David

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Depois de quase uma hora na espera, finalmente seu vôo chegou. Me coloquei de pé, segurando firmemente a foto da garota, só espero que ela não esteja muito diferente, afinal, como ela mesmo disse não é recente.

Várias pessoas apareciam, saindo de trás da porta automática. Algumas sorriam e abraçavam parentes, outras apenas passavam distraídas, algumas admiravam o local. Mas nada da minha menina aparecer.

- Será que ela está bem? Será que desistiu ou mudou de ideia? - Meus olhos não piscavam eu aguçava a visão para não perder caso ela saísse.

Alguns minutos se passaram, e não saiu mais ninguém.

Até que, uma silhueta baixa, se aproximou acionando a porta. Quando ela se abriu, uma garota baixa, ombros encolhidos usando um moleton velho na cor de pêssego, uma calça jeans e um Nike, também surrados, saiu caminhando como um animal temendo pela vida. Pude ver um pouco de seu cabelo, mesmo escondido pelo capuz, era em um corte mal feito e repicado roçava os ombros, eram da cor de avelã, opacos e sem nenhum brilho. Ela o ajeitou puxando para se esconder melhor.

Devido estar usando o capuz do casaco e parte da franja cair sobre a face, não puder ver seu rosto.
- Será ela? -Olhei rapidamente a foto em seguida para a garota que caminhava de forma tímida até um dos bancos de espera.

- Será que ela reconheceria seu tio? - Permaneci a encarando por alguns longo minutos. Depois de parecer quase uma eternidade ela tirou seu foco do chão e ergueu timidamente o rosto, revelando um olhar fundo e com olheiras.

- Caramba! - Ela pare que não dorme a dias. Mas mesmo tendo a face desfalecida e pálida. Seus olhos delicados com pupilas grandes eram a única coisa que carregavam um brilho. E não qualquer brilho. Era um brilho Atacamite, vívido. Encantadores. Os cílios densos e negros davam a seu olhar uma profundidade hipnotizante.

Está bem diferente de quando essa foto foi tirada, mas é ela. 

Após analizar brevemente o local seu olhar se encontrou com o meu, por alguns segundo ela pareceu meio incerta e não soube reconhecer.

Nem se ela quisesse conseguiria, seu tio está um pouco diferente.

Decidi sorrir e mostrei uma pequena placa com seu nome. Nesse instante uma mágica aconteceu, seus lábios se curvaram suavemente em um lindo sorriso, meio receoso, mas lindo. Sem mostrar os dentes.

Me aproximei, sem perder o contato visual, a mesma ajeitou um pouco mais a postura, mas ainda parecia querer ocupar o mínimo de espaço no ambiente colossal do aeroporto.

Quando cheguei próximo, tive certeza que aquela garota não dormia direito a dias. Seus olhos pareciam ainda mais fundos, seus lábios mal tinham cor. A pele branca dava uma aparência ainda mais pálida, e ela cheirava a casa fechada.

- oi! - ela sussurrou com uma voz baixa, mas que pareceu uma doce melodia. Daquelas que você passaria horas ouvindo. Ela estava um pouco sem jeito, não sabia o que fazer com as mãos.

- Olá! É... - não posso congelar agora preciso seguir firme.

Mesmo com essa aparencia abatida ela não deixava de ser linda. Isso me deixou um pouco nervoso pois não levo jeito pra falar com as pessoas, principalmente mulheres, fico sem jeito. Mas se o único problema aqui fosse apenas esse, estaria fácil. Essa missão que escolhi fazer, vai ser mais difícil do que imaginei. Que droga!

- ... Eu sou David... Muito prazer! - estendi a mão, para que ela pudesse apertar. A mesma a apertou imediatamente, ufa! Ela não conheceu.

Quando senti sua pele macia e quente tocar minha mão, tive a sensações que qualque esforço que fizer poderia quebrar seus finos e delicados dedos.

Parentes?Onde histórias criam vida. Descubra agora