Capítulo 4

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Beatrice Fontenelle

— Você não está com bebê na barriga nada tia, é mentira.— Rael disse com absoluta certeza olhando para a Stella.

— Por que acha isso piccolo? — Ela questionou prendendo o riso.

O meu sobrinho se levantou do colo do pai, caminhou até a tia gravida e abaixou a cabeça para olhar embaixo do vestido dela.

— Rael!— Marco advertiu indo puxar o garoto pelo braço. — Por que fez isso?

— Queria mostrar para a tia Estrelinha que não tem bebê na barriguinha dela papa. Se tivesse eu tinha conseguido ver.— O garoto respondeu com tanta sabedoria que eu não aguentei e cai na gargalhada assim como todos os outros.

Qualquer membro sanguíneo dessa família já nasce um tanto quanto mais avançado que a maioria, mas nós tentamos preservar a inocência das nossas crianças o máximo possível, eles já são tão letrados por si só que não tem necessidade de apressar as coisas. 

— Filho, lembra que quando a mama estava grávida eu te expliquei que não tem como ver o neném sem ser com aquele aparelho do medico?— Marco, que tem se provado um pai excelente em todos os aspectos tentou explicar para o filho.

— Verdade, desculpe titia, mas quando ele vai sair daí para bincar comigo?

— Logo piccolo, falta só uns três meses para ele estar aqui fora.— Dom respondeu completamente encantado.

Todo tempo livre que ele tem agora é dedicado a ler livros e mais livros sobre paternidade, além de colocar em pratica ao exigir tomar conta da Stacy e do próprio Rael, ele disse que quer estar preparado para todas as fases do seu filho.

Se bem que eles dois ainda estão falhando em uma coisa, meu novo sobrinho ainda não tem um nome. Já soubemos por uma consulta que é um garoto forte e muito saudável, mas até o momento o pobrezinho segue sem nome, então não nos restam opções a não ser chamar ele de "neném".

— Querido, leva a tia Estrelinha para ajudar a sua mama com a Stacy.— Sugeri assim que o Henrique entrou na sala da casa do meu irmão, a minha casa temporária também.

— Claro tia, é bom que ela vai apendendo não é? Vai que ela deixa meu piminho cair? Dio Santo.— Rael segurou a mão da Stella e foi caminhando com ela escada acima acreditando piamente que está sobre ele toda a responsabilidade de manter o priminho em segurança.

— Alguma novidade?—  Marco perguntou quando a Stella e o Rael já tinham sumidos de nossas vistas.

Também voltei a minha atenção para o Henrique  por que eu também estou curiosa para saber a respeito já que eu com o meu rastreio não estou conseguindo nenhum tipo de avanço. É como se eu estivesse tentando pegar fumaça com as mãos, juro que quando eu encontrar aquele cretino eu vou bater tanto nele por ter me feito de idiota por tanto tempo. Vou deixar o privilegio de mata-lo para o meu irmão por mais que eu mesma estivesse desejosa por isso.

Henrique assentiu com a cabeça.

— Descobri que ele está se escondendo em alguns lugares diferentes por um curto período de tempo, sempre estando um passo a frente. Tomei a liberdade de enviar mensageiros para máfias amigas para que todos fiquei com suas tropas aguardando caso o infeliz vá para esses territórios. Vou investigar uma informação que recebi senhor, e se estiver de acordo e essa informação for verídica então nós vamos ter que fazer uma viagem para a Argentina.— Henrique concluiu o seu relato com a postura digna de um militar do começo ao fim, mas eu que convivi por um tempo profundamente com ele sei que está beirando a exaustão.

Ele não deve ter uma noite descente a dias, meses até. Os olhos estão profundos e um pouco escuros ao redor, os ombros parecem um pouco mais prostrados do que deveriam, como se pedissem desesperadamente por descanso. Ele precisa desacelerar ou não vai aguentar muito.

— Quem poderia ir nessa viagem com você?— Marco perguntou após um curto período de tempo ponderando sobre o assunto.

— Beatrice senhor, afinal estamos trabalhando juntos nisso a anos.— Quando ele disse o meu nome eu precisei me controlar para não arregalar os olhos, afinal não era mesmo nenhum absurdo eu ser a pessoa a ir nessa missão junto com ele. Estamos trabalhando nisso por tempo demais para eu simplesmente querer ser substituída a essa altura do campeonato.

— Certo, mas averigue a situação antes, quero um relatório detalhado de todas as máfias que já abrigaram o Nicco em suas terras nesse período, e quando eu digo relatório eu me refiro a coisas com as quais eu possa ameaçar cada um deles. Não quero correr mais riscos e isso vai fazer o cerco se fechar ao redor daquele desgraçado até não sobrar espaço para respirar. Você tem até amanhã de manhã para me entregar isso Henrique, não se atrase. E nesse meio tempo verifique se é mesmo necessária essa viagem para a Argentina, não tenho laços de parceria com o chefe da máfia de lá mas talvez seja o momento de criar.— Marco retrucou e nesse instante a sua filha começou a chorar a plenos pulmões, claro que ele prestativo como sempre saiu do personagem "chefe duro para um caramba" para o "pai super solicito" indo verificar se precisam de ajuda com sua princesinha.

Achei muito exigente o Marco querer um relatório dessa magnitude para amanhã, é um prazo muito curto para um trabalho tão minucioso.

Acho que essa é mais uma noite que o Henrique não vai conseguir dormir.

— Com licença, melhor começar esse relatório.— Ele disse com o sorriso fraco antes de fazer uma anuência com a cabeça e sair andando porta a fora.

— Ele vai acabar morrendo.— Dom, que agora é o único outro membro nesta sala além de mim, disse com as sobrancelhas arqueadas.

— Por que está dizendo isso?— Questionei tentando parecer casual mesmo estando morta de aflição por dentro.

Será que ele percebeu algum pedido extremo onde eu não percebi?

E por que eu ainda quero cuidar daquele idiota?

— Ora Bea, ele está um caco absoluto, melhor conseguir um tempo para descansar ou só vai sobrar a capa do batman.— Meu primo disse dando de ombros despreocupadamente.

Pensei rapidamente sobre isso e decidi que ele tem razão.

"Não se preocupe com o relatório, eu faço para você, levo na sua casa mais tarde. Tente descansar enquanto isso."

Chequei o celular depois de ter enviado a mensagem tentando ver se eu pareci preocupada demais em minhas palavras e cheguei a conclusão de que não, eu só fui uma colega de trabalho tentando ajudar.

Apenas isso.

Maldita Perdição - Livro 3 da Série: Família Fontenelle Where stories live. Discover now