sua residência no castelo subindo até o quarto andar onde ficava a sala dos professores, aproveitando-se da calma e do silêncio que raramente tomava conta da escola.

Há uma sensação, que Regulus acredita ser esperança, de que esse ano será melhor do o ano passado, o que sinceramente sem um professor possuído por Voldemort e uma Pedra Filosofal no castelo torna tudo mais fácil. Então ele se agarra a essa esperança de que tudo dará certo, e nada mais perigoso do que os gêmeos Weasley e suas pegadinhas aconteceram esse ano.

— Eu voltei, baby — Stevens gritou em seu ouvido quando ele virou no corredor da sala dos professores.

Regulus teve que dar três passos para trás, e um minuto para o zumbido parar. Ele não pulou, ele negará até a morte que sentiu sua alma deixando seu corpo por um segundo.

— Stevens — ele resmungou. Ele pode até ficar feliz com a notícia, mas agora ele também está meio surdo. O zumbido em seu ouvido é como se ele tivesse sido acertado com um abaffiato.

— Oh, esse ano vai ser ótimo — ela diz radiante, enquanto eles caminham lentamente até a sala dos professores.

— Se você diz — ele resmungou novamente, o zumbido finalmente diminuiu — você finalmente conhecerá os gêmeos Weasley.

— Sim, eu sei, os mais terríveis alunos desde os marotos — ela dispensou-o com a mão — eu li suas lamúrias, digo suas cartas.

— Espere até conhecê-los, você verá que não sou dramático.

— Nunca, nada vai provar que você não é dramático Black — ela parou no corredor para falar olhando em seu olhos cinzas claro — você é uma rainha do drama.

— Saudade de você não trabalhando aqui.

Ela riu alto em resposta.

Chegando finalmente na sala dos professores, eles ouviram uma voz vindo de dentro, mesmo com a porta entreaberta.

Regulus empurrou a madeira, e abriu passagem para a colega passar primeiro, mas congelou quando viu quem estava dando o que está entre uma palestra e uma narração teatral. Em um traje todo rosa bebê, com um pé sobre o acento de uma cadeira para dar alguma visual impressionante.

— Quem é ele? — ela perguntou baixo para ele.

— Oh, olá senhorita — o loiro percebeu sua chegada, e virando sua atenção para os dois — Gilderoy Lockhart, mas você com certeza já sabe. Novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas — ele exibia um sorriso galanteador e piscou para ela.

Pegou a mão dela, Lockhart a levou até os lábios para dar um beijo, encarando-a nos olhos.

— Regulus Black, mas você já sabe — o moreno diz, com os braços cruzados.

Inacreditável Dumbledore, inacreditável

— Professor de Poções — Regulus finalizou.

Stevens deu um passo para trás mais perto de Regulus.

— Perse Stevens — ela respondeu passando a costa da mão que foi beijada na costa da camisa de Regulus, limpando-a fora da vista — Professora de Estudo dos Trouxas.

— Uma incrível matéria, eu mesmo fiz grandes descobertas sobre eles. Provavelmente vou ganhar um prêmio por isso.

— Oh, sério — Regulus diz com um tom ácido e sarcástico.

— Sim, uma invenção maravilhosa que os ajudará a se comunicar com pessoas a distância. Cartas sem corujas.

Antes que Lockhart pudesse começar o que parecia ser uma longa história estapafúrdia que ninguém realmente queria ouvir, Dumbledore entrou na sala para começar a reunião. Stevens fugiu para a última cadeira entre Sprout e Flitwick, deixando para Regulus o único outro lugar na mesa, ao lado de Lockhart.

Porra Albus ele pensou quando o loiro interrompeu Dumbledore novamente Quirrell parecia menos incompetente, nada pode tornar esse ano pior

Câmara Secreta: Regulus Black, O Mestre de Poções (Livro 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora