[11] O café.

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Ilha de Paradis, ano 848

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Ilha de Paradis, ano 848.

Stella estava sentada em sua cama, encarando o seu próprio reflexo no espelho enquanto vestia sua camisola branca de cetim, penteando os cabelos que batiam em sua cintura de cima para baixo, percebendo o quão abatida estava. Olheiras roxas rodeavam seus olhos verdes-azulados, trazendo um aspecto de cansaço em sua face, que antes fora mais delicada, até onde se lembrava. Ainda sonhava com Margareth Elke, a sua avó postiça que coincidentemente dormiu sob o mesmo teto do castelo que agora ela vivia.
Ela a via morrer, repetidas vezes, de maneira quase que incansável, ao se jogar de um precipício em uma queda direta para um rio de água revoltosa, tão fria que a congelaria em apenas alguns minutos emergida.

Suspirou fundo ao ouvir a porta de seu quarto ser aberta, visualizando seu irmão já vestido por uma farda da tropa de exploração, o que a fez pensar o quanto caia bem no mesmo.

- Pensei que ainda estivesse dormindo. - Falou Joseph, sentando-se na cama ao seu lado e apoiando sua cabeça na da irmã, agora que era mais alto que a mesma. Ele sorriu levemente ao ver os dois no espelho, enquanto Stella retribuiu. - Você está cada vez mais parecida com ela.

Se referia à sua mãe, que também possuía uma baixa estatura e longos cabelos vermelhos que chegavam à ser mais intensos que os de Stella.

- Eu sei. - Respondeu, colocando a escova sob a perna e parando alguns minutos para apreciar o momento - Eu os deixei crescer porque queria me lembrar dela. As vezes, sinto estar a vendo no espelho ao invés de eu mesma. Como agora.

- Sinto saudades dela. - Comentou Joseph, pegando uma mecha do cabelo da irmã e a enrolando em seu dedo indicador, como fazia quando criança com sua mãe. - Ela era tão bonita. Tanto quanto você.

- Ainda é. - Stella afirmou, se levantando e buscando uma muda de seu uniforme no guarda roupa. - Ela ainda está viva, eu sinto. Assim como Emmit e Scarlet.

- Eu não tenho certeza, mas... se você estiver certa, os dois devem estar virando Marley do avesso. - Brincou, tentando dispersar o clima tenso - Eram terríveis.

- Os dois são os únicos capazes de erguer o inferno na terra. Marley deve estar um caos agora. - Stella gargalhou fraco com a lembrança dos gêmeos correndo pela casa e derrubando os porta retratos de sua mãe. Eram apenas dois bebês, mas faziam bagunça como ninguém. - Espero que Marley receba o que merece, algum dia.

- Ela irá. Eu acredito. - Confirmou Joseph, imaginando-se concluir o rugido da terra, internamente.

Stella encarou a fenda da camisola em suas costas, vendo por cima dos ombros as cicatrizes das torturas que foi submetida em Marley antes que fosse jogada naquela cela escura por um ano e meio. Seu olhar estava triste, vendo as feridas grossas marcadas em sua pele para sempre. Ela as odiava tanto. Principalmente o que a remetia sempre que as olhava. Simbolizava que ela havia fracassado, e agora, pessoas que amava estavam mortas por sua culpa.

PURE BLOOD | Levi Ackerman Where stories live. Discover now