Anely - XIX - céu estrelado - parte II

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A arrogância dela era uma das muitas coisas que me irritava no mundo definitivamente. Mas antes que eu tivesse chance de revidar na mesma moeda. Uma mulher entra na sala falando

-... querida, se ela te demitir eu te contrato, relaxa, meu dinheiro pode pagar 50 vezes o seu salário - ela diz segurando uma prada pelo antebraço e com a cabeça virada falando com a recepcionista que está logo atrás dela - Lígia, diga a ela que nós duas temos assuntos inacabados para resolver, baby. - ela disse encarando Lígia com um olhar predatório. Revirei os olhos. Que ridícula. Lígia passa as mãos pelos cabelos e respira profundamente se endireitando em sua cadeira de modo a ficar com as pernas bem abertas e o braços posicionando em cada braço da cadeira, como se eu ela fosse dizer a qualquer minuto sente aqui ! Batendo na perna como uma cafetina do caralho.

- Tanika, pode deixar. - Lígia fala impaciente. A moça, agora nomeada sai cabisbaixa.

- Aí que chatinha ela, nunca aprende que eu não preciso de hora marcada, baby.

Asco me sobe a boca com a voz da mulher, ela é linda, elegante, alta como Lígia, seus cabelos são lisos e cinzas, e ela tem uma petulância flutuando em seu nariz, bem na ponta dele!

- Gostei do que fez no cabelo. - Lígia fala

- Ah, gostou? Que bom!!! - a mulher responde, passando para o lado da mesa onde Lígia está sentada e se posiciona contra a mesa, ela usa uma saia lápis com uma fenda no meio das pernas preta e uma blusa social de seda bege. O jeito como ela parece a vontade ali me incomoda.

- Mas claro que você sabia que eu ia perceber, não é?! - Lígia morde o lábio. Me desconcentro da mulher para focar apenas nessa vadia. Que cachorra! - o que te trouxe aqui? Você poderia ter mandado fotos.

- Ah, você sabe que fotos não são muito meu feitio. Eu quis vir fazer uma surpresa, e também aproveitar para pedir pra você ficar comigo essa semana trabalhando lá de casa no projeto. Estou... Precisando de auxílio arquitetônico.

Bem, se ainda restava alguma dúvida sobre elas terem algo, agora não me restava mais dúvidas.

- Eu não vou conseguir te atender, essa semana Samir. Estou resolvendo incêndios familiares.

- Baby... você sempre arruma um tempo. Dê um jeito! Quero a opinião de uma profissional... - ela diz colocando a bolsa sobre a mesa

Lígia está envolvida, enebriada por essa mulher. Raiva me queima por dentro.

- Ela já disse que não vai. - falo irritada

Samir permanece onde está e nem se vira para ver quem está falando, apenas dá uma risada afetada, e diz

- Querida, você sabe quem eu sou?

Lígia respira fundo, como se já soubesse onde iria dar aquela conversa.

- Já que é tão carente assim de atenção, querida, se apresente. - digo me apoiando na pilastra da varanda de braços, infantilmente cruzados

- Sou Samir Beviláqua. A dona de boa parte dessa cidade.

- Samir, não precisa disso - Lígia fala coçando a testa entre as sobrancelhas

- Claro que precisa, essa ... - ela se vira e me analisa de cima a baixo com desdém - Essa pessoa... Precisa se situar

- Quem precisa se situar é você, eu estava sendo atendida quando você invadiu o espaço, e agora tenta me oprimir por ter nascido herdeira? - digo erguendo a sobrancelha e devolvendo o desdém. - sabe... Definitivamente, me encontro de mau humor hoje... Sabe, Lígia já disse que essa semana ela não vai, ela já firmou um compromisso comigo essa semana, e não é um sobrenome que vai mudar.

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