Anely - Capítulo III

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Abri os olhos e temporariamente não soube onde estava, vi Dália na cadeira ao meu lado mexendo no celular, franzi o cenho com a luz entrando pela fresta da porta não conhecia a pessoa que entrou, mas reconheci que estava no hospital. Sentei. Dália se agitou na cadeira e pegou minha mão, vi que tinha um acesso e que eu recebia algum medicamento por ele.

- Meu amor, oi... que linda! – disse dando um sorriso largo pra mim

- Por que eu tô aqui? O que aconteceu?

- Você desmaiou quando o Alberto chegou gritando na delegacia.

- Mas não se preocupa, ele foi preso em flagrante por invasão a domicílio. Você fez o corpo de delito, ele vai ser investigado pela agressão. E você tem uma medida protetiva contra ele... e eu vou estar do seu lado em toda audiência e coisas de advogado, como sempre estive a vida toda. Eu prometo pra você.

- Eu sei... obrigada por tudo.

- Essa é a enfermeira que ficou cuidando de você... Camila, o nome dela. Camila ela já está de alta?

- O médico vem assinar jájá... ela tá, surpreendentemente, bem. Mas não descuida da comidinha leve, do repouso... – Camila precisava pegar na minha mão pra fazer um carinho enquanto falava isso? – vou querer notícia, viu!?

Não pude evitar um sorriso, e tenho certeza de que estava de bochecha vermelha agora.

- Eu vou querer dar notícias com certeza. – falei rindo novamente.

O médico entrou me deu alta e um atestado. E agora eu lembrava... muito provavelmente eu nem casa pra voltar tinha. Será que ele tinha ateado fogo na minha casa?

- Eu ainda tenho pra onde ir, Dália?

- Claro, você sempre vai ter. É só não virar minha inimiga! – Rimos juntas, e ela levantou dando um beijinho no topo da minha cabeça. – Vamos colocar uma roupinha limpa e bem estilosa que no caso é minha! E você vai ficar lá em casa.

Dália era minha amiga desde a universidade, ela tinha cabelo pretos, corte Chanel que hoje estavam lisos, alta, preta e magra, adora salto alto e livros de psicanálise. Nos conhecemos no curso de Letras e nunca mais ficamos longe uma da outra. As coisas da casa dela escolhemos juntas e o meus móveis foram desenhados por ela, o desenho é um hobbie dela, que eu queria firmemente que fosse o trabalho oficial, mas ela realmente gostava era da sala de aula.

Ela insistiu e entrou comigo no banheiro para me ajudar com a troca da roupa, desatou o nó do avental do hospital e foi me passando as roupas que eu devia vestir:

- Dália, tu me odeia, né! – falei olhando a calcinha fio vermelha que ela me entregara

- Ué, tá no hospital, mas não tá morta né! Eu vi que a enfermeira gatinha tava te paquerando.

- Me paquerando? O que é isso garota? Para de coisa!

- Minta pra quem não te conhece viu!?

- Faz muito tempo que eu não... ouvia uma ... investida? Posso dizer assim? – rimos – tão aberta de uma...

- Mulher, Ly. Uma mulher. Você tem que se lembrar de que não precisa esconder de mim.

Ofereci meu melhor sorriso pra ela e fomos até o carro. Dália dirigia e conversávamos sobre Camila, a enfermeira gata. Ela contava que a enfermeira tinha dito que eu era muito bonita dormindo, e que ela ficava indo até o quarto constantemente pra ver se eu precisava de algo mais. Uma conversa leve se desfez quando um carro da polícia passou por nós com as luzes piscando.

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