ANELY - XVIII - CÉU ESTRELADO

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"Não há céu mais bonito que o olhado com amor."

Uma semana se passou desde minha chegada na casa de Lígia, Dália voltou ao trabalho e Betânia tem ficado comigo. Nossa rotina tem sido calma, não vi e nem soube notícias de Lígia durante essa semana o que tem me deixado aflita e preocupada, mas desisti de ligar na quarta-feira, depois de ter ligado algumas vezes na segunda e na terça.

Foi uma semana sem fortes emoções, um fato consideravelmente positivo, visto que, as últimas semanas foram um verdadeiro espetáculo de horror e turbulência. Betânia me obrigava a fazer alongamentos pela manhã e depois preparávamos o almoço juntas, a cozinha de Lígia era um paraíso para mim que adoro cozinhar, uma bancada extensa e de formato industrial que parecia ter saído de uma revista - começo a me perguntar o que Lígia está fazendo trabalhando naquela escola, se ela tem essa casa enorme e esses carros -, Dália estava vindo almoçar conosco todos os dias e depois Betânia levava ela na escola e me levava para a fisioterapia, apenas para que eu me recuperasse bem, não que eu realmente estive precisando, a noite nós nos permitíamos o silêncio e ficávamos no telefone, aliás falando nisso eu precisei trocar o meu. O antigo agora está com minha advogada.

Hoje é domingo, resolvi levantar mais cedo e ir até a construção da minha casa, e me parece uma boa ocasião para usar um vestido que comprei com as meninas, ele é branco com folhas de cajueiro pintadas a mão, as alças são tão finas que o fazem de longe parecer um tomara que caia, ele fica bem justo na cintura e me encarando no espelho gosto do que vejo, as marcas estão sumindo, logo o medo sumirá junto! Decido!

Peguei as chaves de Dália e sai em seu carro, era bom dirigir depois de tanto tempo, não leva muito tempo e consigo chegar em minha casa. Desço do carro e vejo que os rapazes da construtora ainda estão trabalhando, respiro fundo, isso é uma exploração da mão de obra trabalhadora.

- Bom dia - digo me aproximando da entrada, onde um rapaz está em cima do andaime fazendo a pimtura da fachada, ele se vira e me responde com um bom dia caloroso - Hoje é domingo, dia de descansar, porque não vão pra casa e deixam o serviço para amanhã?

- O prazo é até hoje, temos até às nove da noite para entregar a casa, nossa chefe não quer que a senhora fique mais dias sem a casa.

- Mas não vejo problema, mesmo que leve mais tempo, vocês precisam de pausa.

- Não se preocupe, estamos concluindo, o engenheiro elétrico chega em algumas horas para fazer o teste final do sistema de segurança e pra finalizar iremos pintar a parede da sua área de lazer.

- Área de lazer? - perguntei franzindo o cenho

- Sim, a chefe fez um projeto que permite que garagem seja também uma área de lazer.

Meu Deus!!! Penso, metade feliz metade e desespero... Isso ainda vai sobrar para meu bolso.

Observo a inscrição nas fardas deles e vejo que se trata de uma empresa de arquitetura e construção chamada Tashiro Ito. Giro nos calcanhares, essa chefe deles deve ser uma puta de uma pé no saco, ela não pode ser carrasca desse jeito e obrigar as pessoas a trabalharem no dia em que deveriam descansar.
No carro pego meu celular e procuro o endereço, é longe da minha casa, mas isso não vai me impedir de ir até lá e pedir que ela respeite as normas trabalhistas.

~*~*~

Precisei recusar algumas ligações das meninas durante o caminho, mas assim que cheguei na frente da empresa mandei uma mensagem avisando que eu estava bem. Afinal, não queria preocupá-las.

A empresa tinha fachada discreta com aspecto tradicional, não fosse pelo pequeno letreiro em dourado eu facilmente iria acreditar que tratava-se de uma mansão e não uma empresa.

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