Ilha de Paradis, ano 849.
O vento sibilava entre as frestas do antigo celeiro, levando consigo um ar gélido que penetrava até os ossos dos novos cadetes, alinhados diante de Stella Margareth Thompson, a instrutora implacável. Sua figura imponente contrastava com a decrépita estrutura ao fundo, que parecia se curvar sob o peso das décadas.
- Vocês são lentos como lesmas! Se não conseguem acompanhar, podem dar meia volta e chorar para a mamãe! - A voz de Stella era cortante, ecoando pelas paredes de madeira carcomida.
Um dos cadetes, Marlo Freudenberg, tentava manter o ritmo, mas seus passos vacilantes denunciavam sua inexperiência. Stella se aproximou dele, seus olhos frios como aço fitando-o com desdém.
- Você, rapaz! - Berrou para o jovem com cabelos negros cortados rente aos olhos, que engoliu em seco antes de parar. Apenas a presença da veterana recém admitida como instrutora do 105° esquadrão de recrutas já o assustava, por essa razão, evitava ao máximo qualquer contato com a mesma e esforçava-se para seguir suas ordens de maneira impecável.
Mas nem sempre foi assim, afinal, recordava-se de uma Stella Thompson com uma personalidade mais amável na recepção de calouros do ano passado. A fama da jovem de cabelos carmesim já não era a melhor, considerando o medo que a população ainda havia de shifters - portadores de titãs. Em especial, do primordial, com seu imenso potencial de destruição.
Mas agora..
Marlo não compreendia o que havia acontecido, como um homem justo que desejava subir na organização de maneira honrada após desistir de sua carreira na policia militar, tentava não apegar-se aos boatos. No entanto, ao conviver com uma mulher que julgava excepcionalmente arrogante, era impossível.
- Freudenberg. Se você não consegue concluir um circuito básico como esse, será um peso morto para todos nós. Ouviu bem?! - Disparou sem escrúpulos, em alto e bom tom, como forma de humilhação para que toda a turma ouvisse. - Não irei carregar os restos de seu corpo se um titã atacá-lo na operação de retomada da Muralha Maria. Portanto, se não quiser ficar para trás, se esforce!
Reprimiu sua vontade de chorar como uma criança, mantendo seu orgulho inabalável ao limitar-se a acenar formalmente com a cabeça para sua veterana, em sinal que havia entendido.
Stella Margareth Thompson tornara-se uma verdadeira vadia.
A mulher moveu-se até o velho paredão de madeira para reencostar-se, desejando que seu período acabasse logo para que pudesse voltar a descansar em seu quarto, incomodada com as evidentes olheiras em seu rosto anteriormente diabolicamente angelical entrando para dentro dos globos verdes-azulados em seu rosto. Não lembrava da última vez em que esteve em um estado tão hediondo quanto aquele com sua aparência.
Finalmente conseguia entendê-lo. Aquele trabalho estava a matando, mas não mais que a falta de sua companhia.
Um ano.
Um ano foi o bastante para fazê-los se afastar completamente. Stella cansou-se de esperá-lo todas as madrugadas.
Desta vez, contentava-se ao encontrá-lo nos campos de treinamento, apenas para que se certificasse de que estava "tudo bem" e que sua ligação com o mesmo não havia sido rompida. A sensação sempre fora a mesma, desde o primeiro contato.
Ainda era seu Ackerman.
Levi Ackerman não desejava genuinamente afastar-se de Stella; suas vidas simplesmente tomaram rumos diferentes. Para ele, a operação de retomada de Shinganshina se tornou o foco principal. No entanto, uma das razões para o distanciamento foi os ideais de Stella, que queria declarar guerra à Marley, semelhante a Erwin Smith. Foi um choque para Levi descobrir que ambos estavam trabalhando juntos para isso, enquanto ele estava do lado oposto, acreditando que mais derramamento de sangue não traria a liberdade desejada pela nação Eldiana.
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PURE BLOOD | Levi Ackerman
Fanfiction⇢ Stella Margareth Thompson, uma criminosa de alta periculosidade do norte do Imperio Marley recebe uma oferta irrecusável. Todos os seus crimes seriam perdoados, contanto que ela cumprisse uma simples tarefa, assassinar o famoso comandante Erwin Sm...