Esta ficção retrata um paralelo com o cotidiano onde a pressão diária nos acarreta a olvidar de nossas próprias capacidades. Não se pode fugir da sua Natureza, aceite quem você é e lute pelos seus objetivos.
Murilo Sadi é um Adolescente de dezesset...
"A arrogância que nos leva a acreditar que somos superiores aos outros, tem origem no medo de sermos inferiores." Mark W. Baker
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Aquele comentário infeliz repercutiu como um projétil lançado no meio da roda. Todos nós ficamos abismados e sem reação por alguns instantes. Após digerir e engolir a seco, observei Kim, seus olhos borbulhavam de raiva, passei uma mão por debaixo da mesa, que de prontidão entrelaçou os dedos comigo, apertou forte como esperado, um nítido sinal de estar se controlando. Ligeiramente observei Eric que com o semblante fechado, estava pensativo, provavelmente planejando o que dizer. Não havia convivido muito com ele, então se torna difícil a missão de interpretar as reações. A única pessoa que conseguiu encontrar uma fala necessária naquele instante foi a minha mãe, que calmamente questionou:
- Você sabia que existe tratamento para quem é desprovido de capacidade intelectual? Talvez se faça necessário, já que você se encontra em uma situação crítica por se incomodar tanto ao se deparar com duas pessoas felizes.
- Depois perguntam de onde vem o meu deboche - pensei. O rapaz levou certo tempo para processar aquela informação passiva agressiva com um leve toque de elegância. Provavelmente ele estivesse aguardando uma reação descontrolada como a dele para que arrumássemos confusão e fossemos expulsos no primeiro dia. Fiquei feliz porque quase todos ali éramos controlados em situações como aquela, exceto por uma pessoa.
- O quê você falou do meu amigo, seu desgraçado? - Kiel, eu te amo, mas às vezes dá vontade de te matar. Kiel se revoltou, levantou e pra finalizar apontou o dedo em direção ao rapaz. O barraco estava armado, consegui imaginar onde aquilo ia parar.
- Ih, olha só, o negão também deve brincar com eles. Vocês me dão nojo! - começou a caminhar na direção de Kiel.
- Já chega! - Ordenou Dan se levantando, bloqueando a passagem do jovem - Mas que merda de atitude é essa Gb? - Realmente ele possuía um lado militar presente, sua voz era firme e quando chamou a atenção dele. Tornou-se impossível não fixar os olhos aguardando suas próximas palavras. - Se você julga ser melhor do que alguém porque nasceu com um padrão mais aceito pela sociedade, você não merece a sua conexão. Ser hétero não foi escolha sua. Ninguém preenche uma ficha classificando alternativas pelas quais prefere nascer. Você não opta pelo tipo de cabelo, não escolhe o tom da pele, muito menos a sua orientação sexual. Você apenas nasce assim como qualquer outra pessoa nesse mundo. O seu papel então é seguir a sua vida, respeitando os outros e não pagando de imbecil tentando diminuir alguém. Até porque eles não são menores ou menos importantes. São pessoas normais e a sua atitude é que te faz estar em um nível abaixo. - se voltou para nossa direção e complementou. - Sobre eles estarem aqui, são todos muito bem vindos e tenho certeza que vão ser de grande ajuda, caso você não nos ache dignos de viver em sua companhia, ninguém está te prendendo aqui.
- Meu pai ajudou a construir esse lugar! Você também não pode dar ordens de quem eu quero ou não respeitar, porque eu estou a mais tempo do que você aqui. – Gb aparentava desorientado e provavelmente explodiu por uma questão de múltiplos motivos.
