Cap. 6

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Meus dias e minhas noites tem se tornado tão próximos um do outro que mal os consigo diferenciar. O tempo tem passado de forma estranha  pra mim. Ao mesmo tempo que ele é rápido como um piscar de olhos, também demora da mesma forma que uma data especial esperada.

O pouco de esperança que me restava em ver Ethan novamente, está morta. Ele não me ligou desde o dia que me prometeu um buquê de Hortências. E também não manda mais mensagens. Ele sumiu.

E as coisas aqui em casa tem ficado cada dias piores. O tapa que recebi de minha tia há onze meses atrás, abriu as portas para que em toda oportunidade que ela tem, de me da um tapa ou outro tipo de agressão. Tenho lutado muito para não dar motivos.

Vocês devem se perguntar sobre meu tio, bom ele é um homem muito calado, Ethan era igualzinho a ele. Quando minha tia chega ele prefere ficar no quarto. É como se ele não quisesse ver esse lado de bruxa dela. Não tenho com quem contar aqui nessa casa.

No momento estou comprando as últimas decoração que faltavam para o natal.

Esse ano Meg pediu os enfeites de natal todos em cor de rosa, pra comemorar um ano desde que decidiu entrar no balé. E cá estou eu comprando muitas bolas decorativas de diferentes tons de rosa. Sou mulher mas não gosto de rosa. É tãoooo rosa!

- ei mocinha! - uma voz rouca chamou minha atenção.

Quando olhei, uma senhora de cabelos como nuvem e olhos caramelo me encarava sorridente através de seus óculos redondos.

- Olá! A senhora precisa de ajuda?

- sim... Desculpe incomodar, vi que estava bem concentrada. Mas... eu não consigo alcançar aquele saco de confetes ali - ela apontou para um local acima.

- de forma alguma está me incomodando, eu pego para a senhora.  - sorri trazendo o saco de confetes até suas pequenas mãos enrugadas.

- você já sabe o que quer de natal?

Ela perguntou guardando o saco em sua cesta. E em minha mente se passavam várias coisas que talvez eu pediria. Mas um desejo se sobressaiu, o de sair daquela casa. Seria muito ingratidão desejar isso?

- talvez um buquê de flores. - respondi sorrindo.

- espero que seu desejo se realize querida. E muito obrigada pela ajuda. Até mais. - ela passou ao meu lado me dando toquinhos suaves no braço.

- é eu também quero que eles se realizem. - sussurrei para mim mesma.

Respirei fundo e continuei minhas compras. Fiz questão de enrolar bastante, não queria voltar pra casa e acabar estragando o clima natalino.

Tenho percebido, sempre que chego no mesmo ambiente onde todos estão rindo e se divertindo, o clima muda. Todos vão se calando e dando um jeito de fazer algo longe do ambiente. É horrível esse sentimento de desprezo.

Por hora não quero pensar em coisas ruins, vou aproveitar meu momento sozinha. Sem adolescentes rebeldes e crianças mimadas.

As ruas estão lindas, decoradas com luzes e enfeites brilhantes. É como se tudo ganhasse vida. Essa é umas das minhas épocas favoritas do ano. Andar pelas ruas e admirar as luzes, e sentir a energia festiva das pessoas, me deixa feliz.

Tentei aproveitar cada segundo do meu passeio até que finalmente, ou simplesmente, cheguei em casa. Ouço Meg dar gargalhada junto de Marco.

estou encarando a maçaneta da porta, será que devo abrir? As crianças parecem estar se divertindo, não quero estragar o momento.

Vou me assentar aqui e esperar!

Não demorou muito e os faróis do carro de meu tio clarearam brevemente meu rosto, ao estacionar o carro.

Parentes?Where stories live. Discover now