Runa

415 14 1
                                    

Uma criança de apenas quatro anos de idade. Havia recém aprendido a escrever o próprio nome e contar de Um até Dez. Agora via seus maiores exemplos; seu Herói e Sua melhor amiga serem enterrados sete palmos a abaixo da terra.

- titia... Por que estão colocando a mamãe e o papai ali?

Seus grandes olhos verdes, arregalados absorviam o trauma de ver seus pais serem enterrados.

- eles morreram Runa! - a tia fria e indiferente respondeu sem se importar com o pequeno ser ao seu lado, que se agarrava a um coelho de pelúcia dado pela mulher que agora não se encontrava mais com vida.

A pequena criança cresceu em uma casa grande, junto com três outras crianças, mais velhas. Mas a pequena órfão era apenas um fardo para a família, uma boca a mais para alimentar, um verdadeiro peso morto. Cresceu ouvindo ser um ser imprestável.

Quantas foram as noite que ela chorou em silencio chamando pela mãe, por temer o escuro e as tempestades. Milhares foram os dias que ela implorou em seu coração pela proteção de seu pai, ao ser mal tratada pelos mais velhos. A Tia fingia não ver o sofrimento da pequena garotinha.

No seu aniversário de Dez anos, que por puro azar era no mesmo dia do de seu primo. A garotinha assistiu do sofá em silêncio, o menino ganhar uma festa surpresa no jardim.

Uma criança de dez anos que só desejava crescer, uma criança que não sabia o que era diversão. O que a consolava naqueles dias sombrios eram os pequenos períodos no colégio, onde seu melhor amigo a mantinha sempre animada e encorajada para viver.

E assim, Eu, a "Pequena" e imprestável Luna cresci. Hoje concluo minha formação, em musicista, junto de Zack meu irmão (não de sangue) e melhor amigo.

Um dia feliz, vários Capelos voando pelos ares e alunos alegres se abraçando.

- parabéns coelhinho! - Zack me abraça com seus braços fortes.

- Parabéns pra você também migo - enfatizo o apelido.

Zack esteve comigo desde o dia que entrei no meu primeiro ano escolar.

Ele estava lá com sua mochila do Batman e um boné azul que amassava seus belos cachos louros. Me lembro como se fosse ontem. Eu estava apavorada com todas aquela crianças, então me escondi num cantinho próximo ao escorregador, e ele sem demora correu até onde estava e me ofereceu um pirulito, começando a conversar sobre como um dia ele seria um super herói e salvaria as pessoas.

E desde então ele não saiu do meu lado, e hoje, ele está aqui, vivendo meu sonho comigo enquanto termina seu último ano em medicina. Ele está bem próximo de se tornar um super Herói.

Planejei me declarar para ele essa noite no nosso passeio de costume. Toda quinta-feira saímos para tomar sorvete, mesmo se estiver nevando. Isso se tornou quase um ritual.

- nosso passeio ainda está de pé? - perguntei olhando em seus lindo olhos verdes.

- claro! Sempre.

Ele bagunçou meu cabelo antes que eu pudesse de me despedir, saiu em disparada para seu carro.

Chegando em casa fui recebida por um silencio já esperado.

Como seria se meus pais ainda estivessem aqui? Talvez eles estariam comemorando por sua filha ter se formado em uma excelente faculdade de Boston- MA.

Imaginei chegar e haver um grande cartaz com vários confetes e os delicioso biscoitos com gotas de chocolate, que eu luto todo os dias para manter seu sabor em minha memória.

Um lágrima quente escapa de meus olhos, mas imediatamente a enxugo quando ouço paços descerem as escadas.

- parabéns. - a voz grave de Ethan soa baixo, enquanto ele faz uma breve pausa no último degrau para me olhar.

- obrigada. - minha voz saiu embargada. Ethan depois que entrei na Universidade, começou a agir diferente comigo. As vezes até me dava uma carona ate lá, e sempre participava das minha apresentaçoes de piano, Dessa casa ele tem se tornado o único que não ignora minha existência por completo. Me pergunto o porque ele começou a agir assim.

- eu queria falar com você

- desculpe... Mas agora eu preciso me arrumar, é Quinta-feira. - ele também é o único que sabe da sagrada quinta-feira.

- tudo bem, então... Quando tiver tempo me manda uma mensagem.

- ta.

Essa era a forma que ele se comunicava comigo. Era bem raro nós encontrarmos pessoalmente, devido minha tia sentir ciúmes. Ele é o orgulho dela.

Ele passou por mim como uma muralha, com seu típico semblante sério e sombrancelha grossas completamente relaxadas, dando ao seu olhar âmbar um aspecto sonolento. 

Sem mais demoras corri para meu quarto.

Hoje tenho que me confessar ao meu melhor amigo! Quero estar linda. Por mais que pareça que estou tranquila, por dentro está difícil conter minha ansiedade e euforia. Não consigo imaginar qual será sua reação - isso me dá um certo medo, não quero estragar nossa amizade - mas prefiro arriscar do que viver com esse sentimento misturado ao "e Se"

__________________________________________________

Parentes?Where stories live. Discover now