Esta ficção retrata um paralelo com o cotidiano onde a pressão diária nos acarreta a olvidar de nossas próprias capacidades. Não se pode fugir da sua Natureza, aceite quem você é e lute pelos seus objetivos.
Murilo Sadi é um Adolescente de dezesset...
"A discriminação consiste numa ação ou omissão que dispense um tratamento diferenciado (inferiorizado) a uma pessoa ou grupo de pessoas, em razão da sua pertença a uma determinada raça, cor, sexo, nacionalidade, origem étnica, orientação sexual, identidade de gênero, ou outro fator." (APAV)
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Me encontrava no chão, detido, não era a primeira vez que me ocorria, porém diferente das outras vezes onde fui abordado por alguma autoridade, dessa vez havia um motivo plausível para tal punição.
Eu não entendi a necessidade de algemas, afinal, não estava relutando nem resistindo. Acredito que por eu estar correndo, se foi entendida uma possível tentativa de fuga ou resistência. Se bem que ainda existe a possibilidade de abuso de autoridade que também não seria a primeira vez.
Toda a escola presenciava aquela humilhação e para a minha infelicidade, quando nos mudamos para cá, precisei retroceder um ano letivo, então enquanto os demais alunos da turma ainda completavam dezesseis ou dezessete anos, eu havia obtido minha maioridade em dezembro do ano passado.
Fui direcionado até a porta traseira da viatura, aguardaram a diretora Carmem que embora tenha se empenhado com fortes argumentos, não pode me defender ou impedir que me levassem, pois as câmeras do hospital captaram imagens minhas e como a cereja do bolo, eu havia ido a recepção perguntar exatamente sobre os pacientes desaparecidos.
Chegamos à delegacia, tiraram minhas algemas, recolheram meus pertences e me puseram em uma cela de espera, sozinho. O ambiente era escuro e exalava desasseio, eu não conseguia me adaptar a idéia de passar mais tempo ali. Me deram direito a um telefonema, não poderia ligar para a minha mãe, primeiramente porque ela nunca atende números desconhecidos, mas ela não entenderia como me ajudar. Liguei então para Rebecca.
- Alô? - atendeu.
- Oi Becca, é o Kiel, me desculpa, mas eu não sabia pra quem ligar.
- Oi Kiel, não esquenta, eu disse que você podia contar comigo. Eu estou voltando para casa, estou juntando argumentos pra convencer meu pai em bancar um bom advogado pra você.
- Você não existe. Muito obrigado.
- Não se preocupa, tenta ficar o menos nervoso possível, porque se ele não acatar meu pedido, eu posso alegar que eu estava com você e que a idéia de que quebrar o vidro foi minha e me entregar pra polícia também, ainda não sei, mas eu vou dar um jeito de te tirar daí, está bem?
- Preciso desligar agora, se foi meu tempo.
- Até logo, Kiel.
Eu sabia que ela era uma menina incrível, mas não imaginava que um dia se tornaria tão próxima. Mas também, eu não imaginaria que em duas semanas, meu melhor amigo iria morrer, meu outro amigo que também morreu escreveria um bilhete de possível motim, eu estaria preso e agora as duas pessoas que eu tinha como referências estavam foragidas por fazer parte da nova linhagem da geração de um clã assassino. Pra quê tanta adrenalina?
