Anely - XX - Um salto branco e preto

60 5 0
                                    

O alarme tocando no meu despertador e me obrigando a acordar me faz questionar se o dia anterior foi um delírio, uma espécie de sonho; não foi.

Sei disso pela maneira como vejo minha cama, as roupas dele não estão mais aqui, mas sim as dela. Sua blusa social e calça risca de giz... Me pergunto, se ela voltou para casa de top e toalha, mas lembro que lhe dei um shortinho de pijama e ela usava ele... Acho que ela colocou as roupas aqui de forma estratégica... Não sei, talvez queira me dizer que esteve realmente aqui, ou ter uma desculpa para voltar. De toda forma era bom que as roupas sob minha cama fossem dela e não dele.

~*~

SEGUNDA-FEIRA - 14 de março

Um topor invade meu corpo, quando piso no chão descalça... Sinto a dor do dia em que Alberto me bateu. O espelho grande na porta do meu guarda-roupas me permite encarar a cicatriz esdrúxula que ele colocou em meu rosto, os pontos foram tirados; a marca permanece.

Está chovendo, eu levanto e sei que lá fora estão dois dos seguranças da polícia, sei que não o são. Mas ainda não pude fazer a Lígia todas as perguntas que tenho a fazer. Agora tenho um monitor dentro do meu guarda-roupas que me permite ver todas as câmeras da casa.

Na cozinha estão Betânia e Dália, é claro que Lígia não me deixaria sozinha.

E que bom, porque hoje acordei sentindo medo. Medo que ele volte, medo que me encontre, medo que ele me... Mate. É absurdo pensar na forma como não estamos seguras. Respiro fundo ajusto minha blusa de pijama que estava torta em meu peito e prendo o cabelo em um coque alto, a toalha está jogada em uma cadeira da sala, preciso fazer uma faxina... Sigo para a cozinha para encontrar minhas amigas.

- Bom dia, raio de sol! - Betânia grita

Dália faz uma careta enquanto continua a cortar os pães em um prato branco. Betânia me abraça e logo depois Dália.

- Como você está? - Betânia pergunta colocando o café nas xícaras. Dália me olha com atenção, ela não é muito matinal, odeia conversar pela manhã, fosse por ela estaríamos em absoluto silêncio.

- Eu estou bem, desculpem por ontem.

- Ah, não tem problema. A Lígia compartilhou sua localização com a gente. - Betânia dispara

Dália fecha os olhos e respira fundo. Larga a faca sobre a mesa e encara Betânia com os olhos fumegantes.

- Olha Beti, sinceramente...

Ela por sua vez percebendo que não devia ter falado cola os lábios como um ops. Eu faço que não com a cabeça, ridículas ! Quer dizer que agora são novas melhores amigas? Meu rosto se converte em uma carranca e giro nos calcanhares, indo para o banheiro.

Quando me visto e saio do quarto as meninas se olham com confusão. Talvez pelo fato de eu estar usando uma saia lápis preta que usava mais quando era estagiária, e uma blusa social de mangas longas bege junto do meu scarpin preto.

 Talvez pelo fato de eu estar usando uma saia lápis preta que usava mais quando era estagiária, e uma blusa social de mangas longas bege junto do meu scarpin preto

¡Ay! Esta imagen no sigue nuestras pautas de contenido. Para continuar la publicación, intente quitarla o subir otra.
|• Contos Sáficos •| Medo, dúvida e desejoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora