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019. Perfeição

pərfɐjˈsɐ̃w̃

1. Execução ou acabamento completo.
2. Qualidade daquilo que é perfeito.

A espiral de expectativas redundantes que gira em torno desse quarto é quase desconcertante

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A espiral de expectativas redundantes que gira em torno desse quarto é quase desconcertante.

Na verdade, faz um bom tempo que não piso aqui. Que não como a comida de An e ouço ela brigar com o marido. Sempre achei isso estranhamente interessante e nem me perguntem o motivo.

Meus pais não brigavam muito, pelo menos não na minha frente. Eles fizeram questão de preservar o restante (um restante bem mínimo, tipo meia bolacha no final do pacote) de família funcional que éramos. Éramos uma boa família, confesso. Mas não demos certo juntos. Não do jeito que eu gostaria que déssemos.

A expectativa de aguardar Sue, trancada a horas no banheiro do quarto me leva a outro tipo de expectativa três milhões de vezes mais desconcertante: o casamento da minha mãe.

Gosto de dizer que meu pai não superou, mas.... E eu? Eu superei? Superei o fato de que ela vai estar a quilômetros de distância e a cada dia que passa vai esquecer um pouco mais de mim porque terá um cara chamado Milton que mesmo com um nome desagradável vai agradar ela!?

A falta de vírgulas representa o meu pavor ou não é necessário as vírgulas?

Eu não superei assim como não superei a merda bombástica que aconteceu ontem. Um arranhar sobe na minha garganta e agora tenho vontade de esfaquear/estrangular/arrastar a cara dele no asfalto/usar um taco de baseball para matar Justin.

Por que ele fez aquilo comigo? Por que ele precisa ser tão lindo e por que meu coração começou a bater mais rápido na menção de seu nome?

E porque estou apertando as minhas coxas... Ah, não! Eu pareço uma tarada! Ok. Certo. Esse capítulo é de Sue. Ou pelo menos parte desse capítulo é sobre ela. É sobre ajudar uma amiga que precisa da minha ajuda e que eu preciso ajudar. Ajudar! Ajudar! Ajudar! Vamos lá, precisamos focar.

Somos amigos, não somos?

Ah, VAI SE FODER!!!!

A porta do banheiro é aberta e sou puxada para o mundo real, o mundo que não tem tantos palavrões assim.

Noelle sorri, bloqueando a visão do cômodo. Ela foi a única pessoa na minha lista de amigos, que não é nem uma lista, está mais para um bilhete no diminutivo, que pensei em chamar para me ajudar. A garota entende de estética, ela é a contemporaneidade ambulante com o vestido marrom curto e o casaco de couro fino que vai até as coxas.

É uma mistura esquisita (ou eu sou inimiga demais da moda), principalmente porque ela não está de salto, o que me deixou boquiaberta por alguns segundos quando entrou no quarto.

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