Uma Tempestade de Sensações

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"O luto é o processo de readaptação da realidade sem a pessoa que se foi e é importante que o indivíduo vivencie essa experiência para aceitar a perda."

Era uma terça-feira nublada

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Era uma terça-feira nublada. Todos uniformizados, assim como em um dia letivo, porém, as vestimentas eram negras e compartilhávamos o luto. Os inconsoláveis pais de Antônio debruçados sobre um caixão branco ao centro, amigos e familiares ao redor lamentando por um mesmo motivo. Uma jovem vida repleta de sonhos havia sido interrompida por um motivo tão banal.

Não era o que se passava na mente de Ezequiel, que por muito tempo não o via coberto por seu típico vestuário áureo. Eu podia notar que não era o mesmo Kiel otimista que eu conhecia desde antes do fundamental que estava ali, mas uma pessoa ainda estranhamente misteriosa. Não havíamos posto um desfecho para aquela conversa de domingo, embora tivéssemos conversado por chamada, não havíamos tocado no assunto que ele gostaria de me explicar melhor.

À pedido de Ramona e Marco, pais de Antônio, Hannah havia trago uma mensagem. Estranhei o fato do violonista de hoje não ser Kim, afinal de contas, pareciam tão próximos na semana passada. Não podia ser diferente, a mensagem de Hannah era confortante e apropriada para a situação. Ao final da meditação, foi ecoado pelos lábios de todos uma composição conveniente e a harmonia perfeitamente modificada, sendo guiada pela voz suave da mediadora. O refrão "Só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você, só enquanto eu respirar" da música 'O anjo mais Velho' soou pelas cordas vocais de todos.

Foi nesse momento que notei uma pequena presença acanhada em meu ombro direito, era uma simpática joaninha, sobre a minha jaqueta. O inseto parecia confortável ali, tentei me mover o menos possível para não expulsa-la. Houve o sepultamento, as pessoas começaram a se despedir e eu não havia trocado nenhuma palavra com Kiel. Considerei ser o momento certo para uma possível comunicação.


- Eu gostaria de tê-lo conhecido melhor. Pela quantidade de pessoas aqui, presumo que ele era uma pessoa bem especial. - ponderei esperando o retorno de um contato visual.

- Tonny era solícito, era amigo e fazia a melhor guacamole deste planeta, o que o torna o melhor latino que existiu.

- Solícito, olha só que palavra chique, você está crescido mesmo, meu girassol. - Finalmente arranquei o quase esboço de um sorriso. - Eu te amo, Kiel. Sei que não é o melhor momento pra querer te ver com alto astral, mas estou preocupado com você.

- Vamos ao parque. Pode ser? - Finalmente demonstrando interesse em conversar.

- Sim senhor, senhor.

- Aaaaaah, meu anjo, eu sinto muito por você estar passando por isso - como sempre necessária e nada extravagante, chegou Samanta para deixar aquele momento mais apropriado. Sim, é uma ironia.

Eu não estava preparado para aquela crise de exageros desnecessários e pelo que percebi, nem o próprio Don Juan estava a vontade com a situação.

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