Parentes?

Cap. 18

Ontem não esperava encontra-los naquela sorveteria aquela hora.

Assim que deci da picape, ouvi um som familiar, a melodia que anda alegrando meus momentos. A voz da minha menina, sim, agora ela é a minha menina. A menina da qual recebi a importante missão de cuidar e proteger

Coloquei o boné para tentar disfarçar um pouco minha presença, não quero estragar o momento dela fazer novos amigo, mas senti a atmosfera mudar assim que caminhei em direção ao local. Meu olhar correu sorrateiramente pelos rostos, que carregavam olhares de julgamento, mas quando pisei no primeiro degrau, algo mudou. Aquele olhar maravilhoso encontrou os meus, mesmo ali de baixo do bone. Ela me viu e sorriu.

Naquele silêncio dos olhares, eu senti sua alegria em me ver, algo que eu não sentia a muitos tempo. Ser o motivo do sorriso de alguém.

Mesmo depois de entrar, tinha certeza que seu olhar estava sobre mim, mas preferia evitar contato visual. Estou temeroso dela pensar que estou aqui apenas para cuida-la.

Fiz a compra rápido, e na volta para a picape fui surpreendido, ao ouvir meu nome. Apenas a encarei brevemente, sorri e entrei no carro. Não demorou para que ela entrasse carregando o sorriso mais lindo que já vi.

- espero que tenha sorvete de chocolate!?

Ela vasculhou as sacolas em busca do pote. Ouvi ela comentar que gostava de sorvete de chocolate, decidi comprar para deixar em estoque no freezer.

- claro! Esse não pode faltar.

- e então, vamos pra casa ou você quer passar em outro lugar?

- mas e seus amigos? Você mal passou um tempo com eles. 

- não são meus amigos, apenas conhecidos. A não ser o Jonathan. O restante, percebi que são apenas pessoas legais.

- entendi... - não vou negar que por dentro estou muito feliz dela não ter feito amizade com essa gente, mas também estou um pouco preocupado, não quero que ela acabe como eu.

Hoje pela manhã, ela me fez aceitar fazer um piquenique. E nesse momento, ela está averiguando a clareira que eu a trouxe.

- encontrou o lugar ideal?

- sim! É bem aqui. - seu delicado dedo apontava em direção a um local onde os raios de sol passavam com mais facilidade entre as folhas.

- tudo bem! - eu tô estragando essa menina.

Estendi o pano sobre o local e deci as guloseimas que ela fez e o lanche "saudável" que preparei. O gramado estava quente pelo sol, mas a sombra equilibrava deixando o clima perfeito.

Mais tarde vamos até a cafeteira, preciso retirar algumas coisas para Linda. Mas por hora vou aproveitar esse momento. Por três longos anos lutei e tentei de tudo para conseguir uma pequena porcentagem dessa maravilhosa calmaria que sinto.

- o que foi?

Fui tirado de meu devaneio.

- estou apenas aproveitando o momento...

Soltei meu corpo, sobre o tecido esticado no chão.

- nunca imaginei que viveria assim...

- assim, Como?

- assim, vivendo sem a preocupação se vou ou não estar vivo daqui a um segundo

- mas você pode não estar

- sim isso é verdade, mas, não por uma bala ou explosão. Mesmo que eu morra amanhã, hoje eu vivi esse momento calmo e isso é o que mais almejei nos meu piores anos de vida.