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— Me solte, seu estrupício! - falo enquanto ele me leva a uma sala de negócios, com mesas, estantes e muitos pergaminhos.

Malfoy entra e solta minha mão, fechando a porta e ficando cara a cara com a parede, respirando fundo apoiando suas mãos na rocha, de costa para mim.

Eu posso estar exagerando, eu não sei o que sentir, então acho que meu corpo juntou tudo e colocou a raiva para tomar conta. Me encosto na mesa preta e cruzo meus braços observando o loiro atentamente regular sua respiração.

Ele continuava o mesmo, só que mais cansado, destruído...

Seu corpo ainda estava pálido e coberto de seus músculos que pareciam ter crescido um pouco mais, seus cabelos estavam um pouco maior e as mechas brancas caíam em sua testa como um desenho de artista, suas mãos cheias de veias entregavam a marca negra em seu antebraço e sua expressão estava mais adulta, mais masculina do que poderia ser.

— Que porra você fez para aceitar isso? - ele quebra o silêncio finalmente me olhando nos olhos. — Que merda você está fazendo aqui, Ana?

— Eu? Me surpreenda você! - apontei para ele. — General de Voldemort? Covarde. - falei entredentes.

— Estou fazendo isso para não morrer! - ele grita e finalmente sai de perto da parede. — Por minha mãe e pelo meu pai! - continuou espremendo os dedos com raiva.

— Adivinhe! - respondi no mesmo tom. — Eu também! Estou fazendo para não morrer e para manter a minha família bem! - conclui e o loiro me observou com o vai e vem acelerado de seus pulmões. — Estamos no mesmo barco, senhor Malfoy.

Naquela altura, ele já tinha removido a outra capa que o cobria, revelando sua calça e camisa de manga longa em tons de preto opaco, a única coisa que chegava a brilhar em seu corpo era o verniz do seu cinto e das suas botas de combate.

— Você sempre soube disso... - quebrei o silêncio que havia voltado e ele me encarou curioso. — Não sei porque a surpresa.

— Ana.

— Não. - o interrompi. — Vai me dizer que não sabia, hum? Que quando voltou das férias no sexto ano, além de ter que matar Dumbledore, você também sabia dos planos de Voldemort comigo. - observei o loiro engolir a seco enfiando suas mãos no bolso, sua expressão vazia. — Será mesmo, Malfoy? Você sempre soube, sempre! Então não me venha com surpresas...

— Acha que foi fácil para mim? - ele questiona com raiva.

— Fácil? - ri. — Sempre te perguntei tudo e você nunca me respondeu, desde a minha profecia, minha adaga... - gaguejei sentindo uma fraqueza. — Como foi mentir para mim durante todo esse tempo? Aliás, você realmente ficou comigo por querer ou também foi obrigado? - o indaguei e aquilo parece ter sido o limite de Draco Malfoy.

O loiro caminhou até mim com passos apressados, cortando qualquer espaço entre a gente e me olhando com ódio nos olhos.  — Você não sabe de porra nenhuma, Ana. - ele disse entredentes. — Cale a sua boca dentro da merda dessa casa e faça questão de seguir todas as ordens, se quiser se manter viva.

—Vai me matar, por acaso? - murmurei e desviei de seu corpo.

O loiro me fixou desmotivado, o tempo parecia ter tirado qualquer tom de ironia e sarcasmo de seu rosto. Seus olhos vagavam pelo meu corpo calmamente como procura por algo.

Eu certamente estava mais magra, mais pálida devido a falta de sol depois de um ano escondida em uma casa velha, meu cabelo estava maior e talvez eu tenha crescido alguns centímetros.

— Onde está o anel? - ele perguntou desviando de toda a conversa, olhos fixos em minha mão direita.

— Achou que eu ainda estaria usando? - questionei e ele me olhou sério. — Tirei e guardei.

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⏰ Última atualização: Jun 06, 2023 ⏰

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