Runa

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Confesso que foi apavorante passar por aquelas portas, eu não sabia pra qual direção ir, e não vi nenhum rosto familiar, minha coragem foi pro ralo. Por um instante me arrependi de não ter pedido uma foto do meu tio.

Mas após alguns minutos, dei uma olhada ao redor e vi um homem alto, muito alto, devia ter uns um metro e noventa. Tinha o tórax tão largo quanto uma geladeira, braços fortes, que lembravam toras de árvores, com músculos bem ressaltados e definidos. Um aspecto jovem, olhos claros que lembravam o azul de um dia de verão, em uma ensolarada praia no Caribe. Os cabelos grisalhos, em um corte militar, e uma barba cheia. Era bem bonitão pra um tio. Bonito até de mais.

Espero não ter que lidar com alguma namorada ciumenta.

Eu não saberia identifica-lo se o mesmo não mostrasse uma plaquinha escrita com meu nome. Conforme ele se aproximava, parecia ser muito maior do que realmente era. Minha sorte é que ele é um cara bem gentil, e cuidadoso também.

Ele me levou até um café, onde por incrível que pareça consegui meu primeiro emprego morando aqui. Não dá nem pra acreditar!

A Srt. Linda, como ele a chamou, foi muito gentil e amorosa comigo. me lembrou minha avó, com aquele cheiro de biscoitos misturado com sabonete. Depois de uma boa conversa e um café com creme - maravilhoso! - David me levou para conhecer uma loja.

Ele me deixou escolher o que quisesse, como um presente de boas vindas. - Eu amei, mas também tenho senso haha! - Escolhi uma camiseta que sempre quis ter. Uma que fosse maior do que eu, e também alguns produtos para cuidar da minha aparência. Confesso que não queria, não sinto que mereça gastar tantos produtos em mim. Eu já tô destruída, com o rosto marcado e com hematomas pelo corpo, não acho que tenha muita salvação. Mas comprei pela insistência de David, ele até topou fazer skincare comigo. Bem legal.

Ele ali ao meu lado ajudando a escolher os produtos, me animou um pouco. É estranha a sessão de segurança que ele passa, é como se eu o conhecesse a séculos. Nem parece que estou perto de uma pessoa que eu nunca vi.

Até o momento estamos nos dando muito bem. Ele é divertido e tem uma conversa tranquila. Só não me acostumei com seu rosto jovial e o cabelo grisalho, as vezes até parece que temos a mesma idade. Estou tentando ignorar esse detalhe.

Estamos nos aproximando da casa dele, que agora será a minha nova casa também. Da entrada de terra que nós pegamos até aqui, deu uma distância de uns onze quilômetros.

- chegamos!

Anunciou parando a picape. E assim que desci do carro paralisei, enquanto ele pegava minhas malas.

- você mora aqui?!

- sim! O que achou? - disse parando ao meu lado, como se também contemplasse a encantadora casa de madeira.

- é linda!

Ela ficava escondida atrás de algumas árvores, um curto caminho iluminado por luminária postas em fileiras, com um espaçamento entre elas, nos levava até as escadarias de madeira.

A casa era suspensa do chão, e tinha um belo formato triangular, após as escadas, havia uma bela varanda com algumas cadeiras.

- sinta se em casa... Afinal agora aqui também será sua casa.

Ele sorriu, abrindo a porta que dava acesso a bela sala, rústica.

- obrigada!

O ambiente interior, era todo em uma decoração rústica, super aconchegante. Na sala de estar havia uma bela lareira, um sofá marrom com várias almofadas e um lindo tapete bege, super fofo.  A cozinha ficava a alguns metros de distância, uma bancada de madeira fazia a divisão dos dois ambientes. Uma escadaria em espiral dava acesso ao ambiente acima.

Parentes?Where stories live. Discover now